terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Review: ⚡ Colour Haze - 'We Are' (2019) ⚡

Atingida a admirável marca de 25 anos de uma prolífica e preciosa história, os endeusados Colour Haze acabam de presentear e deleitar todos os seus numerosos discípulos com o tão aguardado lançamento de mais um álbum de estúdio, designado ‘We Are’ e devidamente promovido pela insuspeita editora discográfica germânica Elektrohasch Schallplatten sob a forma física de CD e vinil. Antes de me alongar na desconstrução deste novo registo de longa duração, devo confessar que o primeiro contacto que tivera com este novo trabalho da consagrada formação sediada na cidade de Munique não fora algo que me enchera as costuras da gigantesca expectativa a ele previamente dedicada, mas com o acumular de renovadas audições e redobradas atenções, ‘We Are’ agigantara-se em mim e adensara-se até tocar as longínquas fronteiras que balizavam a minha esperança neste disco. Transmutados da sua clássica constituição em forma de power-trio para um quarteto que agora conta com a perfumada e purificante presença de um teclista, os renovados e inspirados Colour Haze continuam a reinventar-se e a aventurar-se por novos horizontes sonoros. Não esquecendo o seu tão requintado, ostentoso, majestoso e aromatizado Psychedelic Rock de tocante delicadeza e desarmante destreza que carimba uma grande parte da sua discografia, o agora quarteto alemão decidira acrescentar à sua apurada, picante e apaladada receita musical todo um sublimado, cuidado, diáfano e prodigioso Progressive Rock de fragância revivalista que me maravilhara, conquistara o espírito, e colocara os ouvidos num pleno estádio de incessante salivação. Alicerçado numa magistral guitarra – irrepreensivelmente manuseada pelo inimitável Stefan Koglek – que se bamboleia e formoseia por entre caprichados, maviosos, saborosos e ornamentados acordes de textura ataráxica e de onde florescem e se envaidecem irretocáveis, formosos, harmoniosos e inefáveis solos de caleidoscópica beleza, numa voz trovadora, sussurrante e destemperada – tanto doce como avinagrada – que se entrelaça pelos rebuscados arranjos instrumentais, num baixo compenetrado e contemplativo que se passeia e galanteia livremente pelo sinuoso corpo da sua serpenteante, torneada, sombreada e possante reverberação, num brilhante e envolvente teclado de enternecedora, mítica e sonhadora atmosfera, e numa arrojada, simétrica e bafejada bateria de charmosa e audaciosa orientação e precisão jazzísticas que – de toque resplandecente, macio, leve e quente nos pratos e a trote experimentalista, acrobático e tribalista que se distende da tarola aos timbalões – tiquetaqueia com estupenda ligeireza, sentimento e esperteza todo este apaixonado álbum de contornos épicos. ‘We Are’ é um álbum piramidal – arquitectado e executado a uma sublimidade atordoante – que nos encandeia, seduz e prazenteia do primeiro ao derradeiro tema. Um registo repleto de momentos rendilhados e condimentados a pura maestria que nos deixam de pupilas dilatadas e pele arrepiada. Para uma experiência plena, é recomendado que vivenciem múltiplas vezes esta nova obra de uma banda que há muito dribla com imaculado sucesso a previsibilidade, e hoje ostenta um invejável grau de superação só ao alcance de uma banda com os gloriosos predicados de Colour Haze.

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