Da cidade de Montreal
(Québec, Canadá) chega-nos o vistoso álbum de estreia do power-trio
Sublunar Express. De designação homónima e oficialmente lançado no
início do passado mês de Junho sob a forma física de CD, este primeiro trabalho
de longa duração da jovem formação constituída em 2017 encerra um rico sortido
sonoro de onde facilmente se apalada um empolgante, ritmado, bizarro e dançante
Post-Punk, um atmosférico, sublimado e sidérico Space Rock, um contemplativo,
hipnótico e lenitivo Krautrock, e ainda um mágico, ébrio, prazeroso e
utópico Shoegaze de ambiência sonhadora. De inspiração apontada a Joy
Division, Farflung e Kraftwerk, a musicalidade deste tridente
canadiano desenterra-nos da gravidade terrestre e arremessa-nos na vertiginosa direcção
das mais lampejantes e extravagantes constelações que farolizam e vivificam o negro
solo cósmico. Ostentando ainda pequenos e discretos laivos de um psicadelismo obscuro
em intimista diálogo com um imaginativo Post-Rock, este complexo ‘Sublunar
Express’ enverga uma elegância muito característica que nos mantém de
atenção atrelada e estimulada ao longo dos cinco temas que o povoam. São 37 minutos
de um aparatoso cabaret que se esperneia e ostenta com grande expressividade e
altivez. Deixem-se intrigar e enfeitiçar por esta manifestação burlesca à
boleia de uma enigmática e sorumbática guitarra que se enfatiza em aristocráticos,
lúgubres e cabalísticos riffs de onde desabrocham uivantes, ácidos,
gélidos e delirantes solos, um baixo sombreado de linhas desenhadas a robustez,
consistência e rigidez, uma bateria magnetizante de galope pontapeado a uma firmeza
cativante, um deslumbrante sintetizador borrifador de uma abrangente e
aliciante ambiência alienígena, e uma voz inexpressiva, liderante, ecoante e
altiva – a fazer recordar o nostálgico Jim Morrison – que comanda toda
esta nau de âncora recolhida e velas içadas pelo vasto oceano cor de noite. De reverenciar
ainda a adorável presença de um virtuoso, excêntrico, edénico e garboso saxofone
que se envaidece e endoidece nas sinuosas estradas do penúltimo tema deste
disco. O opulento artwork – soberbamente desenhado, sombreado e detalhado
a grafite – que embeleza o rosto deste álbum pertence ao artista espanhol Joan Llopis Doménech. Este é um álbum verdadeiramente convincente que nos seduz
pela sua variedade e venustidade atmosférica. Um registo detentor de um tímido
e discreto secretismo que só com o acumular das audições se vai afastando da
sombra e dando a reconhecer.
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