segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A última expiração

Deitei-me e procurei combater todas as invectivas que esta mente perversa criara. Dentro do meu peito senti formarem-se as mais tumultuosas suspeições que sentira até então. Chegara o derradeiro momento em que assumira ser a eterna vítima do pecado, e de quem todos os murmúrios lúgubres têm falado.

Agora sim,...

Compreendo a insuportável angústia da loucura.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Enquanto chove lá fora...

O amor tem cadastro















Tens uma arma. Sabes o que fazer com ela!” - retorquiu ele. Ela encostou a cabeça junto ao vidro da janela e, num suspiro pesado e soluçado, mostrou a benevolência por detrás das suas pálpebras. Estava uma noite chuvosa, e a estrada sombria e solitária. Ela sentira que o olhar perspicaz dele a deixara e, de forma cautelosa, apalpou o rádio e ligou-o. Ele permanecera calado e de olhar difundido no negro alcatrão da estrada. A chuva batia fortemente no vidro. Na rádio ouvia-se um melancólico locutor amordaçado pelas constantes interferências de antena. Os pára-brisas arrastavam-se pelo vidro frontal do carro numa eterna batalha contra o cortejo suicida da chuva. “Não sei como consegues aguentar tudo isto!” – praguejou ele, de forma agressiva, punhos cerrados no volante e o olhar adormecido no horizonte. O olhar dela brilhou, e aquele rosto até então anestesiado, ganhara uma vivacidade perversa e decidida. “Sabes que sempre gostei de ti.” – confessou ele, enquanto os seus lábios se rasgavam e delineavam um sorriso recatado. Por breves instantes os seus olhares ergueram uma ponte de cumplicidade entre si e partilharam palavras que só o coração ouviu.