quarta-feira, 30 de junho de 2021

🎬 Cinema & TV de Abril, Maio e Junho

Seaspiracy (2021) de Ali Tabrizi   ★★★★
The Walking Dead S10 (2019-2021) de Frank Darabont   ★★★★
Blade Runner 2049 (2017) de Denis Villeneuve   ★★★★
Janis (1974) de Howard Alk   ★★★★
The Father (2020) de Florian Zeller   ★★★★
Sound of Metal (2019) de Darius Marder   ★★★★
Gomorra S04 (2019) de Leonardo Fasoli   ★★★★★
The Great Escape (1963) de John Sturges   ★★★★
Apocalypse Cow: How Meat Killed the Planet (2020) de Peter Gauvain   ★★★★
The Serpent S01 (2021) de Tom Shankland & Hans Herbots   ★★★★
First Blood (1982) de Ted Kotcheff   ★★★★
A Big Hand for the Little Lady (1966) de Fielder Cook   ★★★☆☆
Jeremiah Johnson (1972) de Sydney Pollack   ★★★★
Ostatnia Rodzina (2016) de Jan P. Matuszynski   ★★★★
This is Us S05 (2020-2021) de Dan Fogelman   ★★★★★
Wrath of Man (2021) de Jan Guy Ritchie   ★★★★
The Abyss: Rise and Fall of the Nazis S01 (2020)   ★★★★★
The Runaways (2010) de Floria Sigismondi   ★★★☆☆
Il Divin Codino (2021) de Letizia Lamartire   ★★★☆☆
Carlitos Way (1993) de Brian De Palma   ★★★★
Nobody (2021) de Ilya Naishuller   ★★★★
I corpi presentano trace di violenza carnale (1973) de Sergio Martino   ★★★☆☆
The Equalizer (2014) de Antoine Fuqua   ★★★★
Magnum Force (1973) de Ted Post   ★★★☆☆
En Passion (1969) de Ingmar Bergman   ★★★★
The Shawshank Redemption (1994) de Frank Darabont   ★★★★★
Sin City: A Dame to Kill For (2014) de Robert Rodriguez & Frank Miller   ★★★★
The Conjuring: The Devil Made Me Do It (2021) de Michael Chaves   ★★★
Hagazussa (2017) de Lukas Feigelfeld   ★★★☆☆
The Need to Grow (2019) de Rob Herring & Ryan Wirick   ★★★★★
RED (2010) de Robert Schwentke   ★★★☆☆
Der Hauptmann (2017) de Robert Schwentke   ★★★★

🦅 Melvins - 'Lysol' (1992)

🌞 Rostro Del Sol - 'Rostro Del Sol' (2021)

🔮 Jimmy Page // Led Zeppelin

🎁 Philip Anselmo // Pantera & Down (30/06/1968)

terça-feira, 29 de junho de 2021

🎁 Ian Paice // Deep Purple (29/06/1948)

🌈 Emerson, Lake & Palmer - "Iconoclast" (1971)

🖤 Museo Rosenbach - "Della Natura" (1973)

🦕 Dinosaur Jr. @ KEXP (live, 2021)

✝️ Praise Tony Iommi // Black Sabbath

☕️ Arco Iris - 'Los Elementales' (1977)

