segunda-feira, 22 de maio de 2023

Review: 🌠 Lucid Void - 'Lucid Void' (2023) 🌠

★★★★

Na primavera de 2020 escrevia aqui apaixonadas palavras sobre o irretocável EP de estreia dos germânicos Lucid Void, premiando-o posteriormente com o título de melhor registo de curta duração desse mesmo ano (listagem aqui), e hoje regresso à etérea órbita deste talentoso quarteto à fascinante boleia do seu muitíssimo aguardado álbum de estreia. De designação homónima e lançado através dos formatos LP, CD e digital com o carimbo editorial da jovem alemã Sound of Liberation Records, esta sublime obra não só não defraudara as minhas mastodônticas expectativas a ele dedicadas, como as superara de uma forma avassaladora. Combinando um florido, odoroso, radioso e sublimado Psychedelic Rock sintonizado na mesma frequência de bandas como Causa Sui, Papir e Kanaan, e um serpenteante, esponjoso, oleoso e magnetizante Krautrock pulsado ao absorvente e propulsivo ritmo dos seus históricos compatriotas NEU!, Can e Agitation Free, este primeiro álbum da formação localizada na cidade de Darmstadt causara e perpetuara em mim todo um inabalável estádio de resplandecente deslumbramento que me cegara e deliciara do primeiro ao derradeiro tema. De fascinação atrelada à sorridente, enternecedora, emancipadora e iridescente sonoridade instrumental de ‘Lucid Void’, somos passeados por verdejantes planícies, oxigenadas pela fresca brisa que vagueia livremente e banhadas pelo reluzente Sol crepuscular de bafo morno. Uma imersão cósmica de mentes viajantes e corpos bailantes, driblando os abraços gravitacionais dos solitários astros que se vão desenterrando e revelando no desdobrável firmamento do negro solo sideral. Deixem-se guiar, bronzear e embalar nesta ataráxica vertigem de clima tropical onde se envaidece uma exótica guitarra de imersivos, deleitosos, contemplativos e formosos acordes e solos estonteantes, encaracolados, vítreos e inebriantes, bamboleia um baixo murmurante de linhas quentes, polposas, fibrosas e pululantes, se empoeira numa infindável multiplicidade de cor um quimérico, mavioso e estético teclado de obcecantes bailados e onde mil coros celestiais dão à costa, e galopa a hipnótico ritmo Motorik uma bateria de brilhante polimento jazzístico que tiquetaqueia com cativante, acrobático e desarmante requinte toda esta edénica passeata farolizada à amarelecida luz das estrelas. Este é um álbum paradisíaco. Um registo ventilado a meditativa ataraxia que nos aureola com um vistoso arco-íris de caleidoscópicas visões e vibrantes sensações. ‘Lucid Void’ é o disco perfeito para emoldurar e eternizar o místico pôr-do-Sol. Deixem-se embevecer e anoitecer neste endeusado sonho acordado, e vivenciem – de corpo repousado, sentidos entorpecidos e espírito relaxado – todo o reparador, mágico e seráfico esplendor de uma autêntica obra lapidar que toca as fronteiras da perfeição.

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Sound of Liberation Records

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