Depois de lançados
o EP ‘Hot’ (aqui examinado) e o álbum de estreia ‘People’
(aqui analisado e posteriormente aqui medalhado como um dos
melhores álbuns de 2019), os escandinavos STEW servem agora o seu
segundo trabalho de longa duração, designado ‘Taste’ e promovido com
o carimbo editorial da discográfica germânica Uprising Records no
formato físico de vinil. Este electrizante power-trio sueco – natural da
pequena cidade de Lindesberg – mantém-se fiel à bem-sucedida receita
musical que os acompanha já desde a sua fundação, ostentando um majestoso, fogoso,
atraente e imperioso Heavy Blues de inspiração revivalista em parceria com
um lubrificado, elegante, espadaúdo e apimentado Hard Rock de roupagem setentista.
Permutando entre vulcânicas, vistosas, libidinosas e titânicas galopadas locomovidas
à rédea larga, e lustrosas, açucaradas, gloriosas e melódicas baladas sorvidas
numa melosidade imprópria para diabéticos, este contagiante ‘Taste’
é um álbum imensamente voluptuoso que combina a delicadeza com a rudeza, a
leveza com a robustez e a placidez com a efervescência numa suculenta iguaria
de fácil digestão e imediata veneração. Cortejados,
embalados e enleados pela intensa sedução de STEW, rebaixamos as
pálpebras, curvamos a linha labial na direcção do sorriso, coramos as bochechas
e dançamos de forma detida e apaixonada ao simbiótico, quente e erótico som de
uma guitarra charmosa que se conduz pelas sinuosas estradas de dinâmicos,
pomposos, esculturais e corpulentos Riffs – chamejados a ardente
distorção de faúlhas crepitantes e borbulhante conflagração – e venenosos, alucinógenos,
orgiásticos e vaidosos solos gritados e centrifugados a arrebatadora afinação,
um bafejante baixo reverberado a bailantes, densas, tensas e oscilantes linhas
que sombreiam e empolam o Riff-base, uma acrobática bateria de apurada
tecnicidade e enfática explosividade que esporeia e incendeia toda esta
detonação de prazer, e uma reinante voz de pele mélica, rouquenha, simétrica e felina
– envernizada a abrasivo Whiskey – que surfa com desarmante extravagância os polposos, revoltosos e
fosforescentes caudais de incandescente magma que estriam este fumegante e gorgolejante vulcão
em incessante erupção. São 39 minutos atestados de extasiante fervura e
sufocante doçura que nos banham, sobreaquecem e assanham do primeiro ao
derradeiro tema. ‘Taste’ é um álbum verdadeiramente edificante e
apoteótico. Deixem-se inundar nos profundos odores transpirados por esta sublimada
obra de beleza depurada e destreza apurada, e vivenciem toda a obcecante magnificência
irradiada de um dos mais carismáticos discos do ano. Consumam-no sem moderação,
pois é humanamente impossível ouvi-lo apenas uma vez, duas ou três.
Links:
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➥ Uprising Records
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