📸 Anders Oddsberg | Scream Magazine
domingo, 30 de setembro de 2018
🎬 Cinema de Julho, Agosto e Setembro
A Quiet Place (2018) de
John Krasinski ★★★★☆
What we do in the Shadows (2014) de Jemaine Clement & Taika Waititi ★★★★★
Fury (2014) de David Ayer ★★★★☆
Suspiria (1977) de Dario Argento ★★★★☆
Villa Rides (1968) de Buzz Kulik ★★★☆☆
Isle of Dogs (2018) de Wes Anderson ★★★★☆
Gravity (2013) de Alfonso Cuarón ★★★★☆
The Unforgiven (1960) de John Huston ★★★☆☆
Bottle Shock (2008) de Randall Miller ★★☆☆☆
Whiplash (2014) de Damien Chazelle ★★★★★
The Ritual (2017) de David Bruckner ★★★★☆
The Grey (2011) de Joe Carnahan ★★★☆☆
Westworld S01 (2018) de Jonathan Nolan & Lisa Joy ★★★★★
The Tall Man (1955) de Raoul Walsh ★★★☆☆
Upgrade (2018) de Leigh Whannell ★★★★☆
Brawl in Cell Block 99 (2017) de S. Craig Zahler ★★★★☆
Comet (2014) de Sam Esmail ★★★☆☆
Hereditary (2018) de Ari Aster ★★★★☆
The Neon Demon (2016) de Nicolas Winding Refn ★★★☆☆
Morning of the Earth (1971) de Albert Falzon ★★★☆☆
Tourist Trap (1979) de David Schmoeller ★★★★☆
Angel Face (1953) de Otto Preminger ★★★★☆
Elle (2016) de Paul Verhoeven ★★★★☆
Witness for the Prosecution (1957) de Billy Wilder ★★★★★
Carnival of Souls (1962) de Herk Harvey ★★★☆☆
Saul Fia (2015) de László Nemes ★★★☆☆
House of Mortal Sin (1976) de Pete Walker ★★★★☆
What we do in the Shadows (2014) de Jemaine Clement & Taika Waititi ★★★★★
Fury (2014) de David Ayer ★★★★☆
Suspiria (1977) de Dario Argento ★★★★☆
Villa Rides (1968) de Buzz Kulik ★★★☆☆
Isle of Dogs (2018) de Wes Anderson ★★★★☆
Gravity (2013) de Alfonso Cuarón ★★★★☆
The Unforgiven (1960) de John Huston ★★★☆☆
Bottle Shock (2008) de Randall Miller ★★☆☆☆
Whiplash (2014) de Damien Chazelle ★★★★★
The Ritual (2017) de David Bruckner ★★★★☆
The Grey (2011) de Joe Carnahan ★★★☆☆
Westworld S01 (2018) de Jonathan Nolan & Lisa Joy ★★★★★
The Tall Man (1955) de Raoul Walsh ★★★☆☆
Upgrade (2018) de Leigh Whannell ★★★★☆
Brawl in Cell Block 99 (2017) de S. Craig Zahler ★★★★☆
Comet (2014) de Sam Esmail ★★★☆☆
Hereditary (2018) de Ari Aster ★★★★☆
The Neon Demon (2016) de Nicolas Winding Refn ★★★☆☆
Morning of the Earth (1971) de Albert Falzon ★★★☆☆
Tourist Trap (1979) de David Schmoeller ★★★★☆
Angel Face (1953) de Otto Preminger ★★★★☆
Elle (2016) de Paul Verhoeven ★★★★☆
Witness for the Prosecution (1957) de Billy Wilder ★★★★★
Carnival of Souls (1962) de Herk Harvey ★★★☆☆
Saul Fia (2015) de László Nemes ★★★☆☆
House of Mortal Sin (1976) de Pete Walker ★★★★☆
Review: ⚡ All Them Witches - ‘ATW’ (2018) ⚡
É justo começar por referir
que este era um dos álbuns mais aguardados do ano. Não só por mim, mas também
por todos os restantes aficionados de All
Them Witches, banda sediada na cidade norte-americana de Nashville (estado do Tennessee, EUA) que nos últimos anos tem visto o seu público alargar de forma
exponencial e sem qualquer moderação. Sintoma claro de um reconhecimento
meritório, essencialmente fundamentado na incrível amplitude criativa e
inspiradora de uma das bandas mais populares e fascinantes do momento. Sendo eu
um intratável apaixonado pelo seu segundo álbum (o inigualável ‘Lightning
At The Door’ nascido no já longínquo ano de 2013) e um apreciador bem
mais comedido em relação aos seus restantes trabalhos, este quinto e novo álbum
de designação homónima despertava em mim todo um incontrariável pressentimento
de estaria prestes a testemunhar todo o esplendor de um registo de natureza
irrepreensível. E assim se materializou essa expectativa previamente hasteada.
