sexta-feira, 31 de maio de 2024
quinta-feira, 30 de maio de 2024
terça-feira, 28 de maio de 2024
segunda-feira, 27 de maio de 2024
Review: 🏰 Magic Machine - 'Castle in the Sky' (2024) 🏰
Da cidade australiana
de Sydney chega-nos o excitante terceiro álbum do irreverente quarteto Magic
Machine, intitulado ‘Castle in the Sky’ e lançado na segunda metade
do passado mês de Abril através dos formatos LP e digital. Resultante da delirante
combinação entre um dançante, buliçoso, fogoso e empolgante Garage Rock e
um exótico, refrescante, deslumbrante e caleidoscópico Heavy Psych, este
multicolorido, polposo, espirituoso e apaladado cocktail sonoro – que
nos deixa os lábios açucarados, a língua apimentada, as maçãs do rosto rosadas
e o espírito totalmente arrebatado – subtrai a lucidez e atesta de embriaguez
todo aquele que o degustar. Vibrante, magnetizante, enérgica e contagiante, a musicalidade desta indisciplinada turma
australiana partilha as mesmas características de outras formações autóctones
como King Gizzard and The Lizard Wizard, The Murlocs e ORB,
bem como de forasteiras como as francesas The Socks e Sunder, as
norte-americanas Fuzz e The Gorlons, a austríaca The Heavy Minds e a portuguesa Travo. Saltitando
entre o fervilhante e o refrigerante, o belicoso e o amistoso, o vertiginoso e
o vagaroso, o sufocante e o arejado, percorremos todo um vasto espectro climatérico
e emocional que nos mantém de fascinação incendiada e atrelada a ‘Castle in
the Sky’ do primeiro ao derradeiro tema. Um chamejante banho de
enfeitiçante, imersivo e provocante psicadelismo de maneiras rebeldes que nos inunda,
empurra para o meio da pista de dança e desencaixa o quadril. São 43 minutos tanto
incinerados pela alucinante euforia quanto ventilados pela reflexiva ataraxia. Um
mastodôntico tsunami de boas sensações que nos naufraga sem boia de salvação. De
pupilas ampliadas, maxilares cerrados, narinas dilatadas e cabeça rodopiante
somos aspirados por esta enlouquecedora, hipnótica e libertadora espiral – sem
portal de saída – à alucinante boleia de uma guitarra intoxicante que liberta instigantes,
invertebrados, serpenteados e viciantes riffs – consumidos pela inflamante
erosão do electrizante efeito Fuzz – de onde disparam e descarrilam solos
estonteantes, vistosos, venenosos e trepidantes, um baixo dominante de linhas
possantes, musculosas, oleosas e ondeantes, um mágico teclado de mugidos intrigantes,
alienígenas, encaracolados e bailantes, uma bateria propulsiva a trote de um
ritmo expressivo, intenso, frenético e explosivo, e uma voz liderante de
expressão traquina, ecoante, avinagrada e diabrina que ferve neste revolto mar
de lavaredas. Chego ao fim desta frenética montanha-russa de mãos apoiadas nos
joelhos, atordoado, ofegante e com um pé nas escorregadias fronteiras do
delíquio. Estão todos convidados para esta carnavalesca festa no castelo. Embalem no esponjoso, delicioso e bem-disposto groove desta
centrifugadora chamada Magic Machine, e experienciem – com total entrega
e sem qualquer moderação – todo o incontido, vivaz e colorido entusiasmo transudado
por um dos meus álbuns favoritos do ano vigente.
