Da cidade canadiana de Brampton
(Ontário, Toronto) chega-nos a fresca e revitalizante brisa sonora
bafejada pelo quarteto Freeways, que está na iminência de nos brindar com
o lançamento do seu muito esperado álbum de estreia. Intitulado de ‘True
Bearings’ e tendo o seu nascimento oficial agendado para o próximo dia
2 de Abril pela mão do ainda jovem selo discográfico local Temple of Mystery
Records (sediado na cidade de Montreal, fiel e exclusivamente
dedicado às variantes da música Metal) nos formatos físicos de CD, cassete
e vinil, este sensacional primeiro trabalho de longa duração da formação canadense enverga um ostentoso,
melódico, estético e charmoso Heavy Metal de roupagem costurada à anos
80, em cumplicidade com um oleado, vigoroso, primoroso e ritmado Hard Rock
de tração e vocação setentista. Numa sofisticada e apaixonante homenagem
– exemplarmente executada – a vultosas referências dos géneros como Thin Lizzy, April Wine, Budgie, Blue Öyster Cult e UFO, a aromática e
carismática musicalidade de ‘True Bearings’ combina relaxadas baladas
climatizadas a envolvente e deslumbrante harmonia com empolgantes galopadas carboradas a uma inflamada e embriagada euforia. Na génese deste irresistível registo perfilam-se
duas virtuosas guitarras gémeas que se entrelaçam na ascensão e condução de majestosos,
felinos, cativantes e voluptuosos Riffs, e desenlaçam numa animada e enfurecida
perseguição por entre ziguezagueantes, gélidos, ácidos e atordoantes solos, um sussurrante
e ondulante baixo sombreado, balanceado e rugido a linhas dançantes, magnéticas
e possantes, uma instigante bateria firmemente esporeada a uma ritmicidade moderada,
consistente, eloquente e descomplicada, e ainda uma voz distinta de tez sedosa,
afinada, aquecida e melosa – a fazer-me recordar os notáveis dotes vocais do
ímpar Klaus Meine (vocalista de Scorpions) – que confere toda uma maviosidade lapidar à encantadora atmosfera de ‘True Bearings’.
É-me ainda inevitável enfatizar e aplaudir o fantástico artwork de aura
revivalista e beleza polar, irrepreensivelmente ilustrado pelo ainda desconhecido,
mas deveras promissor, artista canadiano Wayne Deadder, que se estreia assim
na concepção de uma capa para um trabalho musical. Este é um álbum de
fascinação e veneração imediatas. Uma obra forjada em combustão, maturada pela habilidade e polida pela
sensibilidade que me cortejara e conquistara na primeira audição que lhe dedicara. Deixem-se
enternecer e embevecer pela simétrica e melancólica maviosidade que contorna ‘True
Bearings’, e vivenciar – ainda que de forma fugaz e subtil – um fogoso
trago de chamejante excitação que vai colorindo e vivificando as pálidas e invernosas
paisagens sonoras de Freeways polvilhadas e banhadas pela neve. Seguramente, um dos
grandes álbuns do ano está aqui, na desarmante magnificência patenteada por um álbum dotado da rara capacidade de reconfortar e extasiar todo aquele que nele se refugiar.
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