Os suecos Alastor
estão de regresso com o lançamento do seu terceiro álbum intitulado ‘Onwards
and Downwards’ e distribuído pela mão do prolífico selo discográfico
californiano RidingEasy Records em formato digital e nos formatos
físicos de CD e vinil. Soterrado nas profundezas abissais de um ocultista,
trevoso, brumoso e ritualista Psych Doom de sotaque Electric Wizard’eano
e Windhand’eano, que discretamente se empoeira na arenosa
efervescência de um fogoso, enérgico, melódico e ventoso Desert Rock que cruza os mesmos mares dos seus conterrâneos Truckfighters, este implacável
registo superiormente liderado pelos quatro sacerdotes nórdicos de vestes vampíricas e crucifixos invertidos é fervido, esconjurado e remexido num borbulhante caldeirão condimentado
a magia negra. De alma encarvoada, enfeitiçada e profanada pela demoníaca,
umbrosa, tenebrosa e monolítica radiação bafejada pelos Alastor, somos
eclipsados e aprisionados num gótico, trágico e selvático pesadelo sem
escapatória possível. Uma horripilante, inquisidora e intrigante assombração que
se avoluma numa mastodôntica avalanche capaz de nos ferir, anoitecer e subtrair
a lucidez. De olhar envidraçado, narinas dilatadas, semblante desmaiado e
espírito inflamado, demonizado e afogueado pelas negras lavaredas que cozinham
este álbum, somos inquietados pela imponente, mordente e infernal inflamação – apenas
intervalada por um efémero tema pincelado a um melancólico, bucólico e reconfortante Dark Folk de natureza outonal – e atormentados pela sua diabólica sedução.
Nas rédeas desta épica cavalgada de bocas ofegantes e esporas ensanguentadas,
trilhada pelos lamacentos solos do paraíso perdido, estão duas guitarras pagãs
que se enegrecem, avultam e enrijecem em vigorosos, tétricos, dramáticos e monstruosos
Riffs – enferrujados pelo corrosivo e crepitante efeito Fuzz – de
onde esvoaçam majestosos, exuberantes, delirantes e gloriosos solos, um baixo corpulento
de linhas poderosas, obscuras, carrancudas e tenebrosas, uma bateria impetuosa metralhada
a uma batida altiva, seca, forte e incisiva, um pontual órgão Hammond de
trágicas, arrepiantes, hipnotizantes e litúrgicas harmonias, e vocais fantasmagóricos,
ácidos, ecoantes e fosfóricos que sobrevoam todo este violento abrasamento. São
47 minutos de febril toxicidade que nos encarcera no nebuloso sarcófago de Nosferatu.
Este é um álbum verdadeiramente transformador. Comunguem o polposo e rubro sangue
da Besta, e deixem-se mumificar pelas impiedosas trevas de‘Onwards and
Downwards’. É impossível não cair
nesta ímpia tentação de indizível perversão.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ RidingEasy Records
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