domingo, 29 de março de 2020

Review: ⚡ Freeways - 'True Bearings' (2020) ⚡

Da cidade canadiana de Brampton (Ontário, Toronto) chega-nos a fresca e revitalizante brisa sonora bafejada pelo quarteto Freeways, que está na iminência de nos brindar com o lançamento do seu muito esperado álbum de estreia. Intitulado de ‘True Bearings’ e tendo o seu nascimento oficial agendado para o próximo dia 2 de Abril pela mão do ainda jovem selo discográfico local Temple of Mystery Records (sediado na cidade de Montreal, fiel e exclusivamente dedicado às variantes da música Metal) nos formatos físicos de CD, cassete e vinil, este sensacional primeiro trabalho de longa duração da formação canadense enverga um ostentoso, melódico, estético e charmoso Heavy Metal de roupagem costurada à anos 80, em cumplicidade com um oleado, vigoroso, primoroso e ritmado Hard Rock de tração e vocação setentista. Numa sofisticada e apaixonante homenagem – exemplarmente executada – a vultosas referências dos géneros como Thin Lizzy, April Wine, Budgie, Blue Öyster Cult e UFO, a aromática e carismática musicalidade de ‘True Bearings’ combina relaxadas baladas climatizadas a envolvente e deslumbrante harmonia com empolgantes galopadas carboradas a uma inflamada e embriagada euforia. Na génese deste irresistível registo perfilam-se duas virtuosas guitarras gémeas que se entrelaçam na ascensão e condução de majestosos, felinos, cativantes e voluptuosos Riffs, e desenlaçam numa animada e enfurecida perseguição por entre ziguezagueantes, gélidos, ácidos e atordoantes solos, um sussurrante e ondulante baixo sombreado, balanceado e rugido a linhas dançantes, magnéticas e possantes, uma instigante bateria firmemente esporeada a uma ritmicidade moderada, consistente, eloquente e descomplicada, e ainda uma voz distinta de tez sedosa, afinada, aquecida e melosa – a fazer-me recordar os notáveis dotes vocais do ímpar Klaus Meine (vocalista de Scorpions) – que confere toda uma maviosidade lapidar à encantadora atmosfera de ‘True Bearings’. É-me ainda inevitável enfatizar e aplaudir o fantástico artwork de aura revivalista e beleza polar, irrepreensivelmente ilustrado pelo ainda desconhecido, mas deveras promissor, artista canadiano Wayne Deadder, que se estreia assim na concepção de uma capa para um trabalho musical. Este é um álbum de fascinação e veneração imediatas. Uma obra forjada em combustão, maturada pela habilidade e polida pela sensibilidade que me cortejara e conquistara na primeira audição que lhe dedicara. Deixem-se enternecer e embevecer pela simétrica e melancólica maviosidade que contorna ‘True Bearings’, e vivenciar – ainda que de forma fugaz e subtil – um fogoso trago de chamejante excitação que vai colorindo e vivificando as pálidas e invernosas paisagens sonoras de Freeways polvilhadas e banhadas pela neve. Seguramente, um dos grandes álbuns do ano está aqui, na desarmante magnificência patenteada por um álbum dotado da rara capacidade de reconfortar e extasiar todo aquele que nele se refugiar.

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