Lançado muito recentemente sob a forma física de CD e vinil através do selo
discográfico texano New West Records
(com o qual a banda vai amadurecendo a sua ligação contratual), ‘ATW’
presenteia o ouvinte com um delicioso cocktail
sonoro de onde sobressai um inflamante, exótico e provocante Psych Rock de inspiração setentista, matizado de um dançante, rústico,
refinado e inebriante Heavy Blues de
aroma clássico com ousadas mas felizes aproximações ao carismático Delta-Blues lavrado e desabrochado nas idosas
margens do rio Mississippi. A sua sonoridade de compleição heterogénea passeia-se
envaidecidamente numa deslumbrante conjugação entre a intensa robustez e a afável
suavidade, o ardente entusiasmo e a nirvânica mansidão, a elegante resplandecência
e a pesada obscuridade. São esses os estádios mentais que nos invadem a alma assim
que iniciamos e desenvolvemos a digressão pelas envolventes paisagens de ‘ATW’.
Maravilhem-se com a fabulosa ostentação de uma guitarra que se serpenteia e
incendeia em riffs hipnotizantes, fluídos,
inventivos e euforizantes, e se esgota em uivantes, labirínticos, expressivos e
desarmantes solos capazes de nos ferver e enlouquecer, um baixo murmurante de
linhas possantes, curvadas, dinâmicas e ondulantes que nos desprendem a cabeça
na sua perseguição, uma bateria arrojada e soberbamente conduzida a habilidade,
sentimento e objectividade que nos espreme toda a adrenalina acumulada, uma voz
mélica, edénica e delicada que sobrevoa todo o álbum com graciosa ternura, e
ainda um onírico e perfumado teclado – que com os seus sidéricos bailados – borrifa
de magia toda a atmosfera enfeitiçada de ‘ATW’. Este é um álbum produzido a
sensualidade, capricho e sensibilidade que certamente agradará tanto a gregos
como troianos. Deixem-se dissipar livremente pela paradisíaca torrente que
percorre as artérias desta inspirada obra de All Them Witches e sintam-se desaguar num perfeito estádio de transe que vos climatizará tão para lá
da duração do álbum. Verdadeira maviosidade em estado musical.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ New West Records
➥ Bandcamp
➥ New West Records
sábado, 29 de setembro de 2018
sexta-feira, 28 de setembro de 2018
Review: ⚡ Hypnos - ‘Set Fire to the Sky’ (2018) ⚡
Do território nórdico
chega-nos ‘Set Fire to the Sky’, o quarto e novo álbum do quinteto sueco Hypnos. Oficialmente lançado hoje mesmo
pela mão do influente selo discográfico local The Sign Records (responsável máximo pela promoção do que de melhor
acontece em território nacional no que à vertente underground da música Rock
diz respeito) em formato digital e nos formatos físicos de CD e vinil, este
novo trabalho da esplendorosa formação escandinava era um dos discos por mim
mais aguardados de 2018. Fortemente influenciada por um musculado, majestoso,
aristocrático e refinado Hard Rock
talhado nos dourados 70’s e pelo carismático movimento da New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM) hasteado no intervalo temporal entre 1970 e 1980 de onde se
destacaram bandas icónicas como Judas
Priest, Iron Maiden, Saxon e Def Leppard, a principesca sonoridade de ‘Set Fire to the Sky’ passeia-se
por entre uma vistosa, ostentosa, melódica e vigorosa fragância que me inebriara
e apaixonara com desenfreada prontidão e impetuosa comoção. Uma superior ode de
natureza clássica e revivalista que nos envolve e transporta para o consagrado romantismo
setentista. Numa agradável
alternância de estados sonoros e consequentemente emocionais – que tanto nos
esporeia, provoca e euforiza com vertiginosas e violentas cavalgadas, como nos
ameniza, afaga e narcotiza com harmoniosas e delicadas baladas – esta
caprichada obra de Hypnos tem o dom
