Quatro anos
volvidos após o nascimento do seu glorioso álbum de estreia ‘True Bearings’
(aqui trazido e imoderadamente elogiado), o quarteto canadiano Freeways
– domiciliado na cidade de Brampton (Ontário, Toronto) – regressa
agora com o lançamento do seu tão aguardado sucessor. Intitulado ‘Dark Sky
Sanctuary’ e carimbado editorial da discográfica germânica Dying
Victims Productions (companhia fielmente dedicada ao lado underground
da música Metal) através dos formatos LP, CD e digital, este segundo
trabalho de longa duração produzido por esta muito estimada formação norte-americana
dissemina a doce fragância de um dourado revivalismo – tingido a comovente nostalgia
– que combina um lubrificado, harmonioso, libidinoso e condimentado Hard
Rock de roupagem clássica resgatado da segunda metade da década de 1970, e
um melodioso, refinado, abrasado e amistoso Heavy Metal de estirpe tradicionalista
locomovido à boa moda dos 80’s. Com influências comungadas de carismáticas
referências dos géneros como Scorpions, UFO, Blue Öyster Cult,
Thin Lizzy, April Wine, Budgie, Def Leppard, Journey, Skid
Row, Montrose, Saxon, Aerosmith, Eagles e Whitesnake, bem como de outras mais contemporâneas como as suecas Hypnos e Svartanatt, a irresistível sonoridade de Freeways transporta-nos no tempo e no
espaço para uma descontraída viagem rodoviária de punho firmemente cerrado no volante
e o outro a embater entusiasticamente no tejadilho de um velho Ford Bronco de
1980 pelas terrosas, solitárias e sinuosas estradas rurais que estriam densas florestas
montanhosas que conservam nevões de uma brancura nívea e todo um esplendor
invernal, e se desdobram debaixo da vigilância apertada de alaranjados céus
crepusculares que resistem à chegada da noite. ‘Dark Sky Sanctuary’ é
aquela cassete perdida, esquecida durante decénios no interior do velho carro
do teu pai, agora finalmente encontrada e devolvida à vida. Sintonizados nesta preciosa
estação de rádio nostalgia.fm que nos incendeia o olhar, desabrocha o
sorriso e faz suspirar, embarcamos numa emocionante, inesquecível e
reconfortante viagem à comovente boleia de uma voz liderante de pele melodiosa,
açucarada, encerada e refrescante, duas guitarras siamesas que se redemoinham em
sensuais danças de voluptuosos, viciantes, maleáveis e apetitosos riffs e
esvoaçantes, escorregadios, fugidios e deslumbrantes solos em vertiginosa debandada,
um baixo ondulante de bafo fibroso, palpável, quente e umbroso, e uma empolgante
bateria com a irrepreensível precisão de um relógio suíço que tiquetaqueia todo
este fabuloso álbum a um galope constante, bem-disposto e magnetizante. Este é
um registo imensamente cativante que nos obriga a reproduzi-lo vezes sem conta.
São 34 minutos integralmente passados na agradável companhia de uma
musicalidade elegante, melíflua, lustrosa e apaixonante – de fácil digestão e ardente
tentação – que nos seduz e conduz – de olhar lançado na direcção do passado e o
coração atestado de um transbordante sentimento de pura nostalgia – pelas aventurosas
estradas de Freeways. Calcem aquelas texanas enrugadas, vistam aquelas
velhas calças de ganga rasgadas, aquela grossa camisa de flanela desbotada e aquele
negro casaco de cabedal esfolado, e saltem para as irrequietas costas deste álbum. Um dos
meus discos favoritos de 2024 está aqui.
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