quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Review: ⚡ STEW - 'Taste' (2021) ⚡

★★★★

Depois de lançados o EP ‘Hot’ (aqui examinado) e o álbum de estreia ‘People’ (aqui analisado e posteriormente aqui medalhado como um dos melhores álbuns de 2019), os escandinavos STEW servem agora o seu segundo trabalho de longa duração, designado ‘Taste’ e promovido com o carimbo editorial da discográfica germânica Uprising Records no formato físico de vinil. Este electrizante power-trio sueco – natural da pequena cidade de Lindesberg – mantém-se fiel à bem-sucedida receita musical que os acompanha já desde a sua fundação, ostentando um majestoso, fogoso, atraente e imperioso Heavy Blues de inspiração revivalista em parceria com um lubrificado, elegante, espadaúdo e apimentado Hard Rock de roupagem setentista. Permutando entre vulcânicas, vistosas, libidinosas e titânicas galopadas locomovidas à rédea larga, e lustrosas, açucaradas, gloriosas e melódicas baladas sorvidas numa melosidade imprópria para diabéticos, este contagiante ‘Taste’ é um álbum imensamente voluptuoso que combina a delicadeza com a rudeza, a leveza com a robustez e a placidez com a efervescência numa suculenta iguaria de fácil digestão e imediata veneração.  Cortejados, embalados e enleados pela intensa sedução de STEW, rebaixamos as pálpebras, curvamos a linha labial na direcção do sorriso, coramos as bochechas e dançamos de forma detida e apaixonada ao simbiótico, quente e erótico som de uma guitarra charmosa que se conduz pelas sinuosas estradas de dinâmicos, pomposos, esculturais e corpulentos Riffs – chamejados a ardente distorção de faúlhas crepitantes e borbulhante conflagração – e venenosos, alucinógenos, orgiásticos e vaidosos solos gritados e centrifugados a arrebatadora afinação, um bafejante baixo reverberado a bailantes, densas, tensas e oscilantes linhas que sombreiam e empolam o Riff-base, uma acrobática bateria de apurada tecnicidade e enfática explosividade que esporeia e incendeia toda esta detonação de prazer, e uma reinante voz de pele mélica, rouquenha, simétrica e felina – envernizada a abrasivo Whiskey – que surfa com desarmante extravagância os polposos, revoltosos e fosforescentes caudais de incandescente magma que estriam este fumegante e gorgolejante vulcão em incessante erupção. São 39 minutos atestados de extasiante fervura e sufocante doçura que nos banham, sobreaquecem e assanham do primeiro ao derradeiro tema. ‘Taste’ é um álbum verdadeiramente edificante e apoteótico. Deixem-se inundar nos profundos odores transpirados por esta sublimada obra de beleza depurada e destreza apurada, e vivenciem toda a obcecante magnificência irradiada de um dos mais carismáticos discos do ano. Consumam-no sem moderação, pois é humanamente impossível ouvi-lo apenas uma vez, duas ou três.

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