de satisfazer o nosso desejo de requinte. São 43 minutos lavrados a fogosidade,
dinamismo e lubricidade que nos mantêm a ‘Set Fire to the Sky’ atrelados e
imensamente fascinados do primeiro ao último tema. Agitem-se ao electrizante som
de duas guitarras gémeas que se misturam e amuralham na criação e condução de luxuosos,
tirânicos, enigmáticos e portentosos riffs,
e se desprendem e desvairam na (des)controlada emancipação de trepidantes, arrebatadores,
incríveis e gritantes solos, uma voz felina, regada e temperada a opulência, voluptuosidade
e exuberância, um baixo diligente e bafejante de linhas vibrantes, tensas, densas
e pulsantes, e ainda uma explosiva e criativa bateria de constante propensão
ofensiva que tiquetaqueia e capitaneia toda esta épica ostentação. ‘Set
Fire to the Sky’ é um romanesco álbum de contornos epopeicos que facilmente
fará salivar todos os devotos peregrinos do clássico Hard Rock de orientação setentista.
Este é – indubitavelmente – um dos meus álbuns favoritos do género e um dos
mais sérios candidatos apontados aos lugares de maior destaque na lista dos
melhores discos produzidos em 2018.
quinta-feira, 27 de setembro de 2018
Review: ⚡ Dirty Streets - ‘Distractions’ (2018) ⚡
De Memphis – a cidade mais populosa do estado norte-americano do Tennessee – chega-nos a nova destilação
sonora do já carismático power-trio Dirty Streets. Depois de em 2015 ter
lançado ‘White Horse’ (examinado e reverenciado aqui), esta adorável
formação de instrumentos afinados e governados pelo bom e velho Blues está de volta com o seu novo e
quarto álbum designado ‘Distractions’. Apresentado no
passado dia 14 de Setembro sob a forma digital (através da sua página oficial de
Bandcamp) bem como nos formatos
físicos de CD e vinil (este último reduzido à prensagem de apenas 300 cópias
disponíveis), ‘Distractions’ exibe um requintado, erótico, ardente e deliciosamente
ritmado Blues Rock de descendência
clássica e em harmoniosa cumplicidade com um oleado, robusto, dinâmico e
torneado Hard Rock de inspiração setentista, e um emocionante, melódico e
contagiante Soul nascido da fusão
entre o Rhythm & Blues e o Gospel. A sua sonoridade elegante, carismática
e apaixonante – tingida e lavrada por uma atmosfera de natureza vintage – causa no ouvinte um entusiasmante
fascínio que – de sorriso desenhado no rosto, olhar semi-cerrado e levemente
embriagado, e cabeça detidamente entregue a um movimento pendular que a
balanceia de ombro a ombro – o mantem hipnotizado e extasiado da primeira à
derradeira balada. Herdeiros de nomes incontornáveis dos dourados e consagrados
60’s e 70’s tais como Cactus, Mountain, Bluee Cheer, MC5, James Brown, Leafhound, Grand Funk Railroad
e Jimi Hendrix, os Dirty Streets hasteiam uma primorosa musicalidade
atestada de sublimação, sentimento e vibração. Deixem-se perfumar, envolver e
conquistar por uma vistosa e primorosa guitarra que se enfatiza em atraentes, agradáveis,
calorosos e serpenteantes riffs e se
esquiva em solos verdadeiramente estonteantes, irresistíveis e impactantes, um baixo
groovy de dançantes, robustas e
pulsantes linhas conduzidas a volúpia, uma empolgante bateria soberbamente movimentada
a tecnicidade, subtiliza, leveza e excentricidade, e ainda uma voz docemente melodiosa,
aveludada, jovial e garbosa que cavalga com distinção toda esta espantosa e
eloquente performance. ‘Distractions’ foi-me um caso de
amor à primeira audição, e que – com o acumular de renovadas escutas – tem
subido variados degraus na admiração que há muito nutro pela banda natural de Tennessee. Bronzeiem-se na fogosa
resplandecência de Dirty Streets e
experienciem com total entrega e devoção um dos mais cativantes discos lançados
em 2018.