Review: ⚡ Deathchant - 'Waste' (2021) ⚡

★★★★

Na madrugada de 2019 reportava aqui o aparatoso atropelo perpetrado pela furiosa locomotiva californiana Deathchant que me vitimizara, e hoje venho novamente acusar o quarteto sediado em Los Angeles de reincidência. ‘Waste’ é o seu segundo álbum, muito recentemente lançado pela afamada discográfica RidingEasy Records nos formatos digital, CD e vinil, que detona na atmosfera toda uma enérgica dosagem de vulcânica adrenalina. Cruzando um musculoso, motorizado, destravado e oleoso Heavy Rock cadenciado a um dinâmico coice Punk e sintonizado na mesma frequência de Thin Lizzy e Motörhead, com um imperioso, melódico, enigmático e umbroso Proto-Metal revolvido a efervescente psicadelismo, e ainda um chamejante, corrosivo, eruptivo e excruciante Grunge de febril fogosidade a fazer recordar Melvins e Corrosion of Conformity, este impactante ‘Waste’ estreita os contrastes entre o peso e a leveza, a desaceleração e a aceleração, a ternura e a aspereza. De cabeça freneticamente rodopiante, maxilares cerrados, olhar incendiado e alma atestada de pura excitação, somos agredidos, mastigados e sacudidos pela magmática, enfática e transpirada ferocidade de Deathchant à redentora, alucinante e enlouquecedora boleia de duas guitarras gémeas e predatórias que se alinham na edificação de Riffs rochosos, altivos, incisivos e volumosos, e desalinham na apressada condução de solos virtuosos, ziguezagueantes, electrizantes e gloriosos, um trovejante baixo pesadamente bafejado a linhas fibróticas, tensas, densas e hipnóticas, uma incansável bateria ciclónica de batida impetuosa, galopante, provocante e estrondosa, e ainda uma voz felina de rugidos denteados, viscerais, siderais e avinagrados. São 30 minutos trilhados a alta rotação e climatizados a escaldante comoção. Este ‘Waste’ é um registo verdadeiramente ofensivo, intempestivo e demolidor – de faca nos dentes e forte odor a gasolina – que me esporeara, estremecera e empolgara do primeiro ao derradeiro tema. Agarrem firmemente as rédeas desta possante cavalgada de espadas desembainhadas, narinas fumegantes e lanças empunhadas, e deixem-se consumir pelas negras e infernais labaredas de Deathchant. No final, restará um corpo ofegante, respingado de suor e com o coração desesperado, agarrado ao gradeamento torácico. Um dos meus álbuns favoritos de 2021 está aqui, no polvoroso desassossego destes quatro cavaleiros do apocalipse. Amotinem-se nele.

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 RidingEasy Records

sábado, 26 de junho de 2021

🚦 Ride along!

🌹 Rose City Band - "Silver Roses" (2021)

Review: ⚡ Rose City Band - 'Earth Trip' (2021) ⚡

★★★★

Da cidade de Portland (Oregon, EUA) chegam-nos as novas – e por mim muito ansiadas – baladas lideradas pelo multi-instrumentista Ripley Johnson (Wooden Shjips e Moon Duo), agora ao serviço do seu apaixonante projecto a solo Rose City Band. Intitulado ‘Earth Trip’ e lançado nos formatos físicos de CD e vinil, bem como sob a forma digital, pela discográfica nova-iorquina Thrill Jockey, este terceiro álbum de Rose City Band vem ensolarado por um embalante, desértico, profético e aliciante Country de ambiência Western, arejado por um bucólico, estival, ornamentado e estético Folk de clima veraneio, e perfumado por um intimista, sedutor, sonhador e revivalista Psychedelic Rock de espírito west-coast. A sua sonoridade relaxante, frágil, gentil e extasiante – bronzeada a ébria e etérea nostalgia – desdobra no imaginário do ouvinte todo um idílico tapete verdejante, estriado por frescos riachos de água marulhante, pincelado por uma colorida floração de deslumbrante vistosidade, sobrevoado por alegres pássaros de tom cantante, e trilhado na primeira pessoa por pés desnudos e de sensibilidade aguçada. De espírito mitigado, sorriso imortalizado, e olhar içado no longínquo firmamento onde se debruça o vigilante Sol de resplandecência crepuscular, caminhamos pelas pilosas planícies, debaixo de um vasto céu azul turquesa, em devocional harmonia com a imaculada natureza envolvente. ‘Earth Trip’ é um sonho musicado de John Muir, um registo talhado a beatitude que vive da doçura, singeleza e ternura, um paraíso naturista onde todas as almas se incensam de plena ataraxia. Na génese deste sumarento cocktail de paladar tropical está uma voz sussurrante de pele macia, melíflua e opalescente, uma guitarra lírica de deliciosos, radiosos e bem-dispostos acordes que desaguam em solos enfeitiçantes, vítreos e serpenteantes, um baixo pachorrento de linhas arrastadas, reflexivas e sombreadas, uma bateria galopante a trote de um ritmo pausado, fluído e magnético, um uivante pedal steel de mugidos desarmantes, arrepiantes e enternecedores, e ainda uma carismática harmónica de sopros arenosos, ventosos e viajantes. ‘Earth Trip’ é um registo lenitivo, sincero, romântico e contemplativo – de luminância imersiva e efeito reparador – que nos alcooliza, maravilha e namora do primeiro ao derradeiro tema. Repousem neste nirvânico oásis de brilho estival, brisa refrescante e afago espiritual, e testemunhem todo o seu catártico esplendor. Esta é a banda-sonora perfeita para encaixilhar finais de tarde solarengos, solitários, de sentidos pacificados, pele lambida pela salgada aragem oceânica e olhar estrelado pelo lampejo solar. Esta é a minha praia.

