quinta-feira, 30 de abril de 2020

🎬🍿 1-3 (2020)

Jojo Rabbit (2019) de Taika Waititi   ★★★★
Gisaengchung (2019) de Bong Joon Ho   ★★★★★
Knives Out (2019) de Rian Johnson   ★★★★☆
Mr. Robot S04 (2019) de Sam Esmail   ★★★★★
Killer Inside: The Mind of Aaron Hernandez S01 (2020) de Geno McDermott   ★★★★☆
1917 (2019) de Sam Mendes   ★★★★☆
The Innocent Man S01 (2018) de Ross M. Dinerstein & Clay Tweel   ★★★★☆
Uncut Gems (2019) de Benny Safdie & Josh Safdie   ★★★★☆
Euphoria S01 (2019) de Sam Levinson   ★★★★☆
The Game Changers (2018) de Louie Psihoyos   ★★★★★
Last Train from Gun Hill (1959) de John Sturges   ★★★★☆
Manhattan Murder Mystery (1993) de Woody Allen   ★★★★☆
Apollo 11 (2019) de Todd Douglas Miller   ★★★☆☆
Chasing Trane: The John Coltrane Documentary (2016) de John Scheinfeld   ★★★★☆
Vivir Dos Veces (2019) de Maria Ripoll   ★★★★☆
All Things Must Pass: The Rise and Fall of Tower Records (2015) de Colin Hanks   ★★★★☆
Conversations with a Killer: The Ted Bundy Tapes S01 (2019) de Joe Berlinger   ★★★★★
ZZ Top: That Little Ol' Band from Texas (2019) de Sam Dunn   ★★★★☆
The Pharmacist S01 (2020) de Jenner Furst & Julia Willoughby Nason   ★★★★☆
The Trials of Gabriel Fernandez S01 (2020) de Brian Knappenberger   ★★★★★
Black Mama White Mama (1973) de Eddie Romero   ★★☆☆☆
Snatch (2000) de Guy Ritchie   ★★★★☆
The Outsider S01 (2020) de Richard Price   ★★★☆☆
Curb Your Enthusiasm S10 (2020) de Larry David   ★★★★★
La Casa de Papel S04 (2020) de Álex Pina   ★★★★★
When They See Us S01 (2019) de Ava DuVernay    ★★★★★
The Gentlemen (2019) de Guy Ritchie   ★★★★☆
Dirty Money S02 (2020) de Alex Gibney   ★★★★★
Narcos S03 (2017) de Carlo Bernard, Doug Miro & Chris Brancato   ★★★★★
Better Call Saul S05 (2020) de Vince Gilligan & Peter Gould   ★★★★★
Track of the Cat (1954) de William A. Wellman   ★★★☆☆
Planet of the Humans (2019) de Jeff Gibbs   ★★★★★
Yip Man (2008) de Wilson Yip   ★★★★★

