🎬 Cinema de Outubro, Novembro e Dezembro

Narcos S02 (2016) de Carlo Bernard, Doug Miro & Chris Brancato   ★★★★★
El Abrazo de la Serpiente (2015) de Ciro Guerra  
★★★★
Welcome to Hard Times (1967) de Burt Kennedy   ★★★☆☆
Duel at Diablo (1966) de Ralph Nelson   ★★★☆☆
Sully (2016) de Clint Eastwood   ★★★★
Winter on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom (2015) de Evgeny Afineevsky   ★★★★★
Terminator 2: Judgment Day (1991) de James Cameron   ★★★★★
Black Christmas (1974) de Bob Clark   ★★★★
Dance of the Vampires (1967) de Roman Polanski   ★★★★
The Vampire Lovers (1970) de Roy Ward Baker   ★★★☆☆
Barquero (1970) de Gordon Douglas   ★★★☆☆
SLC Punk! (1998) de James Merendino   ★★★☆☆
The Dunwich Horror (1970) de Daniel Haller   ★★☆☆☆
Sen to Chihiro no Kamikakushi (2001) de Hayao Miyazaki   ★★★★
Before the Flood (2016) de Fisher Stevens   ★★★★★
The Blues S01 (2003) de Martin Scorsese   ★★★★★
Hacksaw Ridge (2016) de Mel Gibson   ★★★★★
I Walked with a Zombie (1943) de Jacques Tourneur   ★★★☆☆
Rabid (1977) de David Cronenberg   ★★★☆☆
The Wild Angels (1966) de Roger Corman   ★★★☆☆
The Craft (1996) de Andrew Fleming   ★★★☆☆
Muukalainen (2008) de Jukka-Pekka Valkeapää   ★★★☆☆
Diabel (1972) de Andrzej Zulawski   ★★★☆☆
Der Baader Meinhof Komplex (2008) de Uli Edel   ★★★★
Westworld (1973) de Michael Crichton   ★★★☆☆
Queen of Earth (2015) de Alex Ross Perry   ★★★☆☆
The Jezebels (1975) de Jack Hill   ★★★☆☆
Kis Uykusu (2014) de Nuri Bilge Ceylan   ★★★★
Eastern Promises (2007) de David Cronenberg   ★★★★
Hell or High Water (2016) de David Mackenzie   ★★★★★
Don’t Breathe (2016) de Fede Alvarez   ★★★★★
Captain Fantastic (2016) de Matt Ross   ★★★★
Hunt for the Wilderpeople (2016) de Taika Waititi   ★★★★★
Mr. Robot S02 (2016) de Sam Esmail   ★★★★★
Victoria (2015) de Sebastian Schipper   ★★★★
Jimi Hendrix Electric Church (2015) de John McDermott   ★★★★★
Reality Bites (1994) de Ben Stiller   ★★★☆☆
Jaco (2015) de Stephen Kijak & Paul Marchand   ★★★★★
The Wicker Man (1973) de Robin Hardy  
★★★★
Sing Street (2016) de John Carney   ★★★★
Demolition (2015) de Jean-Marc Vallée   ★★★★★

Review: ⚡ R.I.P. - 'In the Wind' (2016) ⚡

Tudo em mim me força a antecipar: ‘In the Wind’ é mesmo o meu álbum favorito de 2016. Lançado pela primeira vez no já distante mês de Março nos formatos de digital e vinil pela mão do selo francês Totem Cat Records, esta preciosidade do lado eclipsado da música acaba de ver fortalecida a sua notoriedade com o relançamento levado a cabo pela já carismática RidingEasy Records (nos formatos físicos de vinil e CD). Baseado num despótico, frenético e contagiante Proto-Metal de feições demoníacas e comportamento anárquico, ‘In the Wind’ entusiasmara-me de uma forma irreversivelmente avassaladora. Este quarteto natural da cidade de Portland (Oregon, EUA) desprende uma toda sonoridade de natureza assombrosa, corpulenta, inflamante e tumultuosa que depressa nos assalta e ceifa a lucidez. A ritmicidade de ‘In the Wind’ é verdadeiramente entusiasmante e epidémica, deixando-nos entregues a um frenético estádio de adrenalina que nos sacode violenta e extravagantemente do primeiro ao derradeiro tema. Endoideçam ao supremo e intrigante som de uma guitarra pagã que se manifesta em riffs cáusticos, reverberantes, monolíticos e escarpados e em desvairados, intensos e alucinantes solos. Baloicem os vossos corpos domesticados pelos luciféricos domínios de R.I.P. na instintiva resposta a um baixo inquisidor de linhas robustas, massivas, carregadas e bafejantes que se conduz destacadamente pela atmosfera brumosa e tenebrosa de ‘In the Wind’. Soltem as cabeças numa redentora e delirante dança à boleia de uma emocionante e estimulante bateria que galopa e governa com excêntrica efusividade e explosividade todas as nefastas incursões da guitarra. Sintam-se hipnotizados e atemorizados pelos vocais translúcidos, melódicos, gélidos e messiânicos que sobrevoam o instrumental com elegância e altivez. Este é um disco pelo qual nutro um sentimento de total entrega e veneração. Um disco elevado ao estatuto de religiosidade ao qual recorro com bastante frequência, e que tem sempre em mim um efeito tremendamente euforizante e libertador. Entreguem-se detidamente à vibrante obscuridade de R.I.P. e sintam-se transcender numa gloriosa detonação de prazer e exaltação.