quarta-feira, 26 de setembro de 2018
terça-feira, 25 de setembro de 2018
Review: ⚡ Dusk - ‘High Radiation’ EP (2018) ⚡
Da populosa cidade austríaca
de Graz chega-nos ‘High
Radiation’, o poderoso EP de estreia do jovem quarteto Dusk. Lançado muito recentemente em
formato unicamente digital através da sua página oficial de Bandcamp, este seu primeiro, mas deveras
promissor, registo escuda-se num ostensivo, intenso, dinâmico e combativo Heavy Rock de tração setentista que nos
pontapeia, provoca e incendeia de adrenalina. São apenas 12 minutos de duração –
repartidos pelos três temas que o incorporam – mareados e climatizados por uma
vulcânica e excitante combustão. Este imperioso ‘High Radiation’
ostenta-se num admirável equilíbrio entre o peso e a leveza, a aspereza e
delicadeza, a robustez e ritmicidade. Uma desenfreada locomotiva que – carburada
por uma liderante voz de textura rugosa, ardente, erodente e vigorosa, uma elegante
guitarra de riffs vaidosos, soberanos
e majestosos, e solos vertiginosos, ácidos e assombrosos, um baixo operante
movido e conduzido a linhas oscilantes, tensas e reverberantes, e uma expressiva
bateria de galope acelerado, explosivo e desembaraçado – nos inebria, estimula
o ritmo cardíaco e abastece de uma prazerosa euforia. Este inatacável EP de Dusk representa uma auspiciosa estreia que
certamente deixará todos os seus ouvintes em constante fascinação e salivação. Recostem-se
confortavelmente, apertem firmemente os cintos, cravem o vosso olhar no
firmamento e preparem-se para uma electrizante, frenética e atordoante viagem à
selvática boleia de ‘High Radiation’. Um dos mais entusiasmantes EP’s de 2018 está
aqui, na tumultuosa alma dos austríacos Dusk.
Banhem-se e incinerem-se na sua alta radiação.