domingo, 26 de maio de 2024
sábado, 25 de maio de 2024
sexta-feira, 24 de maio de 2024
quinta-feira, 23 de maio de 2024
terça-feira, 21 de maio de 2024
segunda-feira, 20 de maio de 2024
Review: 🤡 Great Fool - 'Resist' (2024) 🤡
Com o seu epicentro
localizado na cidade do Porto, chegam-nos as palpáveis ondas sísmicas provocadas
pelos vibrantes Great Fool, que acabam de detonar o seu impactante álbum
de estreia denominado ‘Resist’. Lançado sob as formas de CD e digital –
ambas com o carimbo editorial de autor – este primeiro passo discográfico do
quarteto português (que mais se assemelha a um salto olímpico) empurra o ouvinte – a passos apressados e decididos, palavras de ordem
gritadas e punhos firmemente cerrados ao alto – para a turbulenta medula de um populoso,
barulhento e acintoso motim. Fazendo de um fogoso, arenoso e provocante Desert
Rock carburado à boa e velha moda dos 90’s, um electrizante, tóxico e
escaldante Heavy Psych de insubordinação Garage e ainda um elegante,
libidinoso e odoroso Blues Rock de contagiante balanço boogie as suas bandeiras
e armas contestatárias, os Great Fool disseminam a sua doutrina
revolucionária da pauta musical para as ruas da cidade. Combinando a sedutora
fogosidade, a psicotrópica efervescência e a irresistível graciosidade trazidas
de bandas como Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Slo Burn, Unida,
Lowrider, Dozer, Fatso Jetson, Radio Moscow, JOY,
The Black Wizards e Banquet, a ardente, irrequieta e irreverente
sonoridade de ‘Resist’ tem a capacidade de nos sobreaquecer, estremecer
e enlouquecer numa incansável, transpirada e indomável dança que nos mantém
ligados à corrente do primeiro ao derradeiro tema. São 40 minutos fervilhados
por uma intensa combustão lavrada por uma voz liderante de estirpe melódica, megafónica,
felina e enfeitiçante, uma guitarra extraordinária – gaseificada pela crocante
distorção do Fuzz e magicada pelo delirante pedal wah-wah – que
se desdobra em encaracolados, escorregadios, fugidios e torneados riffs
de onde esvoaçam borbulhantes, ácidos e alucinantes solos, um baixo carnudo de umbrosas,
bailantes, hipnóticas e polposas linhas desenhadas a negrito, e ainda uma
bateria galopante de baquetas em chamas que tiquetaqueia e incendeia todos os
temas com a sua enfática, vertiginosa, aparatosa e acrobática ritmicidade. O labiríntico e vistoso artwork de traço criativo, soberbamente detalhado e imensamente
apelativo – onde os nossos olhos de pupilas dilatadas se perdem e encontram –
aponta os seus créditos autorais à talentosa ilustradora portuguesa Echo Echo Illustrations. Este é um álbum bravo, ousado, excitante e tremendamente
viciante que obriga o ávido ouvinte a reproduzi-lo vezes e vezes sem conta. ‘Resist’
é música de intervenção moderna usada para capitanear a revolução. Juntem-se a esta crescente
rebelião de inconformados que resistem à tentação de cair nos braços da alienação e transformem o vosso mundo, desfazendo-se de velhos hábitos e crenças
para que possam então criar algo novo, melhor e mais justo.
domingo, 19 de maio de 2024
sábado, 18 de maio de 2024
sexta-feira, 17 de maio de 2024
quinta-feira, 16 de maio de 2024
quarta-feira, 15 de maio de 2024
terça-feira, 14 de maio de 2024
segunda-feira, 13 de maio de 2024
Review: ☄️ Black Pyramid - 'The Paths of Time are Vast' (2024) ☄️
Despertado de
uma longa e muda hibernação com mais de uma década de duração, este mastodôntico
vulcão volta a acender as suas incandescentes fornalhas, a cuspir faúlhas em chamas e a entrar em barulhenta
erupção. ‘The Paths of Time are Vast’ é o muito ansiado quarto e novo álbum
do potente tridente norte-americano Black Pyramid que vê finalmente a
luz do dia pela mão do selo discográfico francês Totem Cat Records sob as
formas LP, CD e digital. De instrumentos apontados ao místico território astral,
‘The Paths of Time are Vast’ é um revolto caldeirão em borbulhante
ebulição onde é remexida a pesada, espessa e possante sonoridade de intensa fogosidade
– patenteada nos seus trabalhos antecessores – e a mesma condimentada com um colorido,
arejado e sofisticado experimentalismo que a desconstrói, desoprime e desafoga.
Aprisionados e baloiçados numa dança orbital – de consagração espiritual, expansão
sensorial e emancipação consciencial – em torno de um montanhoso, oleoso e
enérgico Stoner Metal, um sísmico, ritualístico e carregado Doom
Metal e ainda um efervescente, erodente e intoxicante Heavy Psych,
tanto somos obscurecidos, intimidados e trucidados pela colossal potência de diabólica
impetuosidade que nos inflama de incontida euforia, como ocasionalmente somos comovidos,
anestesiados e conduzidos a um nirvânico estádio de reflexiva letargia. Um
constante pêndulo que vagueia entre a sufocante turbulência e a relaxante dormência.
De olhos cravados no horizonte cósmico, embarcamos numa imaginativa, enfeitiçante
e criativa odisseia extraterrestre, driblando o abraço gravitacional dos pálidos
e solitários astros que vêm à tona das abissais profundezas do oceano espacial,
empoeirando a nossa alma por entre fantasmagóricas nebulosas que explodem e
espalham colorações caleidoscópicas nos negros céus da eterna noite sideral, e escorregando
pelos alucinantes túneis de vorazes buracos negros que descoordenam o
espaço-tempo. A sua musicalidade complexa, heterogénica e cinematográfica – que
partilha o ADN sonoro com bandas como Zoroaster, Elder, YOB,
REZN e Mastodon – é superiormente orquestrada por uma imperiosa guitarra
de pronúncia Iommi’esca – consumida por uma distorção
crocante, crepitante e corrosiva – que hasteia monstruosos, rugosos, viscosos e
chamejantes riffs de onde serpenteiam ecoantes, ácidos, translúcidos e
uivantes solos em sónica debandada, um baixo massivo de linhas nervudas, obscuras,
asfixiantes e sisudas, uma bateria explosiva de açoitadas altivas,
intempestivas, violentas e abrasivas, teclados litúrgicos de mugidos
dramáticos, melancólicos e enigmáticos, e uma voz vampírica de tez avinagrada, urticante
e assanhada e lírica dedicada a temas como a guerra, o oculto, o esotérico e a
alienação da raça humana. São 70 minutos de um poderoso cataclismo com a força
de abalar e renovar consciências. Nunca a sedação e a agitação viveram tão
próximas uma da outra. Apertem bem os cintos para melhor lidarem com galopadas
vertiginosas, travagens bruscas e passagens celestiais desdobradas em slow-motion. Depois de dantescas tempestades seguidas de miraculosas bonanças, no final reina a febril
narcose que nos deixa à deriva na infinita vacuidade sideral. ‘The Paths of
Time are Vast’ representa o regresso triunfante de uma banda muito estimada
por todos os velhos apreciadores dos géneros em que a mesma se engaveta. Que
este vulcão trazido à vida continue a vomitar lava durante muitos, muitos anos,
pois cá estaremos para surfá-la.
