Depois de em
2019 ter nascido o homónimo EP de estreia (aqui louvado e seguidamente aqui
galardoado com o tÃtulo de melhor registo de curta duração desse mesmo ano),
floresce agora o muitÃssimo aguardado primeiro álbum desta talentosa banda
californiana – com residência na cidade costeira de San Diego – que alberga
conceituadÃssimos músicos trazidos de influentes bandas como Astra, Psicomagia
e Sacri Monti. Lançado sob a alçada da companhia discográfica londrina Bad
Omen Records através dos formatos LP, CD e digital, ‘Born’ vem
povoado pela regravação dos três temas originalmente publicados no EP de
estreia e outros novos três temas nunca antes desembrulhados. De influências
apontadas a históricas referências dos universos Progressivos italiano e
britânico que ornamentaram a dourada década de 1970 – como Premiata Forneria
Marconi, Le Orme, Banco del Mutuo Soccorso, Osanna, Reale
Accademia di Musica, Pink Floyd, Camel, King Crimson, YES e
Emerson, Lake & Palmer –, este impressionante primeiro trabalho de
longa duração do quarteto é superiormente navegado por um imaginativo, cerebral, imperial e
expressivo Progressive Rock de colorida efervescência de textura psicadélica
e apurada acuidade jazzÃstica que tanto se espreguiça em arejadas, melancólicas,
anestésicas e desanuviadas passagens de etéreo misticismo fabular, como se agita
e gravita em estonteantes, dramáticos, enfáticos e vibrantes rebuliços
instrumentais de desarmante beleza cinematográfica. De olhar deslumbrado e
cravado nos longÃnquos viveiros estelares que deflagram o acetinado negrume
cósmico, somos levitados numa gratificante, maravilhosa, fantasiosa e purificante odisseia de
consagração sensorial e validade intemporal. Matematizado por audaciosas composições
de majestosos arranjos, ‘Born’ é remexido numa dialogante
sinergia sublimemente lavrada por uma guitarra endeusada de pomposos, cheirosos
e encaracolados Riffs de onde esvoaçam solos trepidantes, alucinantes e invertebrados,
um baixo vagueante de linhas baloiçantes, fluÃdas e enleantes, uma desembaraçada
bateria cuidadosamente tiquetaqueada a acrobática precisão e flamejante comoção,
uma voz melosa, aveludada e melodiosa de luzência espectral, e ainda toda uma miraculosa
profusão de teclados elegÃacos que se hasteiam em comoventes coros angelicais e
enfeitiçantes mugidos onÃricos. A detalhada, elaborada e primorosa ilustração
que confere rosto a esta obra-prima do Prog Rock contemporâneo pertence
ao prendado artista norte-americano David D’Andrea. Este é um
álbum cozinhado a cintilante docilidade e principesca sagacidade que preenchera
e transbordara as minhas medidas. Um registo inteiramente arquitectado e executado
à minha imagem. Um dos mais fortes candidatos à qualidade de álbum do ano está aqui, na poderosa,
epopeica e esplendorosa magnificência de Birth. Ofusquem-se nele.
Links:
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➥ Bandcamp
➥ Bad Omen Records
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