Da cidade
costeira de Savannah (situada no estado americano da Geórgia)
chega-nos ‘Lunacy’, o novíssimo álbum do irreverente quarteto Space
Coke, recentemente lançado pela mão da Forbidden Place Records através
do formato digital (com a possibilidade de download gratuito) e de uma ultra-limitada edição em CD-R (que conta com apenas 100
exemplares disponíveis). Enegrecido, chamejado e esconjurado por um trovejante,
nebuloso, trevoso e intoxicante Psychedelic Doom de carregadas feições em
perfeita simbiose com um demoníaco, enigmático, sorumbático e imperioso Proto-Metal
de pagã liturgia Black Sabbath’ica, este ritualístico ‘Lunacy’
prende, remexe e enlouquece o ouvinte numa febril psicose. A sua sonoridade vampírica,
fogosa, umbrosa e distópica – tingida a e fervida a efervescente negrura – agiganta-se
e centrifuga-se num mastodôntico tsunami que nos varre a lucidez e em
nós instaura toda uma intensa e furiosa embriaguez. Naufragados na intimidade de uma
inescapável narcose, somos manchados, sacudidos e enlutados pelas luciféricas ressonâncias
emanadas por uma guitarra profana de rosnantes, rugosos, majestosos e intoxicantes
Riffs – consumidos pelo crepitante efeito Fuzz, e que se
replicam o suficiente para nos absorver numa enfeitiçante hipnose – e borbulhantes,
fantasmagóricos, claustrofóbicos e alucinante solos que se remoinham numa louca
dança, um monolítico baixo de linhas densas, espadaúdas, musculadas e tensas, uma
pujante bateria pregueada a altiva, incisiva e galopante ritmicidade, um dramático
órgão de mugidos intrigantes, enfáticos, magnéticos e arrepiantes, e ainda uma
voz robotizada, perversa, tumular e acidentada que vem à tona desta imersiva
cerimónia de adoração ocultista para nos narrar envolventes contos de uma sociedade
doentia, arbitrária e disfuncional. Este é um álbum verdadeiramente virulento, diabólico
e obsceno. Um registo oxigenado a devassidão que nos contamina e amotina do
primeiro ao derradeiro tema. Emporcalhem-se e tumultuem-se na lodosa, corrosiva
e acintosa negrura de Space Coke, e vivenciem com plena entrega toda a
vertiginosa propulsão e vistosa conflagração ao longo destes incansáveis, impudicos
e indomáveis 40 minutos de duração. Não vai ser nada fácil recuperar disto.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ Forbidden Place Records
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