sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Review: ⚡ Obsidian Sea - 'Pathos' (2022) ⚡

★★★★

De Sófia (cidade-capital da Bulgária) chega-nos o novíssimo álbum ‘Pathos’ da autoria do druídico power-trio Obsidian Sea, oficialmente lançado hoje mesmo através dos formatos de vinil, CD e digital com o carimbo editorial da prolífera discográfica californiana Ripple Music. Escudado num ritualista, enfeitiçante, intrigante e obscurantista Proto-Doom de inspiração setentista e propensão ocultista, este quarto e apaixonante registo, forjado pelos três cavaleiros búlgaros de vestes ensanguentadas, olhares hostis e lanças empunhadas, pendula entre pesadas, fogosas, imperiosas e agitadas galopadas desdobradas à boa e velha moda da New Wave of British Heavy Metal (N.W.O.B.H.M.), e entorpecidas, brumosas, ociosas e alucinadas passagens de um melancólico, reflexivo e bucólico psicadelismo com vista para as estrelas. Contando ainda com discretos laivos Progressivos, a sua mesmérica, melódica, ostensiva e vampírica sonoridade – que conjuga a demoníaca negrura de uns Black Sabbath e a enigmática diabrura de uns Witchcraft – envolve, atemoriza e revolve o ouvinte em trevosos contos de beleza fabular que – do primeiro ao derradeiro tema – o manterão de corpo paralisado, semblante esbranquiçado, pupilas dilatadas e fascinação estimulada. Submersos nesta profunda e inquebrável hipnose que nos petrifica num ofuscante estádio de sonambulismo, somos farolizados pelas danças diabrinas de uma guitarra pagã que se agiganta em arrogantes, jupiterianos, draconianos e protuberantes Riffs – afogueados em rosnante e crepitante distorção – e se dispersa na condução de solos venenosos, esvoaçantes, exuberantes e tortuosos, pela bafejante reverberação de um baixo sombrio, bombeado a linhas corpulentas, pulsantes, ondeantes e densas, pela trovejante ritmicidade de uma bateria incisiva, vergastada a enérgica ardência, e ainda pela messiânica altivez de vocais imperiais, lúcidos, avinagrados e senhoriais que capitaneiam – de forma triunfante – toda esta impiedosa cavalaria pesada. São cerca de 41 minutos intensamente ensolarados por um negro encantamento que encarvoa todas as distópicas, bucólicas e amaldiçoadas paisagens de ‘Pathos’. Deixem-se envolver e perder nas tentadoras trevas de Obsidian Sea, e baloicem a vossa alma recém-convertida ao paganismo por entre a gélida melancolia e a inflamada euforia que bipolarizam e coabitam a atmosfera deste influente registo florescido no leste europeu.

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