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domingo, 12 de maio de 2024
sexta-feira, 10 de maio de 2024
quinta-feira, 9 de maio de 2024
quarta-feira, 8 de maio de 2024
terça-feira, 7 de maio de 2024
segunda-feira, 6 de maio de 2024
Review: 🌲 Freeways - 'Dark Sky Sanctuary' (2024) 🌲
Quatro anos
volvidos após o nascimento do seu glorioso álbum de estreia ‘True Bearings’
(aqui trazido e imoderadamente elogiado), o quarteto canadiano Freeways
– domiciliado na cidade de Brampton (Ontário, Toronto) – regressa
agora com o lançamento do seu tão aguardado sucessor. Intitulado ‘Dark Sky
Sanctuary’ e carimbado editorial da discográfica germânica Dying
Victims Productions (companhia fielmente dedicada ao lado underground
da música Metal) através dos formatos LP, CD e digital, este segundo
trabalho de longa duração produzido por esta muito estimada formação norte-americana
dissemina a doce fragância de um dourado revivalismo – tingido a comovente nostalgia
– que combina um lubrificado, harmonioso, libidinoso e condimentado Hard
Rock de roupagem clássica resgatado da segunda metade da década de 1970, e
um melodioso, refinado, abrasado e amistoso Heavy Metal de estirpe tradicionalista
locomovido à boa moda dos 80’s. Com influências comungadas de carismáticas
referências dos géneros como Scorpions, UFO, Blue Öyster Cult,
Thin Lizzy, April Wine, Budgie, Def Leppard, Journey, Skid
Row, Montrose, Saxon, Aerosmith, Eagles e Whitesnake, bem como de outras mais contemporâneas como as suecas Hypnos e Svartanatt, a irresistível sonoridade de Freeways transporta-nos no tempo e no
espaço para uma descontraída viagem rodoviária de punho firmemente cerrado no volante
e o outro a embater entusiasticamente no tejadilho de um velho Ford Bronco de
1980 pelas terrosas, solitárias e sinuosas estradas rurais que estriam densas florestas
montanhosas que conservam nevões de uma brancura nívea e todo um esplendor
invernal, e se desdobram debaixo da vigilância apertada de alaranjados céus
crepusculares que resistem à chegada da noite. ‘Dark Sky Sanctuary’ é
aquela cassete perdida, esquecida durante decénios no interior do velho carro
do teu pai, agora finalmente encontrada e devolvida à vida. Sintonizados nesta preciosa
estação de rádio nostalgia.fm que nos incendeia o olhar, desabrocha o
sorriso e faz suspirar, embarcamos numa emocionante, inesquecível e
reconfortante viagem à comovente boleia de uma voz liderante de pele melodiosa,
açucarada, encerada e refrescante, duas guitarras siamesas que se redemoinham em
sensuais danças de voluptuosos, viciantes, maleáveis e apetitosos riffs e
esvoaçantes, escorregadios, fugidios e deslumbrantes solos em vertiginosa debandada,
um baixo ondulante de bafo fibroso, palpável, quente e umbroso, e uma empolgante
bateria com a irrepreensível precisão de um relógio suíço que tiquetaqueia todo
este fabuloso álbum a um galope constante, bem-disposto e magnetizante. Este é
um registo imensamente cativante que nos obriga a reproduzi-lo vezes sem conta.
São 34 minutos integralmente passados na agradável companhia de uma
musicalidade elegante, melíflua, lustrosa e apaixonante – de fácil digestão e ardente
tentação – que nos seduz e conduz – de olhar lançado na direcção do passado e o
coração atestado de um transbordante sentimento de pura nostalgia – pelas aventurosas
estradas de Freeways. Calcem aquelas texanas enrugadas, vistam aquelas
velhas calças de ganga rasgadas, aquela grossa camisa de flanela desbotada e aquele
negro casaco de cabedal esfolado, e saltem para as irrequietas costas deste álbum. Um dos
meus discos favoritos de 2024 está aqui.
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