Review: ⚡ Anjo Gabriel - 'Anjo Gabriel' (2020) ⚡

Da outra margem do Oceano Atlântico chega-nos o tão esperado regresso da talentosa formação brasileira Anjo Gabriel com a apresentação do seu novo álbum de designação homónima e gravação analógica, que acaba de ser lançado exclusivamente em formato digital através da sua página de Bandcamp oficial. Natural da cidade do Recife – situada no nordeste do Brasil – este quarteto com sensivelmente uma década de existência e que não prescinde do acréscimo de outros músicos e consequentes instrumentos de forma a enriquecer a sua exótica musicalidade, tem em ‘Anjo Gabriel’ a natural extensão da orientação sonora que tem farolizado toda a discografia da banda sul-americana. Fundamentada num deslumbrante, colorido, veraneio e contagiante Psychedelic Rock de aroma tropical em harmoniosa, erótica e calorosa parceria com um ondeante, lenitivo, meditativo e hipnotizante Krautrock de brisas orientais, e ainda um extravagante, orquestral, cerebral e delirante Progressive Rock de coreografia carnavalesca, a labiríntica, sinuosa, caprichosa e enérgica sonoridade deste frutado registo vem trajada, maquilhada e condimentada por um criativo experimentalismo sem fronteiras que o inibam ou balizem. De alma arrebatada e atenção atrelada à sofisticada, aparatosa, revivalista e perfumada musicalidade de ‘Anjo Gabriel’, somos envolvidos, seduzidos e canalizados pelas frondosas selvas brasileiras onde os nossos sentidos se perdem e encontram num ofuscante, imersivo e atordoante caleidoscópio. Na génese deste arábico, aliciante e principesco misticismo está uma guitarra faraónica de Riffs serpenteantes, religiosos, majestosos e intrigantes e trepidantes, ácidos, alucinados e transbordantes solos que facilmente me remetera para o psicadelismo burlesco do ícone latino Carlos Santana, um imponente baixo de reverberação flutuante, espessa e dançante, uma bateria circense de galopante, acrobática e provocante ritmicidade – brilhantemente sombreada por uma ritualística percussão de natureza e destreza tribalista – um carismático órgão de luxuosos bailados, um mágico sintetizador que exorciza as estrelas, e um enigmático theremin de idioma alienígena. Num plano secundário ‘Anjo Gabriel’ é também visitado por um Oud de envolvência pérsica, um violino de enfeitiçantes uivos, um didgeridoo de hálito monocórdico, e um messiânico coro vocal. Este é um álbum tremendamente complexo que combina contrastadas substâncias. Uma obra de elaboradas composições que nos escancara toda uma parafernália de inexperimentadas sensações. Empoeirem-se nos aromáticos condimentos desta vibrante, animada e inebriante formação brasileira e experienciem como puderem toda esta abstrata detonação de puro prazer. Um dos álbuns mais estimulantes do ano está seguramente aqui, na triunfante renascença do Anjo Gabriel.

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Review: ⚡ Gorm - 'Elysium' EP (2020) ⚡

Proveniente da cidade alemã de Rostock chega-nos a intoxicante ressonância rugida pelo jovem e auspicioso power-trio instrumental Gorm com o lançamento do seu novo EP denominado de ‘Elysium’ e devidamente exteriorizado sob o cunho autoral através do formato digital e de uma edição física em vinil. De instrumentos electrificados e apontados a um entusiasmante, delirado, sublimado e atordoante Heavy Psych de propensão e devoção astral, conduzido por um majestoso, elaborado, serpenteado e ostentoso Heavy Prog de expressiva e altiva liderança, que se desenvolve, revolve e desagua nos turbulentos mares de um titânico, negro, carregado e mastodôntico Psych Doom, este fantástico tridente germânico conjuga a épica majestosidade dos norte-americanos Elder com a dinâmica motorizada dos seus compatriotas Rotor. Balizado em 25 minutos de duração total e fragmentado em dois temas de almas aparentadas que se complementam na perfeição, ‘Elysium’ vem aromatizado e chefiado por uma inventiva, envolvente, eloquente e evolutiva jam que tanto nos reconforta e ameniza em sidéricas e etéreas passagens oxigenadas a um extasiante erotismo, como acalora e euforiza à alucinante boleia de possantes e monolíticas galopadas sobrecarregadas de endorfinas. A sua sonoridade trajada a uma estética cinematográfica é exemplarmente tricotada por uma guitarra jupiteriana e afrodisíaca que se manifesta em imperiosos, apoteóticos, fibróticos e luxuosos Riffs de onde ocasionalmente eclode toda uma orgásmica torrente de gritantes, ácidos, desvairados e embriagantes solos em debandada, pesadamente bafejada por um baixo sombreado e murmurante de linhas trovejantes, densas, tensas e pujantes, e energicamente pontapeada por uma bateria incisiva e operante de rédeas firmemente empunhadas numa marcha magnetizante, explosiva, catártica e retumbante. Este é um EP viciante e verdadeiramente desconcertante (no sentido elogioso da palavra) que nos balanceia entre radiosos, nirvânicos, melancólicos e voluptuosos momentos de um imaculado zen, e outros acometidos e afogueados por uma vulcânica, tenebrosa, lutuosa e tirânica reverberação de impetuosa saturação. Um constante pêndulo que nos passeia entre a utópica bonança e a distópica tempestade, que – desta forma – nos faz percorrer todo um vasto e diverso espectro emocional. ‘Elysium’ é um autêntico bálsamo para os nossos membros e sentidos. Deixem-se surpreender, embevecer e narcotizar pela desarmante opulência de Gorm – ornamentada e emoldurada por um imenso negrume estelar – e vivenciem de forma maravilhada, detida e apaixonada toda a messiânica influência ventilada de um dos mais espantosos e aliciantes EP’s nascidos até ao momento no presente ano de 2020.

