sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Review: 🍂 Edena Gardens - 'Edena Gardens' (2022) 🍂

★★★★

O inesperado tridente dinamarquês constituído por Nicklas Sørensen (Papir), Martin Rude (Sun River) e Jakob Skøtt (Causa Sui) decidira unir esforços criativos e alavancar um novo e muito promissor projecto chamado Edena Gardens. Carimbado com o selo de qualidade da El Paraiso Records e integralmente lançado hoje mesmo através dos formatos LP, CD e digital, este libertador, bonito e inspirador álbum de estreia da recém-nascida formação escandinava passeia-se livremente pelas bucólicas planícies de um outonal, reflexivo, intuitivo e magistral Contemporary Jazz a fazer recordar as cinematográficas atmosferas patenteadas pelo talentoso guitarrista dinamarquês Jakob Bro. Contando ainda com os cheirosos temperos de um lenitivo, arejado, contemplativo e ternurento Psychedelic Folk de raiz sessentista, este paradisíaco e pardacento sonho musicado, intitulado ‘Edena Gardens’, conserva um sempiterno crepúsculo de morno bafo solar que pincela os céus de gradientes e inanimados tons róseos. De corpo baloiçante, olhar pensativo, sorriso desabrochado e espírito eclipsado por um feitiço reinante, embalamos numa ataráxica hipnose pelo universo onírico deste sublimado álbum. Soberbamente dedilhado por uma guitarra gentil de acordes ecoantes, cristalinos, esmaecidos e inebriantes que se espreguiçam e vagueiam livre e graciosamente, levemente sombreado por um baixo nocturno de linhas sedosas, fluídas, compenetradas e vagarosas que sussurra ao nosso ouvido, e cuidadosamente costurado por uma bateria tribalista, de absorvente swing jazzístico, que se bamboleia e formoseia por entre pratos cintilantes e tambores pulsantes, Edena Gardens representa toda uma balsâmica viagem de espírito zen que nos sorve, seduz, comove e conduz ao nirvânico oásis de afago e consagração sensorial. Um disco harmonioso, salvífico e despretensioso, que vive da frágil sensibilidade e irresistível voluptuosidade, que nos entorpece, massaja e embevece do primeiro ao derradeiro tema. São 44 minutos incensados e orvalhados por uma imersiva e embriagante placidez que nos sufoca de inenarrável prazer. Um angélico e reconfortante anestésico que nos faz adormecer num purificante limbo e desejar não mais dele despertar.

Link:
➥ El Paraiso Records

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