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 Thrill Jockey

quinta-feira, 24 de junho de 2021

🎁 Jeff Beck (24/06/1944)

🎁 Hope Sandoval // Mazzy Star (24/06/1966)

📸 Derek Ridgers (1990)

🥁 John Henry Bonham // Led Zeppelin

Review: ⚡ The Mood Rings - 'The Arrival' (2021) ⚡

★★★★

Da vizinha Espanha – mais concretamente da cidade nortenha de Eibar – chega-nos o admirável álbum de estreia do jovem quarteto The Mood Rings. Designado ‘The Arrival’ e hoje mesmo exteriorizado através dos formatos digital e CD com o selo editorial de autor, este elegante, mirífico e cativante registo de fragância vintage combina um estético, melódico e sedutor Blues Rock com um açucarado, caleidoscópico e ensolarado Psychedelic Rock sublimemente melificado por um colorido corante Soul. Emergindo à memória Siena Root, Blues Pills, Fuzz Manta e Heavy Feather como algumas das figuras tutelares da sua sonoridade, e intercalando entre apaziguantes, gentis e reconfortantes baladas que nos fazem revirar os olhos numa súbita sensação de prazer, e picantes, entusiásticas e inflamantes galopadas que nos meneiam a cabeça de ombro em ombro, ‘The Arrival’ equilibra-se com firmeza, astúcia e fineza pela linha fronteiriça que separa a chamejante euforia da reconfortante letargia. Enfeitiçados e embalados pela inefável doçura e inextinguível formosura que trajam e apaladam todos os temas deste apaixonante registo inaugural, somos cortejados pela inquietante sensualidade dos bascos, e ancorados num inexorável estádio de nirvânico deslumbramento. Numa serpenteante dança locomovida a ininterrupta fascinação, respondemos de forma instintiva ao erotismo transpirado por uma guitarra aristocrática de provocantes, deliciosos e contagiantes Riffs de onde esvoaçam virtuosos, ziguezagueantes e pomposos solos em psicotrópica efervescência, à encaracolada reverberação pesadamente bafejada pelas narinas de um baixo denso, tenso e lubrificado, à envolvente ritmicidade de uma acrobática bateria trauteada a toque cuidado, polido e cintilante, e à contagiante vistosidade de uma liderante voz feminina de pele caramelizada, garbosa e aveludada que capitaneia The Mood Rings até ao coração de quem os comunga. De apontar ainda os holofotes à finura jazzística de um aliciante saxofone que, com os seus uivos sedosos, melancólicos e lustrosos, abrilhanta a atmosfera do tema que empresta o seu nome ao disco. ‘The Arrival’ é um álbum genuinamente arrebatador, preclaro e sonhador que nos faz salivar os ouvidos. Uma obra maviosa, esplendorosa e viciante, de contornos epopeicos, que nos comove, sorve e instiga a ouvi-lo repetidas vezes de forma a satisfazer uma alma tão sedenta por experienciar algo assim. Deixem-se cair na ofuscante tentação desta tão odorosa, talentosa e promissora banda espanhola, e absorvam-se no seu refrescante, sumarento e embriagante revivalismo. Uma das mais notáveis estreias de 2021 está aqui, na desarmante simetria de The Mood Rings.

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segunda-feira, 21 de junho de 2021

🥁 Mr. Ginger Baker (1980)


©️ National Jazz Archive / Heritage Images, via Getty Images

💣 Lemmy Kilmister & Phil Taylor // Motörhead

ZZ Top - 'First Album' (1971)

🎁 Jon Hiseman // Colosseum & Tempest (21/06/1944 🎗 12/06/2018)