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Review: ⚡ Kanaan - 'Double Sun' (2020) ⚡

Depois de em 2018 ter sido lançado o seu impactante álbum de estreia ‘Windborne’ (Review aqui) e de já em meados do passado mês de Fevereiro ter sido apresentado o seu segundo trabalho ‘Odense Sessions’ (Review aqui), eis que o talentoso tridente norueguês Kanaan acaba de presentear toda a sua crescente legião de fieis discípulos com a aparição do seu terceiro registo de longa duração. Denominado de ‘Double Sun’ e devidamente promovido através do insuspeito selo discográfico dinamarquês El Paraiso Records (com o qual a banda vai reforçando o seu vínculo editorial) nos formatos físicos de CD e vinil, esta nova obra inspiradora da jovem formação nórdica traz-nos um admirável equilíbrio das essências desiguais que nortearam os seus dois discos antecessores. Lavrado, bordado e desenvolvido por um sofisticado, cerebral e elaborado cocktail sonoro de onde facilmente se identifica e saboreia um exótico, purificante e enigmático Jazz Fusion de inspiração apontada aos fabulosos britânicos Soft Machine e à lendária multinacional Mahavishnu Orchestra, um deslumbrante, sublime e serpenteante Prog Rock de ares revivalistas que se balanceia entre a carnavalesca exuberância de uns King Crimson e a onírica majestosidade de uns YES, um ensolarado, primaveril e perfumado Psychedelic Rock de inebriante radiância que resvala na envolvência cinematográfica do Post Rock, e ainda um hipnótico, imersivo e meditativo Krautrock – ainda que de presença mais destemida e vincada na ponta final do álbum – sintonizado na mesma frequência que os clássicos germânicos NEU! e CAN, este trabalho toca as fronteiras da tão ambicionada perfeição. A sua musicalidade de desígnios complexos pendula entre etéreas passagens de uma refrescante, paisagista e extasiante lisergia, e espalhafatosos momentos de sónico, eufórico e selvático experimentalismo. Na génese desta apaixonante conjugação entre a frenética tempestuosidade e a pacífica mansidão, imperam os virtuosos egos de uma guitarra erudita que se passeia por cristalinas paisagens temperadas a quimérica letargia e outras chamejadas pelo vulcânico efeito Fuzz, um baixo motorizado a linhas errantes, livres, viçosas e ondeantes, e uma bateria circense de toque cintilante, polido, preciso e entusiasmante. ‘Double Sun’ é um primoroso álbum de beleza e destreza consumadas. Um registo governado por um simbiótico misticismo onde cada um dos instrumentos tem total liberdade de movimentos – naufragando num criativo rasgo de catártica e extravagante comoção – sem que percam o seu apurado sentido de orientação. É, indubitavelmente, o meu disco de eleição produzido por este luxuoso power-trio sediado em Oslo. Recostem-se relaxadamente, apertem os cintos e preparem-se para vivenciar a acrobática sinuosidade de uma delirante montanha-russa que vos baralhará os sentidos e descarrilará a lucidez. Estamos na distinta presença de uma caprichosa iguaria pronta a saciar a sede dos ouvidos mais exigentes. Um dos mais épicos discos de 2020 está seguramente aqui, na portentosa detonação criativa de Kanaan. Empoderem-se nele.