Review: ⚡ Sun Dial - 'Made in the Machine' (2016) ⚡

Está finalmente lançado em CD e vinil – pela mão do selo germânico Sulatron Records – o novo álbum da histórica e carismática banda inglesa Sun Dial batizado pelos astros de ‘Made in the Machine’. Depois de em 2012 este projecto brilhantemente liderado pelo astronauta Gary Ramon de instrumentos apontados ao Cosmos ter apresentado ao mundo o deslumbrante ‘Mind Control’ – que viria em 2015 a receber um empurrão para o mediatismo com relançamento promovido pela Sulatron Records (review aqui) – Sun Dial acaba de regressar de mais uma longa e admirável navegação astral com ‘Made in the Machine’. Baseado numa fascinante e envolvente receita sonora de onde se destacam o relaxante Space Rock, o hipnótico Krautrock e o meditativo Neo-Psych em alegre consonância, este novo álbum tem o dom de nos drenar a lucidez pela infinidade espacial. São 72 minutos de viagem constante pelos distensíveis desfiladeiros do Espaço sideral que nos mantêm de rosto anestesiado, alma revestida pelo êxtase e pupilas firmemente dilatadas e ancoradas no firmamento que se desdobra repetidamente. A nossa consciência despe-se do corpo que a abriga e liberta-se rumo aos mais secretos e distantes lugares da espiritualidade. Sintam-se diluir nos elegantes, magnéticos e delirantes bailados de um sintetizador alienígena que dá vida e voz a todas as estrelas do Cosmos. Adormeçam prazerosamente ao sabor da reverberante brisa exalada por um baixo de murmúrios pulsantes, robustos e arrastados que se balanceia detidamente nesta encantadora atmosfera de ‘Made in the Machine’. Atrelem toda a vossa atenção a uma guitarra profética que se manifesta em desvairadas, intrigantes e lisérgicas divagações pelas costuras deste palco espacial. Pendulem os vossos corpos ao fluído e contemplativo som de uma bateria imensamente hipnótica e tranquilizante que tiquetaqueia toda esta sagrada e sublime levitação de encontro ao paraíso. Comunguem os vocais angelicais, límpidos e messiânicos que ecoam harmoniosamente por toda esta religiosidade cósmica e vos conduzem aos consagrados domínios do transe. ‘Made in the Machine’ é um álbum que nos permite sonhar acordados. Um álbum que nos empoeira de matéria estelar e em nós instaura uma perpétua e plena sensação de bem-estar que nos acaricia do primeiro ao último tema. Façam de ‘Made in the Machine’ o vosso propulsor de consciências e desprendam-se da gravidade terrena, testemunhando uma das mais extensas e espantosas odisseias das vossas vidas.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Review: ⚡ Necro - 'Adiante' (2016) ⚡

