quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Review: 🧚‍♀️ Colour Haze - 'Sacred' (2022) 🧚‍♀️

★★★★

Três anos depois de desabrochado o deleitoso ‘We Are’ (álbum que assinalara de forma mais indiscreta a guinada da banda germânica para os adoráveis territórios Progressivos), os já lendários Colour Haze surpreendem agora a sua populosa legião de fiéis seguidores com o lançamento-relâmpago do epopeico ‘Sacred’ pela insuspeita mão da sua editora discográfica pessoal Elektrohasch. Descortinado integralmente no imediato através do formato digital, tendo o lançamento em CD calendarizado para o final do presente mês e uma prensagem em vinil a desenfornar no próximo mês de Outubro, este 14º álbum de estúdio da sobejamente consagrada banda oriunda da cidade de Munique vem perfumado, colorido e ajardinado por um deslumbrante, reconfortante e ensolarado Psychedelic Rock de mãos dadas a um elegante, opulento e dançante Progressive Rock. Inebriados e embalados pela extasiante melosidade que nos assalta os sentidos, vagueamos livremente pelas douradas, aveludadas e infindáveis planícies sonoras – banhadas a uma luzência seráfica – desta inspirada obra. Enriquecido ainda com um envolvente swing de aura jazzística, ‘Sacred’ é um registo erudito que vive de uma imaculada simbiose instrumental que decerto comoverá até o mais apático dos ouvintes. Tricotado por uma endeusada guitarra de faustosa caligrafia arábica – superiormente amestrada – dedilhada a subtileza, sentimento e destreza transbordantes, bafejado por um baixo baloiçante de tonalidade quente e locomoção serpenteante, costurado por uma requintada bateria – soberbamente jazzy – de toque polido, cintilante, preciso e flamejante, magicado pelos teclados oníricos de místicas melodias e mil coros celestiais, e entoado pelos vocais sóbrios, trovadores e senhoriais, ‘Sacred’ assume-se como um álbum verdadeiramente transformador, nirvânico e enternecedor que ricocheteia entre passagens de etérea tranquilidade e outros de redentora efervescência. O majestoso artwork de ambiência mitológica que embeleza mais um triunfante capítulo discográfico de Colour Haze aponta os seus créditos autorais à talentosa ilustradora / tatuadora Sara Koncilja (artisticamente conhecida por Yagasara). São 42 minutos saturados de uma ofuscante imersão que nos embalsama num imperturbável estádio de plena fascinação. Um álbum apurado, delicado e sublime que jamais nos proíbe o sorriso e apaga o brilho no olhar. Mal posso esperar por comungar esta santificada obra de alta-costura composicional ao vivo no próximo dia 28 na cidade do Porto (Hard Club). Canonizem-se nela.

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