quarta-feira, 28 de agosto de 2013

SONIC BLAST: Kadavar, o concerto dos concertos.

Já seria de esperar um concerto visceral destes mamutes setentistas, mas o que o público acabou por presenciar foi algo que transcendeu qualquer sinónimo qualitativo de sublime. Estavam reunidos e temperados todos os ingredientes para que aquele fosse um concerto tremendo e assim foi. Kadavar foi uma perfeita e ofegante cavalgada que fustigou toda uma plateia em constante êxtase. Os seus riffs robustos e entusiasmantes esbarravam violentamente nos nossos corações e as contracções prazerosas eram os efeitos imediatos desta intensa radiação. Sempre que cerrava os olhos, sentia-me desfalecer abraçado pelo devaneio, e só o forte vento se adjectivava revitalizante e bússola da crua consciência. Todos os corpos ali presentes pendiam ao ritmo do possante baixo rickenbacker que descarregava verdadeiras substâncias psicotrópicas na atmosfera. Todas as cabeças dançavam numa constante dança em forma de espiral com a hipnótica, incomportável e delirante guitarra que nos fazia levitar universo adentro. Todas as estradas do nosso ser eram desobstruídas para que aquela voz petrificante pudesse ecoar e nelas fazer germinar a primavera do bem-estar. Todos os pés batiam e tentavam acompanhar a incansável bateria que pautava toda esta autêntica detonação emocional. Os meus músculos faciais estavam completamente anestesiados e a minha vontade totalmente entregue a este trio germânico. O meu coração fora amortalhado pela sonoridade sideral de kadavar e levado para bem longe de mim. Não desejei estar em mais lado algum que não ali, onde o paraíso foi o chão pisado e a beleza o único ar respirável. Foi um dos concertos da minha vida e a ressaca deste ainda hoje perdura.

Até para o ano Sonic Blast. Deixo-te com a certeza de que és o meu festival português de eleição.

2 comentários:

  1. Que lindo texto! Identifico-me, sem dúvida! Dos melhores concertos a que já tive o prazer e a sorte de assistir. Que energia! Os vocais é que estavam muito baixinhos e com o pessoal todo a cantar o Lindermann mal se ouvia :p Mas foi lindo.

    Está a tornar-se o meu festival português preferido. E incrivelmente acessív€l.

    Até para o ano!

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  2. Obrigado, xanaG! Temos opiniões consensuais, portanto! A força do vento também não ajudou muito. Pois é, ainda é um festival muito acessível (tendo em conta o calibre do cartaz).

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