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
domingo, 23 de setembro de 2018
sábado, 22 de setembro de 2018
Review: ⚡ Key Machine - ‘Revival’ (2018) ⚡
De Ontário – a província mais populosa do Canadá – chegam-nos as adoráveis e reconfortantes brisas
revivalistas de Key Machine com a
apresentação do seu surpreendente álbum de estreia ‘Revival’. Lançado oficialmente
em território primaveril sob a forma física de cassete (reduzida a uma edição
ultra-limitada), este apaixonante registo ostenta – como o seu próprio nome sugere
– uma sonoridade de textura vintage, devidamente
tricotada e ensolarada por um agradável, voluptuoso, garboso e imperturbável Folk Rock fielmente resgatado aos
dourados anos 60, um musculoso, oleado, torneado e vistoso Hard Rock de indiscreta influência e essência setentista, e ainda um mélico, harmonioso, vaidoso e carismático Blues Rock de fragância clássica que
nos contagia e instiga a dançá-lo e venerá-lo sem qualquer moderação. Confesso ter sentido
por este álbum uma súbita sensação de amor à primeira audição que se
intensificara com o acréscimo de renovadas passeatas pelas idílicas paisagens
sonoras que o mesmo encerra. Existe algo de verdadeiramente esplendoroso, admirável,
edénico e afectuoso na emblemática atmosfera de ‘Revival’ que me seduz e
conduz a uma nostálgica, fascinante e desejada era há muito desaparecida. Uma envolvente,
extasiante e deslumbrante digressão pela bucólica, poética e remota Primavera
de vivências ancestrais, onde airosas, ondulantes e verdejantes planícies de
extensão a perder de vista se esbatem e ofuscam num longínquo e inalcançável horizonte
banhado e consagrado pelo Sol. Sintam a doce paralisia da alma, o desmaio do
olhar embriagado, e um sorriso cintilante e petulante desenhar-se no vosso
rosto ao combinado som de uma guitarra lenitiva que brota e recita refinados, espirituais,
devocionais e ensolarados acordes, um baixo murmurante de linhas fluídas, contemplativas
e oscilantes, uma bateria aprazível movida a um toque polido e delicado mas
inventivo, ostensivo e desembaraçado, e ainda uma voz reinante, formosa e provocante
que empresta toda uma elegância e exuberância extra à virtuosa e copiosa beleza
de ‘Revival’.
Um dos meus álbuns favoritos – nascidos em 2018 – está aqui, na trovadora e sedutora
alma dos canadianos Key Machine.
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
quinta-feira, 20 de setembro de 2018
Review: ⚡ Blue Eyed Sons - ‘Cold Blooded Men’ EP (2018) ⚡
Depois de na passada Primavera
ter ouvido e difundido o seu primeiro e único longa-duração ‘Alive
at Semifinal’ captado ao vivo num clube noturno da cidade-capital de Helsínquia (review aqui), eis que o jovem e fascinante quarteto finlandês
Blue Eyed Sons está de regresso com
o lançamento do seu novo EP ‘Cold Blooded Men’ sob a forma
digital (através das mais variadas plataformas digitais) e de CD. De
instrumentos soberbamente afinados, articulados e apontados a um elegante, perfumado,
principesco e deslumbrante Classic Rock
com indiscretas aproximações a um serpenteante, erótico, melódico e dançante Blues Rock de ares retro, estes fiéis servos do carismático revivalismo sessentista e setentista presenteiam os seus ouvintes
com uma ostentosa e poderosa dosagem sonora que não deixará nenhum dos seus
ouvintes indiferentes. A sua musicalidade bordada a emoção, requinte e
sublimação – que tão bem cuida e conjuga o peso com a leveza, a melosidade com
a aspereza, e a quietude com a comoção – tem o raro dom de nos envolver,
namorar e extasiar do primeiro ao derradeiro tema. Toda uma primorosa, aliciante,
comovente e graciosa digressão que de forma segura e vaidosa cruza os
influentes territórios de uns ardentes Led
Zeppelin, uns esotéricos The Doors
e uns sombrios e tirânicos Black Sabbath,
sem nunca deixar de irradiar um cunho bastante pessoal. São aproximadamente 21 minutos
mergulhados e adornados numa arrebatadora resplandecência que – nas asas de uma
guitarra airosa e majestosa de acordes rendilhados e solos encantados, um baixo
murmurante de ondulação fluída e reverberante, uma bateria circense locomovida a
leveza, destreza e sagacidade, e uma marcante voz de fisionomia e natureza harmoniosa, polida,
encorpada e sedosa – nos hipnotiza, eteriza e sulfata de uma inebriante,
maviosa e transbordante formosura. O copioso, detalhado e garboso artwork que configura, maquilha e embeleza
o rosto de ‘Cold Blooded Men’ é da autoria da talentosa artista nórdica Aleksandra Majak. Este é um registo
autenticamente sumptuoso, detentor de uma desarmante beleza e contagiante fineza,
que promete batalhar afincadamente pela conquista de um dos lugares mais distintos e cimeiros
da lista de melhores EP’s nascidos em 2018. Maravilhem-se nele.
quarta-feira, 19 de setembro de 2018
terça-feira, 18 de setembro de 2018
Review: ⚡ Matriarch - 'Constructs of Time' EP (2018) ⚡
Da grande e populosa cidade
de Denver (capital do estado
norte-americano do Colorado)
chega-nos o tumultuoso, denso e pantanoso negrume do quarteto Matriarch com o lançamento do seu novo EP ‘Constructs of Time’ no formato físico
de vinil (numa prensagem ultra-limitada a apenas 100 cópias existentes).
