sábado, 18 de maio de 2024
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terça-feira, 14 de maio de 2024
segunda-feira, 13 de maio de 2024
Review: ☄️ Black Pyramid - 'The Paths of Time are Vast' (2024) ☄️
Despertado de
uma longa e muda hibernação com mais de uma década de duração, este mastodôntico
vulcão volta a acender as suas incandescentes fornalhas, a cuspir faúlhas em chamas e a entrar em barulhenta
erupção. ‘The Paths of Time are Vast’ é o muito ansiado quarto e novo álbum
do potente tridente norte-americano Black Pyramid que vê finalmente a
luz do dia pela mão do selo discográfico francês Totem Cat Records sob as
formas LP, CD e digital. De instrumentos apontados ao místico território astral,
‘The Paths of Time are Vast’ é um revolto caldeirão em borbulhante
ebulição onde é remexida a pesada, espessa e possante sonoridade de intensa fogosidade
– patenteada nos seus trabalhos antecessores – e a mesma condimentada com um colorido,
arejado e sofisticado experimentalismo que a desconstrói, desoprime e desafoga.
Aprisionados e baloiçados numa dança orbital – de consagração espiritual, expansão
sensorial e emancipação consciencial – em torno de um montanhoso, oleoso e
enérgico Stoner Metal, um sísmico, ritualístico e carregado Doom
Metal e ainda um efervescente, erodente e intoxicante Heavy Psych,
tanto somos obscurecidos, intimidados e trucidados pela colossal potência de diabólica
impetuosidade que nos inflama de incontida euforia, como ocasionalmente somos comovidos,
anestesiados e conduzidos a um nirvânico estádio de reflexiva letargia. Um
constante pêndulo que vagueia entre a sufocante turbulência e a relaxante dormência.
De olhos cravados no horizonte cósmico, embarcamos numa imaginativa, enfeitiçante
e criativa odisseia extraterrestre, driblando o abraço gravitacional dos pálidos
e solitários astros que vêm à tona das abissais profundezas do oceano espacial,
empoeirando a nossa alma por entre fantasmagóricas nebulosas que explodem e
espalham colorações caleidoscópicas nos negros céus da eterna noite sideral, e escorregando
pelos alucinantes túneis de vorazes buracos negros que descoordenam o
espaço-tempo. A sua musicalidade complexa, heterogénica e cinematográfica – que
partilha o ADN sonoro com bandas como Zoroaster, Elder, YOB,
REZN e Mastodon – é superiormente orquestrada por uma imperiosa guitarra
de pronúncia Iommi’esca – consumida por uma distorção
crocante, crepitante e corrosiva – que hasteia monstruosos, rugosos, viscosos e
chamejantes riffs de onde serpenteiam ecoantes, ácidos, translúcidos e
uivantes solos em sónica debandada, um baixo massivo de linhas nervudas, obscuras,
asfixiantes e sisudas, uma bateria explosiva de açoitadas altivas,
intempestivas, violentas e abrasivas, teclados litúrgicos de mugidos
dramáticos, melancólicos e enigmáticos, e uma voz vampírica de tez avinagrada, urticante
e assanhada e lírica dedicada a temas como a guerra, o oculto, o esotérico e a
alienação da raça humana. São 70 minutos de um poderoso cataclismo com a força
de abalar e renovar consciências. Nunca a sedação e a agitação viveram tão
próximas uma da outra. Apertem bem os cintos para melhor lidarem com galopadas
vertiginosas, travagens bruscas e passagens celestiais desdobradas em slow-motion. Depois de dantescas tempestades seguidas de miraculosas bonanças, no final reina a febril
narcose que nos deixa à deriva na infinita vacuidade sideral. ‘The Paths of
Time are Vast’ representa o regresso triunfante de uma banda muito estimada
por todos os velhos apreciadores dos géneros em que a mesma se engaveta. Que
este vulcão trazido à vida continue a vomitar lava durante muitos, muitos anos,
pois cá estaremos para surfá-la.
