sexta-feira, 19 de julho de 2019

Review: ⚡ Sublunar Express - 'Sublunar Express' (2019) ⚡

Da cidade de Montreal (Québec, Canadá) chega-nos o vistoso álbum de estreia do power-trio Sublunar Express. De designação homónima e oficialmente lançado no início do passado mês de Junho sob a forma física de CD, este primeiro trabalho de longa duração da jovem formação constituída em 2017 encerra um rico sortido sonoro de onde facilmente se apalada um empolgante, ritmado, bizarro e dançante Post-Punk, um atmosférico, sublimado e sidérico Space Rock, um contemplativo, hipnótico e lenitivo Krautrock, e ainda um mágico, ébrio, prazeroso e utópico Shoegaze de ambiência sonhadora. De inspiração apontada a Joy Division, Farflung e Kraftwerk, a musicalidade deste tridente canadiano desenterra-nos da gravidade terrestre e arremessa-nos na vertiginosa direcção das mais lampejantes e extravagantes constelações que farolizam e vivificam o negro solo cósmico. Ostentando ainda pequenos e discretos laivos de um psicadelismo obscuro em intimista diálogo com um imaginativo Post-Rock, este complexo ‘Sublunar Express’ enverga uma elegância muito característica que nos mantém de atenção atrelada e estimulada ao longo dos cinco temas que o povoam. São 37 minutos de um aparatoso cabaret que se esperneia e ostenta com grande expressividade e altivez. Deixem-se intrigar e enfeitiçar por esta manifestação burlesca à boleia de uma enigmática e sorumbática guitarra que se enfatiza em aristocráticos, lúgubres e cabalísticos riffs de onde desabrocham uivantes, ácidos, gélidos e delirantes solos, um baixo sombreado de linhas desenhadas a robustez, consistência e rigidez, uma bateria magnetizante de galope pontapeado a uma firmeza cativante, um deslumbrante sintetizador borrifador de uma abrangente e aliciante ambiência alienígena, e uma voz inexpressiva, liderante, ecoante e altiva – a fazer recordar o nostálgico Jim Morrison – que comanda toda esta nau de âncora recolhida e velas içadas pelo vasto oceano cor de noite. De reverenciar ainda a adorável presença de um virtuoso, excêntrico, edénico e garboso saxofone que se envaidece e endoidece nas sinuosas estradas do penúltimo tema deste disco. O opulento artwork – soberbamente desenhado, sombreado e detalhado a grafite – que embeleza o rosto deste álbum pertence ao artista espanhol Joan Llopis Doménech. Este é um álbum verdadeiramente convincente que nos seduz pela sua variedade e venustidade atmosférica. Um registo detentor de um tímido e discreto secretismo que só com o acumular das audições se vai afastando da sombra e dando a reconhecer.

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