domingo, 29 de março de 2009

Tree of Life

Enquanto o tempo, com as suas pesadas e velhas botas, continua a sua caminhada incerta por solos virgens, observo a minha alma ser fumada. Existência prematura. Olhar ferido pela insónia da Vida. Penso que penso no que fui, sou e serei, no que te fui, sou e serei. Presença forasteira da minha inconsciência, que vagueia pelos vales do desconhecido e se entrega ao nevoeiro madrugador que jaz sobre a Vida. Acorda a minha alma desmaiada no último dia de Inverno, e rasga os tecidos que escondem a minha verdade. Pois não conheço a minha sombra. Um véu caído e esquecido pelo Homem no átrio da Vida. Malditas cortinas do Fim que me vetam o caminho.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Planet Caravan



We sail through endless skies
stars shine like eyes
the black night sighs
The moon in silver trees
falls down in tears
light of the night
The earth, a purple blaze
of sapphire haze
in orbit always

While down below the trees
bathed in cool breeze
silver starlight breaks down the night
And so we pass on by the crimson eye
of great god Mars
as we travel the universe

quinta-feira, 26 de março de 2009

quinta-feira, 19 de março de 2009

EARTH

Earth, 31 de Março, Passos Manuel (Porto)!

Sábado


Tarde de Sábado. Está um sol abrasador. A vila está deserta. Vou descer até ás margens do rio Douro. Ao som de Pearl Jam, vou descendo montanhas e montanhas... A temperatura aumenta cada vez mais. Direcciono-me para uma estrada muito pouco utilizada, somente algumas máquinas agricolas a pisam. Junto a uma (bela) quinta, estaciono o carro, desligo o motor e contemplo o silêncio e a serenidade que a paisagem me oferece. Estão 32 graus. O calor começa a sufocar-me e abandono o interior do carro. Encho o peito de ar e expiro lentamente. Um casal (amigo dos meus pais) trabalha as duras terras da sua quinta. Num olhar mais atencioso do casal, abordam-me, saudosamente, e convidam-me a entrar. Fiquei extasiado com o interior da quinta, bem como a grande varanda direccionada para o rio e para uma velha linha de comboio. “é este o tipo de conforto que quero conquistar numa fase terminal da minha vida” pensei. Acordar, afastar os grandes cortinados deixando entrar a luz, e beber um, forte, café enquanto observo o rio e escuto as aves.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Escuta-me

Olhar(es). Pólos que sustentam uma ponte. Sob a ponte jaz um interminável abismo. Simpatia amarga. Divergência, mas cumplicidade. Recordaste daquele medonho barqueiro? Que em tempos, colheu rosas nos nossos, infinitos, jardins. Que em tempos, lavrou montes e montes e montes… nas costas do nosso airoso conforto. Hoje está sozinho. Como nós. Que águas são essas, por onde tens deixado desaguar tais suspiros amorosos? Memórias ancoradas. Esconde a palma da tua mão. Aqui, os olhares dos homens são olhares de peixes mortos. Alimenta-te do pão que trouxeste. Sê peregrina dos ideais que te viram crescer. Porque nessa estrada, também viajo Eu.

terça-feira, 3 de março de 2009

A Pianista


Passeia, suavemente, os seus delicados dedos pelo grande piano, que há muito ficara órfão. Está uma bela tarde de sol. As janelas estão abertas, e a rua escuta a doce harmonia que o piano liberta. O ruído incisivo da respiração citadina, perturba o sentido da melodia, como que uma tempestade de areia na estrada. Calmamente, o piano vai inspirando a vida d’Ela. O seu corpo está deitado sobre toda a superfície do velho instrumento musical, e a sua alma está rendida ao som. A música é Vida, a música é Morte. Um pombo descansa sobre a base da janela em madeira e enche o peito. Contempla o espaço desconhecido e entrega-se, de novo, aos céus contraídos, que abraçam a cidade. Regresso. Num gesto ímpeto, o corpo ascende e os seus longos cabelos tombam sobre as costas, desprotegendo a, despida, face. O seu olhar, aprisionado pelas, pesadas, pálpebras, começa a libertar-se. As narinas abrem-se e saciam o, quase inexistente, ar que dança na, obscura, atmosfera. Negras nuvens avançam, sem prioridade, sob o intenso sol. A cidade escurece… assim como a melodia arrancada do, velho, piano. Relâmpagos apunhalam a cidade. As nuvens batalham entre si, e as suas armas vão caindo em terra. As pessoas correm. Dispersam. A chuva ataca. O piano cessa.