segunda-feira, 17 de novembro de 2025
domingo, 16 de novembro de 2025
sexta-feira, 14 de novembro de 2025
Review: 🌑 Moonstone - 'Age of Mycology' (2025, Interstellar Smoke Records) 🌑
Um dos mais influentes
bastiões do Doom Metal polaco está de regresso. Depois de lançados o
homónimo em 2019 (aqui analisado) e o seu sucessor ‘Growth’ em
2023 (aqui trazido à luz e dissecado), o poderoso quarteto Moonstone – domiciliado
na cidade de Cracóvia – reaparece agora na melhor das suas formas
ostentando o portentoso ‘Age of Mycology’, editado sob as formas de LP,
CD e digital pela mão da companhia discográfica local Interstellar Smoke
Records. Encavernado num trevoso, melancólico, esotérico e infeccioso Proto-Doom
de pesadas, malfadadas e negras ressonâncias que nos engolem, enevoam e
encarvoam o espírito, este terceiro álbum de Moonstone ganha vida durante
a noite num secreto bosque, à pálida luz de uma Lua grávida e sob o olhar
atento e perverso de uma bruxa que se esconde na sombra. Ocultista, místico,
demoníaco e ritualista, ‘Age of Mycology’ musica-nos imersivos contos climatizados
por uma fria humidade outonal e oxigenados por uma assombração gótica que nos travam
a respiração, dilatam as pupilas e mergulham nas abissais profundezas da
escuridão. Baloiçados entre reflexivas passagens condimentadas a temulenta e
fumarenta melancolia e altivas investidas inflamadas a fogosa e mofosa negrura,
vamos cambaleando por este musgoso, pantanoso e fúngico solo. São 45 minutos sufocados
pelo cinzentismo. Uma enfeitiçante sessão de hipnotismo, com recurso a
coloridos e perfumados incensos de magia negra, que nos enregela, profana e
soterra no lado eclipsado e desventurado da religião. De cabeça embrumada,
pesadamente tombada sobre o peito, caímos num imperturbável estado mesmérico de
funesta radiação luciférica que nos extingue a luz interior e anoitece a alma.
Farolizados por duas guitarras sacerdotais de dramáticos, enfáticos e imperiosos
riffs consumidos pela queimante, rugosa e urticante distorção e
desaguados em ácidos, endiabrados e intoxicantes solos, um baixo sisudo de
linhas possantes, tensas e dominantes, uma bateria incisiva de ritmos enérgicos,
coléricos e impactantes, e uma voz fantasmagórica, vampírica e liderante,
vagueamos por este elegíaco pesadelo superiormente edificado pelos bruxos polacos.
Este é um álbum profético de forte sedução. Prostrados, enlutados e anestesiados,
somos cercados e devorados pelas negras lavaredas de Moonstone, e
deixados, abandonados, no silêncio sepulcral que se segue a esta demoníaca
possessão.
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quinta-feira, 13 de novembro de 2025
quarta-feira, 12 de novembro de 2025
terça-feira, 11 de novembro de 2025
segunda-feira, 10 de novembro de 2025
domingo, 9 de novembro de 2025
sábado, 8 de novembro de 2025
sexta-feira, 7 de novembro de 2025
Review: 🌈 Magic Machine - 'Rainbow Road' (2025) 🌈
Um dos álbuns
por mim mais aguardados de 2025 acaba de sair à rua: ‘Rainbow Road’ é o
quarto trabalho do talentoso quarteto australiano Magic Machine –
domiciliado na artística cidade de Sydney –, sucessor do incrível ‘Castle
in the Sky’ lançado no passado ano e aqui desavergonhada e
imoderadamente reverenciado. A trote de um picante, empolgante, ritmado e dançante
Garage Rock agrilhoado a um apaixonante, caleidoscópico, prismático e
delirante Psychedelic Rock de invocação 60’s, a colorida, ensolarada,
agradável e entretida sonoridade de ‘Rainbow Road’ pincela no imaginário
do ouvinte um tapete desértico que se desdobra pela infinidade adentro, onde
imponentes cactos se espreguiçam na direcção de um cristalino céu azul-turquesa,
suaves brisas trazem uivos de coiotes famintos e volumosas montanhas rochosas recortam
o inalcançável horizonte. Um belicoso confronto entre The Black Keys, Spindrift
e The Murlocs. A banda-sonora de um carismático Western Spaghetti
através da lente de Quentin Tarantino que nos atira para as costas de um
cavalo cansado e jornadeia pelas areias do deserto de Sonora, debaixo de um Sol
impiedoso que cultiva verdejantes e curativas miragens no firmamento. A
aventura e a desventura de mãos dadas. De pele bronzeada, visão desfocada e
alma embriagada, banhada num alucinógeno oceano de mescalina, cavalgamos na
direcção do Sol posto, esporeando as tonificadas coxas do cavalo, empoeirando-nos
na cerrada bruma com forte odor a pólvora de caóticos tiroteios, driblando
balas esvoaçantes que silvam junto aos nossos ouvidos e, finalmente, relaxando de
cotovelos ancorados no balcão deste saloon onde se beberica o mélico e
urticante trago do bourbon e bate a sola da texana no velho e poeirento soalho
de madeira ao cativante som de uma guitarra gingona que se meneia em riffs
magnetizantes, baloiçantes, ondeantes e perfumados e incendeia em vertiginosos,
electrizantes, derrapantes e aparatosos solos, um baixo groovy de linhas
pulsantes, hipnóticas, elásticas e reconfortantes, uma bateria galopante de
ritmo estimulante, sedutor, libertador e incessante, um teclado enfeitiçante de
harmoniosos, intrigantes e polposos bailados, e uma voz esbranquiçada, diabrina
e avinagrada. São os Magic Machine de instrumentos fora do coldre à
conquista do velho oeste. Experienciem esta imersiva experiência
cinematográfica soberbamente musicada por estes australianos de ponchos sobre
os ombros, gatilhos sensíveis e olhares desafiantes que cintilam na sombra
deixada pelos chapéus de aba larga. ‘Rainbow Road’ é um álbum lustroso, sorridente,
ardente e delicioso que poderá ser degustado muito em breve "in loco" no velho continente
(entre meados de Novembro e meados de Dezembro) a propósito da sua tour europeia que passará,
inclusive, por Portugal (com datas marcadas em Lisboa, Porto
e Paredes de Coura através da promotora nacional Ya Ya Yeah).
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