Da outra margem do Oceano Atlântico chega-nos o terceiro e novo álbum do power-trio brasileiro Necro. Lançado oficialmente hoje mesmo pela mão da Abraxas Records – que se estreia desta forma como editora discográfica – ‘Adiante’ vem condimentado com um vibrante, exótico e entusiástico Heavy Psych de condução governada por um dançante, hipnótico e deslumbrante Prog Rock fielmente resgatado dos dourados 70’s. Esta elegante, adorável e harmoniosa parceria sonora resulta num prazeroso encantamento que nos envolve, bronzeia e seduz ao longo dos sete temas que corporizam este álbum. É demasiado fácil vivenciar toda uma redentora e delirante comoção de êxtase à estonteante boleia de Necro e estacionar a alma num paradisíaco estado espiritual. A sua sonoridade dinâmica, bem-disposta e empolgante tem em nós um efeito tremendamente embriagante que nos mantém entregues a uma detida, agitada e extravagante dança corporal. Comovam-se ao alucinante som de uma guitarra que se robustece e envaidece em sólidos, fascinantes e torneados riffs e se transcende em desvairados, berrantes e extraordinários solos capazes de nos excitar e enlouquecer. Baloicem o vosso corpo sobressaltado na instintiva resposta à ondulação reverberante e deliciosamente ritmada de um baixo possante e mirabolante que escolta na perfeição todas as vertiginosas digressões da guitarra. Sacudam-se intensa e prazerosamente ao cativante som de uma bateria enérgica, virtuosa e galopante que esporeia toda esta admirável e indomável erupção de exaltação em estado musical. Deixem-se dissolver nos vocais enigmáticos, translúcidos, doces e sedosos que se passeiam alegremente pela atraente e fabulosa atmosfera de ‘Adiante’. É justo ainda evidenciar o requintado artwork brilhantemente ilustrado pelo artista brasileiro Cristiano Suarez. Este é um álbum de natureza imensamente charmosa e provocante que nos namora do primeiro ao derradeiro tema. Entrem em ebulição ao emocionante e voluptuoso som de Necro e comunguem um dos mais inflamantes discos do ano.

Review: ⚡ Elbrus - 'Elbrus' (2016) ⚡

A Austrália é hoje uma das regiões do planeta onde o Psych Rock prolifera com mais excelência e abundância. Bandas como Comacozer, Mt. Mountain, Holy Serpent, Child, Buried Feather e os recém-formados Elbrus transpiram uma requintada, deslumbrante e extasiante fragância sonora que há muito venero religiosamente. Desta vez falar-vos-ei de Elbrus, um jovem quarteto sediado na carismática e populosa cidade de Melbourne que destila um excitante, elegante, mélico e hipnótico Heavy Psych N’ Blues que se espreguiça e envaidece até ao montanhoso, obscuro, denso e corrosivo território do Psych Doom. O seu álbum de estreia ‘Elbrus’ aprisiona uma sonoridade verdadeiramente apaixonante que nos banha, adorna e eteriza a alma. Lançado oficialmente no passado dia 12 de Dezembro pela mão do selo germânico Kozmik Artifactz – nos formatos físicos de CD e vinil – este disco de alma profundamente encantadora vem a tempo de se intrometer no já populoso lote dos melhores álbuns nascidos em 2016. A sua musicalidade – prima direita dos seus conterrâneos Child – desenvolve-se da delicadeza, serenidade e placidez nirvânica à robustez, inquietude e incontida excitação. Tudo neste disco homónimo nos estimula a dança-lo numa detida, prazerosa e serpenteante dança que nos domina e conduz com incontrariável autoridade. A guitarra movida a lascívia e fineza expande-se em esplendidos, atléticos e exuberantes riffs que se agigantam em nós e contorce-se em ululantes, afrodisíacos e mirabolantes solos que nos contaminam e desgastam a lucidez. O astral e harmonioso órgão de fascinantes, tonificantes e distintos bailados vagueia com suavidade e primor a arrebatadora e voluptuosa atmosfera de ‘Elbrus’, enquanto que o baixo pulsante e murmurante – de linhas sólidas, carregadas e torneadas – consolida todo este longo cortejo de prazer. A magnética e adorável bateria tiquetaqueia com sentimento e estarrecedora perícia as mais ousadas e aventuradas orientações promovidas pelos restantes instrumentos, os vocais melódicos, afáveis, e joviais que nos envolvem e namoram, e ainda a efémera mas distinta aparição de uma uivante, exótica e provocante harmónica que se passeia e galanteia – de forma excêntrica – quando lhe é dado total protagonismo. É justo ainda salientar o magnífico traço de Adam Burke na criação do artwork que confere rosto a esta preciosidade australiana. ‘Elbrus’ é um disco verdadeiramente sublime que nos vence e convence a reverenciá-lo. Deixem-se diluir nesta magnificente radiância que vos cegará de exultação.