Três anos
depois de lançado (e aqui imoderadamente elogiado) o seu ardente álbum
de estreia denominado ‘No les queda tanto Tiempo’, o electrizante power-trio
argentino Madera Raíz – residente na vibrante cidade-capital de Buenos
Aires – apresenta-nos agora o seu inesperado e sensacional segundo trabalho
apelidado ‘Ceremonia’ e editado através do exclusivo formato digital com
carimbo autoral. Electrificado por um serpenteante, oleoso, libidinoso e
provocante Heavy Blues de afrodisíaco balanço boogie, tonificado
por um torneado, musculoso, viçoso e sombreado Hard Rock de titânico galope
setentista, e colorido por um delirante, caleidoscópico, sónico e intoxicante Psychedelic
Rock de efervescência sessentista, este entusiasmante álbum forjado no fogo
pelo tridente argentino colhe inspiração nos clássicos Pappo’s Blues, Aeroblus, Rory
Gallagher’s Taste, Cactus, Jimi Hendrix e ZZ Top,
assim como em referências da contemporaneidade como Radio Moscow, Ambassador,
Joy, Amplified Heat, Prisma Circus e Cachemira. A sua sonoridade imensamente
estimulante, fluída, apimentada e dançante obriga o ouvinte – numa explícita
manifestação de puro e incontido prazer – a cravar os dentes nos lábios,
revirar os olhos, baloiçar a cabeça num constante ricochete de ombro em ombro e
ondular o corpo num compenetrado bailado. Foi um sério caso de amor à primeira
audição. ‘Ceremonia’ é uma vulcânica combustão de endorfinas que nos contagia,
impressiona e inebria sem qualquer comedimento. Um poderoso alucinógeno de
imersivo psicadelismo e extravagante erotismo que nos embevece, endoidece e
excita do primeiro ao último minuto. Escaldem-se nas multicoloridas lavaredas
cuspidas por uma fantástica guitarra Hendrix’eana que se bamboleia em reptilianos,
roliços, movediços e jupiterianos riffs abrasados a rugosa, arenosa e
crocante distorção, e ziguezagueia em sinuosos, trepidantes, estonteantes e virtuosos
solos de acidez psicotrópica, obscureçam-se na densa, tensa e palpável
reverberação de um baixo fibroso carburado a magnetizantes, encaracoladas, carnudas
e possantes linhas desenhadas a negrito, entrem em erupção à instigante emancipação
de uma endiabrada bateria esporeada a acrobática leveza e exótica destreza, e percam-se
no feitiço de uma liderante voz condimentada a uma aspereza felina que monta e agarra
firmemente as rédeas deste endemoninhado rodeo sem nunca cair da sela. Este é indubitavelmente
um dos meus álbuns favoritos do ano. Um registo irresistivelmente suculento e
escandalosamente viciante que nos deixa de olhar incendiado e boca salivante. Uma
impetuosa, ciclónica e vertiginosa montanha-russa de emoções à flor da pele que
nos varre e centrifuga sem qualquer misericórdia. Bebam este urticante trago de
Blues selvagem – irrepreensivelmente executado por Madera Raíz – e
cambaleiem, felizes, temulentos e trôpegos, pelas misteriosas, sinuosas e
escorregadias ruas de ‘Ceremonia’.
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