segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Review: 🏜 Rotor - 'Sieben' (2023) 🏜

★★★★

Com 25 anos de existência e oito álbuns lançados, os germânicos Rotor são hoje uma incontornável referência Rock dentro do panorama musical alemão, ainda que para lá das fronteiras da Alemanha e apesar da sua vitalidade, fiabilidade e qualidade inegáveis, o quarteto sediado na cidade-capital de Berlim, continue – estranhamente, devo confessar – a passar despercebido aos olhos de quem promove os mais conceituados festivais europeus que alimentam e consagram o circuito underground. Conheci a banda há já sensivelmente 15 anos e, desde então, não mais os perdi de vista. Em 2015 escrevia aqui elogiosas palavras ao seu fabuloso ‘Fünf’ (muito provavelmente o meu registo favorito de Rotor), e hoje trago à mesa o seu novíssimo trabalho, intitulado ‘Sieben’ e lançado sob a forma física de LP e CD com o carimbo editorial da insuspeita Noisolution, que se junta lado a lado com o registo anteriormente citado no que ao grau da minha preferência diz respeito. Tendo como seus principais combustíveis um fogoso, rugoso empolgante e arenoso Desert Rock de inspiração Kyuss’eana e um sinuoso, dançante, cativante e oleoso Prog Rock de serpenteios enleantes, os Rotor arrancam – de motor barulhento, escape fumarento e a alta rotação – pelas poeirentas estradas de um infindável deserto bronzeado pelo dourado Sol poente. Atrelados a esta alucinante boleia que tanto nos centrifuga e incendeia em ciclónicas, pesadas e turbulentas rajadas fervidas a euforia, como embriaga em maravilhosas paisagens pinceladas a cores crepusculares e oxigenadas a uma ataráxica acalmia, somos facilmente conquistados pela sua calorosa sonoridade instrumental de fácil digestão e imediata fascinação. Balanceado entre a condensada, ardente e pesada negrura que nos asfixia, e a contemplativa, ensolarada e imersiva lisergia que nos eteriza, ‘Sieben’ é governado por uma bipolaridade climática que nos mantém seduzidos do primeiro ao último tema. Varrido por duas guitarras liderantes – electrificadas a urticante e efervescente distorção – que se agigantam na hipnótica condução de polposos, nervudos e inflamantes Riffs incensados a edénicas fragâncias arábicas de onde florescem maravilhosos, espirituosos e intoxicantes solos de psicotrópica acidez, aquecido pelo reverberante bafo de um baixo obeso orientado a linhas densas, tensas e ondeantes, e escoiceado por uma excitante bateria de pratos flamejantes e timbalões retumbantes, este sétimo álbum de estúdio dos Rotor é carburado a exultante, apimentada e transbordante paixão. São 37 minutos de um inquebrável magnetismo que nos dilata as pupilas e abana o corpo. Deixem-se viajar e canalizar pelas artérias de ‘Sieben’ e experienciem com imoderado deleite todo o esplendor de um álbum verdadeiramente arrebatador.

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