Da cidade canadiana de Vancouver
chega-nos a gloriosa estreia do excitante power-trio Heavy Trip.
Envergando a designação homónima e tendo o seu lançamento oficial mapeado para
o próximo dia 28 do presente mês de Março (sábado) sob a forma física de vinil
e digital, este sensacional álbum conjuga a afrodisíaca extravagância de Jimi
Hendrix com a altiva obscuridade de Black Sabbath. Lavrado por um provocante,
fogoso, revoltoso e delirante Heavy Psych de elevada toxicidade que se esperneia
e enlameia num pantanoso, intrigante, luciférico e poderoso Proto-Doom de
essência ritualística, ‘Heavy Trip’ é gravitado e capitaneado por magnetizantes,
ácidas, esponjosas e impactantes jams – de natureza exclusivamente instrumental
– que facilmente nos abafam a lucidez e inundam de uma febril e euforizante
embriaguez. Totalmente absorvidos nesta chamejante, profunda e fumegante efervescência
sonora, somos embalados pelo berrante exotismo de uma guitarra faraónica que se
manifesta em riffs tenebrosos, soberanos, massivos e vigorosos de onde
desabrocham borbulhantes, desvairados, turbinados e atordoantes solos, pelo
pesado rugido de um baixo imponente que canaliza toda a sua trovejante reverberação
em linhas possantes, hipnóticas e navegantes, e pela enérgica galopada irrepreensivelmente
esporeada por uma rumorosa bateria de desembaraçada, acrobática e apressada ritmicidade
conduzida a pura adrenalina. São estes os três ingredientes que quando fundidos
resultam numa emocionante e aparatosa explosão de endorfinas. De espalhar ainda
elogiosas palavras pelo prodigioso artwork de créditos facilmente apontados
ao já consagrado ilustrador californiano Alan Forbes que traduzira para
o universo visual tudo aquilo que a xamânica e psicotrópica musicalidade de Heavy
Trip edifica no imaginário do ouvinte. Este é um álbum verdadeiramente
piramidal. Um disco cabalmente oxigenado e saturado por uma catártica aura que
nos estremece e sobreaquece a alma, fazendo-a entrar numa bombástica erupção de
puro prazer. Confesso que ‘Heavy Trip’ era um dos registos por
mim mais ansiados do ano, portanto a expectativa a ele previamente dedicada era
mastodôntica. Mas não só o mesmo entupira essa mesma espaçosa esperança, como
lhe rasgara e trespassara as suas costuras fronteiriças, forçando-me a
vivenciá-lo de semblante boquiaberto e coração cavalgado a alta rotação do
primeiro ao derradeiro tema. São 36 minutos de uma impetuosa ardência que nos sacode
e implode de um incontido entusiasmo. Deixem-se impulsionar e fulminar à enlouquecedora
e libertadora boleia de Heavy Trip, e experienciem toda a dominante opulência
de um dos mais sérios e acreditados candidatos ao tão ambicionado título de
álbum do ano.
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