segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Review: ⚡ Psilocibina - 'Psilocibina' (2018) ⚡

Do outro lado do oceano Atlântico chega-nos um dos registos por mim mais aguardados do ano. Falo do álbum de estreia do muito promissor power-trio brasileiro Psilocibina que acaba de ser disponibilizado para escuta integral através da sua página oficial de Bandcamp, e que tem nas mãos da editora discográfica brasileira Abraxas (responsável pela distribuição em solo americano) e do selo discográfico germânico Electric Magic (responsável pela distribuição em solo europeu) o respectivo lançamento nos formatos físicos de CD e vinil agendado para as próximas semanas. Este jovem tridente enraizado na cidade do Rio de Janeiro tem neste álbum de designação homónima o culminar de mais de três anos de ensaios e o resultado não poderia ser mais do meu agrado. Baseado num fascinante, erótico, psicotrópico e inflamante Heavy Psych de clima tropical e textura setentista, este poderoso alcaloide via auditiva provoca em nós todo um caleidoscópio de alucinações, a instauração de um perfeito estádio de êxtase, e o sagrado desprendimento do ego pela infinita vertigem da nossa espiritualidade. A sua sonoridade de orientação instrumental tanto se balanceia por passagens meditativas, lisérgicas e sedativas que nos relaxam e massajam os sentidos, como se lança em frenéticas e estonteantes cavalgadas nos fervem, borbulham e agitam de uma saturada e desgovernada adrenalina. E é este equilíbrio entre duas emoções tão contrastadas que faz deste ‘Psilocibina’ é um álbum verdadeiramente cativante que nos magnetiza e euforiza do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 36 minutos envolvidos num narcotizante deslumbramento celebrado por uma guitarra ostentosa e venenosa que se exterioriza e supera na incrível criação e condução de extravagantes, ácidos, caóticos e delirantes solos, um baixo pulsante de linhas volumosas, fluídas e dançantes que nunca perde a guitarra de vista, e uma acrobática e vistosa bateria movida a destreza, leveza e requinte que com a sua selvática execução nos desarma e empolga com tremenda intensidade. De destacar ainda o exótico artwork de textura étnica e natureza alucinógena – pensado e ilustrado pelo guitarrista da banda Alex Sheeny – que combina na perfeição com o universo musical de Psilocibina. Este é um álbum maravilhoso que nos escancara as portas da percepção, evacua a lucidez, e convida a mergulhar num ciclónico vórtice de onde não será nada fácil regressar. ‘Psilocibina’ é um registo tremendamente envolvente e impactante que acabara mesmo por inundar e até extravasar as enormes expectativas a ele dedicadas. Estamos indubitavelmente na presença de um dos álbuns mais extraordinários lançados até ao momento e que seguramente estará perfilado por entre os melhores de 2018. Absorvam-se na sua profunda toxicidade.