De Sófia
(cidade-capital da Bulgária) chega-nos o novíssimo álbum ‘Pathos’
da autoria do druídico power-trio Obsidian Sea, oficialmente lançado hoje mesmo através
dos formatos de vinil, CD e digital com o carimbo editorial da prolífera discográfica
californiana Ripple Music. Escudado num ritualista, enfeitiçante,
intrigante e obscurantista Proto-Doom de inspiração setentista e propensão
ocultista, este quarto e apaixonante registo, forjado pelos três cavaleiros
búlgaros de vestes ensanguentadas, olhares hostis e lanças empunhadas, pendula
entre pesadas, fogosas, imperiosas e agitadas galopadas desdobradas à boa e velha moda
da New Wave of British Heavy Metal (N.W.O.B.H.M.), e entorpecidas,
brumosas, ociosas e alucinadas passagens de um melancólico, reflexivo e bucólico psicadelismo com vista para as estrelas.
Contando ainda com discretos laivos Progressivos, a sua mesmérica,
melódica, ostensiva e vampírica sonoridade – que conjuga a demoníaca negrura de uns Black
Sabbath e a enigmática diabrura de uns Witchcraft – envolve, atemoriza e revolve o
ouvinte em trevosos contos de beleza fabular que – do primeiro ao derradeiro
tema – o manterão de corpo paralisado, semblante esbranquiçado, pupilas
dilatadas e fascinação estimulada. Submersos nesta profunda e inquebrável hipnose
que nos petrifica num ofuscante estádio de sonambulismo, somos farolizados pelas
danças diabrinas de uma guitarra pagã que se agiganta em arrogantes, jupiterianos,
draconianos e protuberantes Riffs – afogueados em rosnante e crepitante distorção –
e se dispersa na condução de solos venenosos, esvoaçantes, exuberantes e tortuosos, pela
bafejante reverberação de um baixo sombrio, bombeado a linhas corpulentas, pulsantes,
ondeantes e densas, pela trovejante ritmicidade de uma bateria incisiva, vergastada
a enérgica ardência, e ainda pela messiânica altivez de vocais imperiais, lúcidos,
avinagrados e senhoriais que capitaneiam – de forma triunfante – toda esta impiedosa
cavalaria pesada. São cerca de 41 minutos intensamente ensolarados por um negro encantamento que
encarvoa todas as distópicas, bucólicas e amaldiçoadas paisagens de ‘Pathos’.
Deixem-se envolver e perder nas tentadoras trevas de Obsidian Sea, e baloicem
a vossa alma recém-convertida ao paganismo por entre a gélida melancolia e a inflamada euforia que bipolarizam
e coabitam a atmosfera deste influente registo florescido no leste europeu.
Links:
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