Baseado num vultoso, tirânico, massivo e poderoso Doom Metal em parceria com um nebuloso, lodacento, possante e
revoltoso Sludge Metal, um
angustiante, melancólico, erosivo e tristemente belo Post-Metal e ainda uma intrigante, psicotrópico, grotesco e
magnetizante vertente Noise norteada por um singular
experimentalismo que governa toda a segunda metade do EP, este catatónico, impactante e morfínico registo de Matriarch soterra-nos num profundo
estádio de paralisia e prostração que nos sufoca e oprime do primeiro ao último
minuto. ‘Constructs of Time’ segreda-nos toda uma lúgubre e envolvente narrativa
bordada a misantropia e tingida a colorações outonais que nos desmaia as
pálpebras, tomba o semblante de encontro ao peito e enluta a alma. Uma pesada,
fúnebre e arrastada digressão por paisagens devastadas, órfãs de esperança e
totalmente entregues a uma progressiva decomposição que há muito as enferrujara
e mortificara. Sintam-se naufragar neste turbulento oceano de melancolia ao som
de duas guitarras imponentes que se hasteiam em riffs maciços, vigorosos, absorventes e tenebrosos, e solos
penetrantes, translúcidos e rutilantes que esgrimam e golpeiam a tensa, densa e negra
nebulosidade, um potente baixo de bafagem vibrante, carregada, torneada e
pulsante que nos agride e estremece, uma bateria explosiva de ritmicidade
compassada, pesada, inflexível e musculada, e ainda uma voz violenta, cavernosa
e gutural que se desenterra dos mais profundos abismos para eclodir nos funestos
céus de ‘Constructs of Time’. Este é um EP assombroso que nos respira e amortalha num estado febril. Uma
obra de natureza amaldiçoada que nos guia pelos inóspitos trilhos do
obscurantismo, crava as trevas na alma e abandona no lado mais eclipsado da
existência humana. Não é nada fácil regressar à tona deste majestoso trabalho
de Matriarch que desde o primeiro
segundo nos arrasta de encontro às suas vertiginosas funduras. Um dos títulos mais
perturbadores lançados em 2018 está aqui, na demoníaca essência do piramidal ‘Constructs
of Time’. Enlameiem-se e distorçam-se nele.
segunda-feira, 17 de setembro de 2018
domingo, 16 de setembro de 2018
Review: ⚡ Atavismo - 'ValdeInfierno' EP (2018) ⚡
Da vizinha Espanha chega-nos ‘ValdeInfierno’, o novo e
admirável EP de Atavismo lançado no final do passado mês de Julho sob a forma
física de CD e vinil pela mão do selo discográfico germânico Adansonia Records. Sediada na tropical região
sulista da Andaluzia, esta fascinante
formação espanhola presenteia o ouvinte com um adorável sortido de sonoridades de onde
facilmente se apalada um deslindado, caloroso, harmonioso e requintado Psych Rock de natureza oriental e revivalista,
um serpenteante, aromático, carismático e extravagante Prog Rock fielmente traduzido dos 70’s, e ainda um relaxante, místico,
ataráxico e envolvente Krautrock
levemente influenciado por um afável Folk
sessentista de idioma castelhano, tonalidade
cintilante e clima primaveril. Todos estes distintos elementos musicais são temperados
e combinados por uma exótica veia experimental que nos prende e nutre a atenção
do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 27 minutos aureolados por uma enfeitiçante
ambiência arábica que nos tomba as pálpebras, curva a linha labial, adorna a
espiritualidade e instiga a dançá-la de forma exuberante, detida e apaixonada.
