Da cidade costeira
de Tel Aviv chega-nos o novíssimo álbum do apaixonante quinteto
israelita Ouzo Bazooka, intitulado de ‘Dalya’ e lançado
hoje mesmo pela mão do selo discográfico britânico Stolen Body Records sob
a forma física de CD e vinil (este último tripartido em coloridas e limitadas edições).
À imagem do que acontece com os seus registos precedentes, ‘Dalya’
convida o ouvinte a embarcar numa catártica digressão à boleia de um tapete
mágico pelos amarelecidos céus da velha Pérsia. Tricotado e capitaneado por um enfeitiçante,
exótico, afrodisíaco e dançante Psychedelic Rock de paisagens Western,
cores vibrantes e doces aromas orientais, este quinto trabalho de longa duração
celebrado pelos druidas Ouzo Bazooka tem o dom de nos deleitar e embalar
numa vertiginosa, caleidoscópica, utópica e espirituosa alucinação. Embrenhados numa
intensa fascinação que nos prende com a mesma força gravitacional com que a ondeante
flauta indiana exerce sobre a serpente Naja, somos redemoinhados numa
sagrada dança de pés empoeirados pelas bronzeadas areias do deserto, braços
hasteados na direcção do Sol reluzente e espírito eclipsado por um intenso
transe religioso. A sua sonoridade imensamente transformadora, ritualista e
emancipadora é rubricada a erótica simbiose por duas vozes messiânicas de
tonalidade luminosa que se entrelaçam e desenlaçam, uma guitarra sultana de sinuosos,
pomposos e enfeitiçantes Riffs de onde ziguezagueiam encaracolados,
borbulhantes e extravagantes solos, um baixo bafejante de linhas pulsantes, elásticas
e magnetizantes, um melódico sintetizador que nebuliza toda a atmosfera de um
obscurantismo quimérico e estelar, uma estimulante bateria de batida galopante,
expressiva e hipnotizante, e ainda uma percussão acrobática de essência
tribal e calor tropical. ‘Dalya’ é um álbum verdadeiramente sedutor, refrescante e purificador que, de
forma pronta e sem inibições, nos converte em seus devotos peregrinos. Um grande bazaar
sonoro de vibrante, prismática, mística e deslumbrante coloração, saturada a étnico
psicadelismo, onde nos perdemos, arrebatamos e naufragamos. Um genuíno oásis
sensorial onde todos os nossos sentidos se afagam e reconfortam. Inalem os terapêuticos
vapores deste turíbulo dançarino e experienciem um dos registos mais excitantes
do ano. Não vai ser nada fácil – ou sequer desejado – convencer o génio a regressar
ao interior da lâmpada mágica.
Links:
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➥ Bandcamp
➥ Stolen Body Records
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