segunda-feira, 8 de abril de 2024

Review: 🪐 Iron Blanket - 'Astral Wanderer' (2024) 🪐

★★★★

Da cidade australiana de Sydney chega-nos a incandescente lava vulcânica expelida pelo jovem e irreverente quinteto Iron Blanket, que acaba de lançar o seu impactante álbum de estreia denominado ‘Astral Wanderer’ e editado a duas mãos pela britânica Copper Feast Records e pela grega Sound Effect Records nos formatos digital e LP. Combinando as dominantes forças gravitacionais de um musculoso, enérgico, titânico e polposo Heavy Rock de luciféricos ecos Green Lung’escos, de um quente, arenoso, fogoso e efervescente Desert Rock de alta octanagem a fazer recordar os suecos Dozer, e ainda de um montanhoso, pantanoso, sombrio e impiedoso Psychedelic Doom de incensos morfínicos e um pesado galope Sleep’eano num vistoso, admirável e glorioso bailado, ‘Astral Wanderer’ é um álbum imponente – tomado por ácidas e negras lavaredas que cospem crepitantes faúlhas – capaz de abalar e naufragar o ouvinte num revolto mar de vulcânica euforia. Não dispensando misteriosas incursões nocturnas pelo lado mais intrigante, letárgico, ritualístico e intoxicante do mastodôntico Proto-Doom de tração setentista e uma imersiva pretura Black Sabbath’ica, este triunfante primeiro trabalho dos australianos Iron Blanket simboliza uma monolítica, granítica e demolidora avalanche sonora que nos profana a alma, anoitece o espírito e enfeitiça do primeiro ao derradeiro tema. Uma torrencial chuva de estrelas chamejantes que cruzam os céus enquanto que relampejantes fissuras golpeiam o solo espasmódico. Embarquem nesta selvática, bombástica e vertiginosa alucinação à empolgante boleia de duas guitarras endemoninhadas – fervidas em crocante, espinhoso e electrizante efeito Fuzz – que conduzem abrasivos, rugosos, majestosos e invasivos riffs de onde esvoaçam solos luzidios, escorregadios, salgados e fugidios, um hipnótico baixo de linhas palpáveis, obesas, coesas e intimidantes, uma bateria enérgica de ritmos explosivos, provocantes, fulgurantes e altivos, e de uma voz assanhada e diabrina – de tez ácida, melódica, magnética e gélida – que contrasta com a ardência infernal do instrumental. São 45 minutos capitaneados por um groove contagiante que ziguezagueia entre a potência e a indolência, a luminosidade e a obscuridade, a agitação e a prostração. ‘Astral Wanderer’ é um álbum verdadeiramente vultoso, assombroso e desconcertante que, decerto, não deixará ninguém indiferente.

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