segunda-feira, 10 de abril de 2023

Review: 🌅 Edena Gardens - 'Agar' (2023) 🌅

★★★★

Nem seis meses passaram desde o lançamento do muito aguardado álbum de estreia de Edena Gardens (review aqui), e este talentoso tridente dinamarquês acaba de nos apresentar o seu sucessor – ‘Agar’ – através do insuspeito selo discográfico El Paraiso Records (LP, CD e digital). Orvalhado e velejado por um ensolarado, reflexivo, imaginativo e colorido Psychedelic Rock de revitalizante fragância oceânica (situado entre o magnético Drone de uns Earth e o lado mais atmosférico dos “surfistas” californianos The Mermen) e um apurado, explorativo, lenitivo e enfeitiçante Contemporary Jazz de desarmante elegância onírica que vive da sensibilidade e dos detalhes, este bonanceiro ‘Agar’ pincela no imaginário do ouvinte um ruborizado céu crepuscular, um pacífico mar azul-turquesa que se estende até onde a vista pode alcançar, e um dourado, ondulado e extenso areal que emoldura este nirvânico retrato de um verão já findado. De olhar semi-selado e inebriado, sorriso golpeado no rosto, cabeça vagarosamente pendulada de ombro em ombro, e espírito recostado num verdadeiro oásis de afago sensorial, adormecemos confortavelmente nos sedosos, frescos e arenosos lençóis desta prazerosa, embriagada e esponjosa hipnose. Uma estética, odorosa e edénica brisa sonora que areja a nossa alma e nos deixa inebriados de uma imperturbável sensação de pleno bem-estar. Deixem-se absorver e naufragar a bordo de uma guitarra alucinógena (que se passeia entre a calidez desértica de um Ry Cooder e a lugubridade nocturna de um Bill Frisell) por entre os deslumbrantes, encaracolados e uivantes acordes – cuidadosamente desatacados de um labiríntico novelo – e trepidantes, ácidos e ecoantes solos que se multiplicam num estonteante jogo de espelhos, um murmurante baixo de inquebrável solidez que vigia e sombreia de perto todas as evasões da guitarra, uma bateria acrobática e tribalista – de ritmicidade desenvolta – que troteia toda esta harmoniosa ondulação, e ainda um mágico sintetizador – de presença esporádica – que se adensa em polposos e melancólicos coros celestiais. São 47 minutos de purificante luzência que nos eteriza e faroliza de encontro à doce ataraxia. ‘Agar’ irradia toda uma etérea beleza que comoverá até o mais rochoso dos corações. Uma sempiterna maré baixa de águas diamantinas, mornas e espumosas que nos abraçam e beijam os pés desnudos. Uma obra inspiradora, expurgadora e imersiva que nos bronzeia e prazenteia sem qualquer moderação. Esta é a minha praia. Banhem-se no seu azul e escutem o canto da sereia.

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