Uma ofuscante sublimação de contornos religiosos resplandecida e conduzida por
uma guitarra messiânica que desfila sumptuosos, contemplativos, esfíngicos e
maravilhosos acordes, e desprende miríficos e arrebatadores solos de desarmante
beleza, um imponente baixo de bafagem reverberante, fibrótica, fluída e oscilante,
uma bateria deliciosamente multifacetada que se manifesta em criativas,
encantadoras e delicadas acrobacias rítmicas, um quimérico sintetizador de
perfumados e mágicos bailados, e ainda uma voz liderante que capitaneia toda
esta sagrada peregrinação pelos áridos oceanos de um deserto iluminado e canonizado
pelo deus Sol. De destacar ainda o vistoso e impressivo artwork superiormente pensado, delineado e colorido pelo artista
hispânico António Ramírez que vertera
para o domínio visual tudo o que de mais louvado e fundamental a sonoridade de Atavismo sugere. ‘ValdeInfierno’ é um EP recheado de um misticismo
transbordante que não deixará indiferente quem nele atracar a sua alma. Um
registo de propriedades terapêuticas que nos absorve e conserva num imaculado estádio
de hipnose. Empoeirem-se e bronzeiem-se na esplendorosa religiosidade de um dos
mais sérios candidatos apontados ao tão prestigiado título de EP do ano.
sábado, 15 de setembro de 2018
sexta-feira, 14 de setembro de 2018
Review: ⚡ Dunbarrow - 'II' (2018) ⚡
Da Noruega acaba de chegar
um dos discos por mim mais aguardados de 2018. Falo do novo e segundo álbum ‘II’
do quinteto nórdico Dunbarrow, lançado
hoje mesmo pela mão do selo discográfico norte-americano RidingEasy Records nos formatos físicos de CD e vinil (este último com
uma prensagem limitada a 300 cópias existentes para cada uma das duas versões
disponíveis). Depois de em 2016 ter dissecado e exultado o seu tão desejado álbum
de estreia (review aqui), foi
com uma crescente expectativa que esperei por este seu sucessor, e o resultado não
poderia ser mais do meu agrado. Baseado num imperioso, sombrio e tenebroso Proto-Doom de evocação setentista em parceria com um intrigante,
luciférico e provocante Heavy Blues,
este ‘II’
encerra uma sonoridade intensamente ritualística de feições Pentagram’icas, Sabbath’icas e Witchcraft’eanas que nos respira, nebuliza e magnetiza com ímpeto e prontidão. São cerca de 34 minutos assombrados e climatizados por uma
atmosfera enigmática, profana, ocultista e tirânica onde desfilam e se
enfatizam duas guitarras inquisidoras que se entrelaçam na criação e condução
de riffs luxuosos, pesarosos, principescos
e tenebrosos, e se dispersam na emancipação de uivantes, majestosos e
trepidantes solos, um baixo bafejante de compleição robusta, tensa, soberana e pulsante
que diligencia, executa e fortalece o riff-base,
uma opulenta bateria de galope desembaraçado, acrobático e soberbamente ritmado,
e uma voz gélida, temperada, melódica e avinagrada (a fazer lembrar a
tonalidade vocal de um Magnus Pelander)
que se passeia e prazenteia ao longo de toda esta demoníaca liturgia. ‘II’
é um álbum de essência envolvente, altiva, enigmática e hipnotizante que nos arrebata,
atordoa, dilata as pupilas, asfixia e lapidifica do primeiro ao derradeiro minuto.
Um registo egrégio onde paira um pavoroso e faustoso negrume capaz de soterrar,
eclipsar e inebriar toda a alma que nele se refugiar. Um dos meus títulos
favoritos deste ano está aqui, no influente e conturbado ego da inspirada e
enfeitiçada nova obra dos vikings Dunbarrow. Comunguem-no e adorem-no. Amém.