sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Review: ⚡ Ouzo Bazooka - 'Dalya' (2021) ⚡

★★★★

Da cidade costeira de Tel Aviv chega-nos o novíssimo álbum do apaixonante quinteto israelita Ouzo Bazooka, intitulado de ‘Dalya’ e lançado hoje mesmo pela mão do selo discográfico britânico Stolen Body Records sob a forma física de CD e vinil (este último tripartido em coloridas e limitadas edições). À imagem do que acontece com os seus registos precedentes, ‘Dalya’ convida o ouvinte a embarcar numa catártica digressão à boleia de um tapete mágico pelos amarelecidos céus da velha Pérsia. Tricotado e capitaneado por um enfeitiçante, exótico, afrodisíaco e dançante Psychedelic Rock de paisagens Western, cores vibrantes e doces aromas orientais, este quinto trabalho de longa duração celebrado pelos druidas Ouzo Bazooka tem o dom de nos deleitar e embalar numa vertiginosa, caleidoscópica, utópica e espirituosa alucinação. Embrenhados numa intensa fascinação que nos prende com a mesma força gravitacional com que a ondeante flauta indiana exerce sobre a serpente Naja, somos redemoinhados numa sagrada dança de pés empoeirados pelas bronzeadas areias do deserto, braços hasteados na direcção do Sol reluzente e espírito eclipsado por um intenso transe religioso. A sua sonoridade imensamente transformadora, ritualista e emancipadora é rubricada a erótica simbiose por duas vozes messiânicas de tonalidade luminosa que se entrelaçam e desenlaçam, uma guitarra sultana de sinuosos, pomposos e enfeitiçantes Riffs de onde ziguezagueiam encaracolados, borbulhantes e extravagantes solos, um baixo bafejante de linhas pulsantes, elásticas e magnetizantes, um melódico sintetizador que nebuliza toda a atmosfera de um obscurantismo quimérico e estelar, uma estimulante bateria de batida galopante, expressiva e hipnotizante, e ainda uma percussão acrobática de essência tribal e calor tropical. ‘Dalya’ é um álbum verdadeiramente sedutor, refrescante e purificador que, de forma pronta e sem inibições, nos converte em seus devotos peregrinos. Um grande bazaar sonoro de vibrante, prismática, mística e deslumbrante coloração, saturada a étnico psicadelismo, onde nos perdemos, arrebatamos e naufragamos. Um genuíno oásis sensorial onde todos os nossos sentidos se afagam e reconfortam. Inalem os terapêuticos vapores deste turíbulo dançarino e experienciem um dos registos mais excitantes do ano. Não vai ser nada fácil – ou sequer desejado – convencer o génio a regressar ao interior da lâmpada mágica.

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