Review: ⚡ Marmalade Knives - 'Amnesia' (2020) ⚡

Da cidade costeira de Santa Cruz (Califórnia, EUA) chega-nos a apaladada, fresca e salgada brisa oceânica borrifada pelos Marmalade Knives com a tão aguardada apresentação do seu revigorante álbum de estreia ‘Amnesia’. Lançado hoje mesmo através do selo discográfico italiano Electric Valley Records em formato digital e sob a forma física de vinil, este primeiro trabalho da formação californiana emana um ensolarado, exótico, arábico e delirado Psych Rock, banhado por um místico, meditativo, envolvente e sidérico Surf Rock, e ainda conduzido por um harmonioso, serpenteante, fascinante e ostentoso Prog Rock. A sua colorida sonoridade de clima veraneio é tricotada e aromatizada por uma sublimada, simétrica, onírica e inebriada ambiência de essência puramente instrumental que nos esperneia, recosta e prazenteia num verdadeiro oásis sensorial. De alma entorpecida e corpo bamboleante somos hipnotizados e eterizados pela vistosa, afrodisíaca e formosa excentricidade de ‘Amnesia’ à estarrecedora e ritualística boleia de duas guitarras encantadoras que se perseguem e dialogam entre majestosos, quiméricos e luxuosos riffs de natureza pérsica, e alucinantes, orgiásticos e borbulhantes solos de elevada toxicidade, um dominante baixo soberbamente Krauty de linhas pulsantes, onduladas, oleadas e magnetizantes, e ainda uma bem-humorada bateria Funky de apurada ritmicidade tribalista que trauteia toda esta seráfica peregrinação pelos esfíngicos desertos da nossa espiritualidade. Deixem-se absorver e entontecer pelo imersivo psicadelismo tropical aliado ao sónico experimentalismo sideral que envolvem, aclimatam e revolvem este ‘Amnesia’, e saboreiem com inteira ofuscação e submissão esta espirituosa e muito esperançosa estreia dos norte-americanos Marmalade Knives. Não vai ser fácil despertar de todo este mágico torpor que nos amortalhara do primeiro ao derradeiro tema. Ao contrário do que o seu título sugere, este é um disco excepcional que muito dificilmente será esquecido por quem nele naufragar. Empoeirem-se na sua ataráxica misticidade.

Review: ⚡ Jackie Treehorn Ave. - 'Nervous Breakdown Blues' (2020) ⚡

Desabrochado e achado pelos tímidos raios solares que avivavam a ainda embaciada e orvalhada aurora do recém-nascido 2020, o adorável álbum de estreia do tridente italiano Jackie Treehorn Ave. representava um claro prenuncio de que estaríamos prestes a testemunhar e vivenciar todo o crescente e opulento esplendor de um ano musicalmente farto. E assim tem sido. Sediada na cidade de Vicenza, esta formação mediterrânica tem em ‘Nervous Breakdown Blues’ um fabuloso álbum detentor de uma atmosfera deveras melancólica, narcótica e cinematográfica que nos pacifica os sentidos, amortece o espírito e convida a uma compenetrada introspecção. Lançado muito recentemente sob a forma física de CD (numa edição de cunho autoral) esta auspiciosa estreia de Jackie Treehorn Ave. vem aureolada e embriagada por um envolvente, meditativo, lenitivo e deslumbrante Psychedelic Rock em harmoniosa parceria com um ocioso, etéreo, erótico e pantanoso Heavy Blues que nos gravitam e magnetizam ao longo de toda esta ataráxica, febril e lisérgica hipnose. De olhar semi-cerrado, narinas dilatadas e cabeça baloiçante somos fascinados e canalizados pela onírica, extasiante, afagante e afrodisíaca sonoridade de ‘Nervous Breakdown Blues’ rumo a um desanuviado e ensolarado estado de pleno transe espiritual. Com o nosso imaginário remetido para as infindáveis planuras de um solitário deserto pincelado pela luzência crepuscular de um dia acabado de ser derrotado pela noite cósmica, somos tocados e massajados nas zonas erógenas do cérebro por uma guitarra messiânica de fibrosos, lascivos e vaidosos Riffs tricotados a misticismo e solos uivantes, diáfanos, alucinógenos e serpenteantes, um baixo carrancudo de linhas tonificadas e sombreadas a uma possante, hipnótica e murmurante reverberação, uma bateria diligente detidamente entregue a uma relaxada, ligeira, fluida e descomplicada ritmicidade, e ainda duas sedosas, mornas, laxativas e airosas vozes que se encontram e desencontram numa agradável, melosa e venerável conjugação vocal. Alcanço o final deste enternecedor, anestésico e arrebatador ‘Nervous Breakdown Blues’ de lucidez evadida e embriaguez induzida. E é ainda de ouvidos salivantes e alma estacionada num doce e prazeroso estádio de profunda inércia que condecoro este trabalho como um dos mais paradisíacos e petrificantes do ano. Esta é a banda-sonora perfeita para se deixarem embalar e emancipar num dos mais admiráveis e reconfortantes sonhos acordados das vossas vidas.

