Da cidade
australiana de Sydney chega-nos a incandescente lava vulcânica expelida pelo jovem e irreverente quinteto Iron Blanket, que acaba de lançar o seu impactante
álbum de estreia denominado ‘Astral Wanderer’ e editado a duas mãos pela
britânica Copper Feast Records e pela grega Sound Effect Records
nos formatos digital e LP. Combinando as dominantes forças gravitacionais de um musculoso,
enérgico, titânico e polposo Heavy Rock de luciféricos ecos Green
Lung’escos, de um quente, arenoso, fogoso e efervescente Desert Rock
de alta octanagem a fazer recordar os suecos Dozer, e ainda de um montanhoso,
pantanoso, sombrio e impiedoso Psychedelic Doom de incensos morfínicos e um pesado galope Sleep’eano num vistoso, admirável e glorioso bailado, ‘Astral
Wanderer’ é um álbum imponente – tomado por ácidas e negras lavaredas que cospem
crepitantes faúlhas – capaz de abalar e naufragar o ouvinte num revolto mar de vulcânica
euforia. Não dispensando misteriosas incursões nocturnas pelo lado mais intrigante, letárgico,
ritualístico e intoxicante do mastodôntico Proto-Doom de tração setentista e uma imersiva
pretura Black Sabbath’ica, este triunfante primeiro trabalho dos
australianos Iron Blanket simboliza uma monolítica, granítica e demolidora
avalanche sonora que nos profana a alma, anoitece o espírito e enfeitiça do
primeiro ao derradeiro tema. Uma torrencial chuva de estrelas chamejantes que
cruzam os céus enquanto que relampejantes fissuras golpeiam o solo espasmódico.
Embarquem nesta selvática, bombástica e vertiginosa alucinação à empolgante
boleia de duas guitarras endemoninhadas – fervidas em crocante, espinhoso e
electrizante efeito Fuzz – que conduzem abrasivos, rugosos, majestosos e
invasivos riffs de onde esvoaçam solos luzidios, escorregadios, salgados e fugidios,
um hipnótico baixo de linhas palpáveis, obesas, coesas e intimidantes, uma
bateria enérgica de ritmos explosivos, provocantes, fulgurantes e altivos, e de
uma voz assanhada e diabrina – de tez ácida, melódica, magnética e gélida – que
contrasta com a ardência infernal do instrumental. São 45 minutos capitaneados por um groove
contagiante que ziguezagueia entre a potência e a indolência, a luminosidade e
a obscuridade, a agitação e a prostração. ‘Astral Wanderer’ é um álbum verdadeiramente
vultoso, assombroso e desconcertante que, decerto, não deixará ninguém
indiferente.
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