sexta-feira, 28 de maio de 2021

Review: ⚡ Alastor - 'Onwards and Downwards' (2021) ⚡

★★★★

Os suecos Alastor estão de regresso com o lançamento do seu terceiro álbum intitulado ‘Onwards and Downwards’ e distribuído pela mão do prolífico selo discográfico californiano RidingEasy Records em formato digital e nos formatos físicos de CD e vinil. Soterrado nas profundezas abissais de um ocultista, trevoso, brumoso e ritualista Psych Doom de sotaque Electric Wizard’eano e Windhand’eano, que discretamente se empoeira na arenosa efervescência de um fogoso, enérgico, melódico e ventoso Desert Rock que cruza os mesmos mares dos seus conterrâneos Truckfighters, este implacável registo superiormente liderado pelos quatro sacerdotes nórdicos de vestes vampíricas e crucifixos invertidos é fervido, esconjurado e remexido num borbulhante caldeirão condimentado a magia negra. De alma encarvoada, enfeitiçada e profanada pela demoníaca, umbrosa, tenebrosa e monolítica radiação bafejada pelos Alastor, somos eclipsados e aprisionados num gótico, trágico e selvático pesadelo sem escapatória possível. Uma horripilante, inquisidora e intrigante assombração que se avoluma numa mastodôntica avalanche capaz de nos ferir, anoitecer e subtrair a lucidez. De olhar envidraçado, narinas dilatadas, semblante desmaiado e espírito inflamado, demonizado e afogueado pelas negras lavaredas que cozinham este álbum, somos inquietados pela imponente, mordente e infernal inflamação – apenas intervalada por um efémero tema pincelado a um melancólico, bucólico e reconfortante Dark Folk de natureza outonal – e atormentados pela sua diabólica sedução. Nas rédeas desta épica cavalgada de bocas ofegantes e esporas ensanguentadas, trilhada pelos lamacentos solos do paraíso perdido, estão duas guitarras pagãs que se enegrecem, avultam e enrijecem em vigorosos, tétricos, dramáticos e monstruosos Riffs – enferrujados pelo corrosivo e crepitante efeito Fuzz – de onde esvoaçam majestosos, exuberantes, delirantes e gloriosos solos, um baixo corpulento de linhas poderosas, obscuras, carrancudas e tenebrosas, uma bateria impetuosa metralhada a uma batida altiva, seca, forte e incisiva, um pontual órgão Hammond de trágicas, arrepiantes, hipnotizantes e litúrgicas harmonias, e vocais fantasmagóricos, ácidos, ecoantes e fosfóricos que sobrevoam todo este violento abrasamento. São 47 minutos de febril toxicidade que nos encarcera no nebuloso sarcófago de Nosferatu. Este é um álbum verdadeiramente transformador. Comunguem o polposo e rubro sangue da Besta, e deixem-se mumificar pelas impiedosas trevas de‘Onwards and Downwards’.  É impossível não cair nesta ímpia tentação de indizível perversão.

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