domingo, 24 de abril de 2011

L’année Dernière a Marienbad, Alain Resnais

L’année Dernière a Marienbad é um filme de difícil interpretação. Este belo exemplar da Nouvelle Vague francesa, conjuga o silêncio, o desejo, a recordação, o espaço e o tempo num só único instante. O desfile de imagens é de tal forma fluido, que o espectador é arrastado harmoniosamente, ao longo de todo o filme. É um filme de uma elegância sem igual, e de uma composição escrita bastante rica e aprazível. Narrado de forma alegórica, o espectador é remetido para a suspeição (o que, a meu ver, é um factor importantíssimo na condução de um filme – felicitações ao Alain Resnais por tal intenção). De realçar, também, os soberbos movimentos de câmara, que parecem dançar em redor dos personagens. Datado de 1961, (50 anos de existência) esta relíquia cinematográfica impressionou, impressiona e impressionará para todo o sempre.






Depois de Simón Bolívar...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sussurro Imperceptível


Sentou-se na cama e curvou a cabeça de encontro às palmas das suas mãos. Estava perante uma angústia mental inconcebível aos olhos dos inscientes que se passeiam lá fora. Dolorosamente, arrastou-se até à janela e, num esforço desumano, tentou beber o ar que o circundava no parapeito da janela. Cerrou os olhos e sentiu o oxigénio caminhar cautelosamente desde as suas narinas até aos pulmões. O sol desceu e iluminou aquela face hedionda e triste. As crianças da rua apontavam para ele e apressavam-se em caminhar pela calçada sem tirar os olhos daquele pobre anjo canceroso. Numa tentativa de devolver o sorriso que uma criança, respeitosamente, lhe dedicou, as comissuras dos seus lábios abriram de tal forma que começaram a sangrar. Retomou à protecção do seu casulo e deixou-se cair sobre a cama. Num gesto transcendente, o seu olhar conseguiu libertar-se das amarras da dor que contorcia o seu corpo, e ancorar-se no tecto do seu quarto. Observou aquele branco disforme e, desde então, pôde sentir-se levitar em direcção ao branco profundo… tão profundo que nunca mais se sentiu regressar.

sábado, 2 de abril de 2011

Los Natas - Meteoro

Quisiera que pudieras ver
cuanto vivimos juntos
Quisiera que pudieras ver
lo que vivimos, otra vez...
y si tal vez pudieras ver
cuando hacemos el amor
Después de lo que nos paso
Si es que cambiamos tanto...