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domingo, 12 de maio de 2024
sexta-feira, 10 de maio de 2024
quinta-feira, 9 de maio de 2024
quarta-feira, 8 de maio de 2024
terça-feira, 7 de maio de 2024
segunda-feira, 6 de maio de 2024
Review: 🌲 Freeways - 'Dark Sky Sanctuary' (2024) 🌲
Quatro anos
volvidos após o nascimento do seu glorioso álbum de estreia ‘True Bearings’
(aqui trazido e imoderadamente elogiado), o quarteto canadiano Freeways
– domiciliado na cidade de Brampton (Ontário, Toronto) – regressa
agora com o lançamento do seu tão aguardado sucessor. Intitulado ‘Dark Sky
Sanctuary’ e carimbado editorial da discográfica germânica Dying
Victims Productions (companhia fielmente dedicada ao lado underground
da música Metal) através dos formatos LP, CD e digital, este segundo
trabalho de longa duração produzido por esta muito estimada formação norte-americana
dissemina a doce fragância de um dourado revivalismo – tingido a comovente nostalgia
– que combina um lubrificado, harmonioso, libidinoso e condimentado Hard
Rock de roupagem clássica resgatado da segunda metade da década de 1970, e
um melodioso, refinado, abrasado e amistoso Heavy Metal de estirpe tradicionalista
locomovido à boa moda dos 80’s. Com influências comungadas de carismáticas
referências dos géneros como Scorpions, UFO, Blue Öyster Cult,
Thin Lizzy, April Wine, Budgie, Def Leppard, Journey, Skid
Row, Montrose, Saxon, Aerosmith, Eagles e Whitesnake, bem como de outras mais contemporâneas como as suecas Hypnos e Svartanatt, a irresistível sonoridade de Freeways transporta-nos no tempo e no
espaço para uma descontraída viagem rodoviária de punho firmemente cerrado no volante
e o outro a embater entusiasticamente no tejadilho de um velho Ford Bronco de
1980 pelas terrosas, solitárias e sinuosas estradas rurais que estriam densas florestas
montanhosas que conservam nevões de uma brancura nívea e todo um esplendor
invernal, e se desdobram debaixo da vigilância apertada de alaranjados céus
crepusculares que resistem à chegada da noite. ‘Dark Sky Sanctuary’ é
aquela cassete perdida, esquecida durante decénios no interior do velho carro
do teu pai, agora finalmente encontrada e devolvida à vida. Sintonizados nesta preciosa
estação de rádio nostalgia.fm que nos incendeia o olhar, desabrocha o
sorriso e faz suspirar, embarcamos numa emocionante, inesquecível e
reconfortante viagem à comovente boleia de uma voz liderante de pele melodiosa,
açucarada, encerada e refrescante, duas guitarras siamesas que se redemoinham em
sensuais danças de voluptuosos, viciantes, maleáveis e apetitosos riffs e
esvoaçantes, escorregadios, fugidios e deslumbrantes solos em vertiginosa debandada,
um baixo ondulante de bafo fibroso, palpável, quente e umbroso, e uma empolgante
bateria com a irrepreensível precisão de um relógio suíço que tiquetaqueia todo
este fabuloso álbum a um galope constante, bem-disposto e magnetizante. Este é
um registo imensamente cativante que nos obriga a reproduzi-lo vezes sem conta.
São 34 minutos integralmente passados na agradável companhia de uma
musicalidade elegante, melíflua, lustrosa e apaixonante – de fácil digestão e ardente
tentação – que nos seduz e conduz – de olhar lançado na direcção do passado e o
coração atestado de um transbordante sentimento de pura nostalgia – pelas aventurosas
estradas de Freeways. Calcem aquelas texanas enrugadas, vistam aquelas
velhas calças de ganga rasgadas, aquela grossa camisa de flanela desbotada e aquele
negro casaco de cabedal esfolado, e saltem para as irrequietas costas deste álbum. Um dos
meus discos favoritos de 2024 está aqui.
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