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Review: ⚡ Frozen Planet 1969 - 'Cold Hand Of A Gambling Man' (2020) ⚡

Da cidade de Sydney (Austrália) chega-nos mais um renovado capítulo folheado pelas intuitivas, envolventes, viajantes e criativas jam's de natureza exclusivamente instrumental, superiormente nutridas e conduzidas pelo inesgotável power-trio Frozen Planet 1969, que desde o já longínquo ano de 2013 deflagram toda a extensão discográfica da banda. Intitulado de ‘Cold Hand Of A Gambling Man’ e com a data do seu lançamento oficial tripartida pelos diferentes formatos que o representam: digital (disponível a partir de amanhã, 22 de Abril, pela mão do selo caseiro Pepper Shaker Records), CD (agendado para o próximo dia 29 de Abril igualmente através do seu selo autoral Pepper Shaker Records) e vinil (este último adiado apenas para dia 15 de Maio pela mão da editora holandesa HeadSpin Records), este novo álbum da produtiva e inventiva formação australiana simboliza a sequela conceptual – como o seu artwork assim denuncia – principiada pelo seu antepenúltimo trabalho ‘The Heavy Medicinal Grand Exposition’ aqui devidamente desconstruído e elogiado em 2018. A par do que acontece com os seus numerosos antecessores, ‘Cold Hand Of A Gambling Man’ vem oxigenado por um evolutivo, magnetizante, sideral e imersivo Heavy Psych de instrumentos farolizados e influenciados pelas incandescentes fornalhas estelares que combatem de forma desigual todo o inestimável negrume cósmico. De cabeça pesadamente arremessada para um constante movimento pendular de ombro a ombro e alma inteiramente enfeitiçada e exorcizada pela mística e enigmática radiância astral, somos atrelados à absorvente, convidativa, lenitiva e eloquente sonoridade de Frozen Planet 1969, e vagueados pela expansiva vacuidade de um Cosmos bocejante. Deixem-se embalar, siderar e extasiar pelo exótico experimentalismo transpirado e desdobrado por uma intoxicante guitarra de semente alienígena que se esvaia em atordoantes, desfigurados, ácidos e delirantes solos, pela magnética ressonância vociferada por um baixo ronronante que se carrega ao volante de linhas pulsantes, densas, fluídas e ondeantes, e pela ritmicidade Funky trauteada e pavoneada por uma bateria relaxante, deleitosa, engenhosa e reconfortante. De espalhar também a apologia pelo detalhado, animado e fantástico artwork de créditos apontados ao artista gráfico John Debono-Cullen (igualmente responsável pelo visual do primeiro álbum pertencente a esta sequela). ‘Cold Hand Of A Gambling Man’ tem a edénica capacidade de nos oscilar entre uma mélica lisergia e uma anestésica euforia. Sintam-se perecer num súbito desmaio de prazer e embevecer ao apaladado sabor das etéreas brisas suspiradas pelos obstinados Frozen Planet 1969 e as suas tão características jam's.