Do outro lado do oceano Atlântico
chega-nos um dos registos por mim mais aguardados do ano. Falo do álbum de
estreia do muito promissor power-trio
brasileiro Psilocibina que acaba de
ser disponibilizado para escuta integral através da sua página oficial de Bandcamp, e que tem nas mãos da editora discográfica
brasileira Abraxas (responsável pela
distribuição em solo americano) e do selo discográfico germânico Electric Magic (responsável pela distribuição
em solo europeu) o respectivo lançamento nos formatos físicos de CD e vinil
agendado para as próximas semanas. Este jovem tridente enraizado na cidade do Rio de Janeiro tem neste álbum de
designação homónima o culminar de mais de três anos de ensaios e o resultado
não poderia ser mais do meu agrado. Baseado num fascinante, erótico,
psicotrópico e inflamante Heavy Psych
de clima tropical e textura setentista,
este poderoso alcaloide via auditiva provoca em nós todo um caleidoscópio de
alucinações, a instauração de um perfeito estádio de êxtase, e o sagrado
desprendimento do ego pela infinita vertigem da nossa espiritualidade. A sua
sonoridade de orientação instrumental tanto se balanceia por passagens meditativas,
lisérgicas e sedativas que nos relaxam e massajam os sentidos, como se lança em
frenéticas e estonteantes cavalgadas nos fervem, borbulham e agitam de uma saturada
e desgovernada adrenalina. E é este equilíbrio entre duas emoções tão contrastadas
que faz deste ‘Psilocibina’ é um álbum verdadeiramente cativante que nos
magnetiza e euforiza do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 36 minutos
envolvidos num narcotizante deslumbramento celebrado por uma guitarra ostentosa
e venenosa que se exterioriza e supera na incrível criação e condução de
extravagantes, ácidos, caóticos e delirantes solos, um baixo pulsante de linhas
volumosas, fluídas e dançantes que nunca perde a guitarra de vista, e uma acrobática
e vistosa bateria movida a destreza, leveza e requinte que com a sua selvática
execução nos desarma e empolga com tremenda intensidade. De destacar ainda o
exótico artwork de textura étnica e
natureza alucinógena – pensado e ilustrado pelo guitarrista da banda Alex Sheeny – que combina na perfeição
com o universo musical de Psilocibina.
Este é um álbum maravilhoso que nos escancara as portas da percepção, evacua a
lucidez, e convida a mergulhar num ciclónico vórtice de onde não será nada fácil
regressar. ‘Psilocibina’ é um registo tremendamente envolvente e
impactante que acabara mesmo por inundar e até extravasar as enormes expectativas
a ele dedicadas. Estamos indubitavelmente na presença de um dos álbuns mais extraordinários lançados até ao momento e que seguramente estará perfilado por entre os melhores de 2018. Absorvam-se na sua profunda toxicidade.
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