Review: ⚡ Yagow - 'The Mess' (2021) ⚡

★★★★

Quatro anos após o lançamento do seu muito aplaudido álbum de estreia (aqui trazido e elogiado), o tridente germânico Yagow – localizado na cidade fronteiriça de Saarbrücken – ressurge agora com a apresentação do seu segundo álbum apelidado de ‘The Mess’ e lançado pelo selo discográfico alemão Crazysane Records através dos formatos digital, CD e vinil. Replicando os mesmos ingredientes que colorizam e condimentam o seu primeiro trabalho, Yagow conduz ‘The Mess’ pela bruma psicotrópica de um lisérgico, embriagado, orvalhado e sidérico Neo-psychedelic emoldurado por um lenitivo, místico, ritualístico e obsessivo Krautrock de ornamentos orientais. Contando ainda com um discreto corante Shoegaze que embacia a atmosfera de uma sedutora, reflexiva e sonhadora melancolia, este enfeitiçante registo é oxigenado por uma misteriosa, narcótica e brumosa obscuridade de essência xamânica que nos desfoca os sentidos e os mergulha nas pesadas, pastosas e paradas águas de um pântano outonal. De cabeça febril, vagarosamente bamboleada em movimentos circulares, olhar distante e semi-selado, semblante pálido e espírito intensamente aturdido, somos intoxicados pela druídica exalação de Yagow e amortalhados num profundo e inescapável estado de sonambulismo. De lucidez despistada e capturada por uma poderosa narcose, dançamos em slow motion ao aliciante som de uma irresistível guitarra que se envaidece na condução de arábicos, cremosos, libidinosos e magnéticos Riffs efervescidos pelo fogoso, crocante e arenoso efeito Fuzz, e se enlouquece na evacuação de solos delirados, ácidos, uivantes e desatados, um murmurante baixo bombeado a linhas ondeantes, pausadas, tonificadas e vagueantes, uma bateria tribalista de ritmo galopante, repetitivo, imersivo e revigorante, um envolvente teclado que se adensa em intrigantes, polposos, lustrosos e esvoaçantes bailados, e ainda uma voz diabrina, avinagrada, fantasmagórica e enregelada que ressoa e ecoa pela vaporosa, temulenta e acrimoniosa aura de ‘The Mess’. São 40 minutos de uma encantadora, alucinógena e entorpecedora hipnose que nos arremessa para fora da órbita consciencial. Naufraguem nas areias movediças de Yagow e experienciem com inquebrável apego e inapagável devoção todo o transcendente arrebatamento transpirado por este seu novo trabalho. Não vai ser nada fácil despertar deste sonho acordado. Reconfortem-se e espreguicem-se nele.

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 Crazysane Records

sexta-feira, 18 de junho de 2021

🎁 Paul McCartney // The Beatles (18/06/1942)

🦇 Tony Iommi // Black Sabbath (1971)

🌑 The Doors

©️ Frank Frazetta, 1972

Review: ⚡ Elara Sunstreak Band - 'Vostok 1' (2021) ⚡

★★★★

No 60º aniversário da primeira missão espacial tripulada da história – apelidada de Vostok 1, promovida pelo programa espacial soviético Vostok, e dirigida pelo afamado cosmonauta e piloto da força aérea soviética Yuri Gagarin – o tridente germânico Elara Sunstreak Band decidira propulsionar o seu segundo álbum ‘Vostok 1’ em homenagem a este tão importante acontecimento para a humanidade. Carimbado pelo fértil selo discográfico alemão Sulatron Records e exteriorizado através dos formatos físicos de CD e duplo vinil (ambos limitados a 500 cópias cada), este fantástico registo que se segue ao muito estimado ‘Deli Bal’ (lançado em 2017 e aqui devidamente escalpelizado) traz-nos toda uma conflagração de intoxicante, místico, ritualístico e euforizante Heavy Psych com vista para o Cosmos, e a palidez glacial de um meditativo, anestésico, lírico e imaginativo Post-Rock de arrebatadoras paisagens cinematográficas. Estes três astronautas de instrumentos empunhados e miras apontadas à perpétua vacuidade sideral, têm o dom de nos desenraizar da gravidade terrestre e içar na vertiginosa direcção dos mais recônditos territórios do espaço alienígena. Embarcados numa futurista odisseia – carburada a duas velocidades contrastadas – que tanto nos atesta de uma morfínica sonolência como inquieta numa turbulenta efervescência, somos sublimados e evangelizados pelo profético psicadelismo de Elara Sunstreak Band. São 72 minutos – compartimentados em quatro embriagantes, longas e viajantes faixas – de uma catártica experiência que nos ofusca o olhar com uma expressão sonhadora, reconforta o espírito num nirvânico oásis sensorial, e soterra a cabeça nas fantasmagóricas poeiras estelares que deambulam pela imersiva negrura espacial. Deixem-se enfeitiçar e extasiar nesta sonhadora teia primorosamente tecida por uma maravilhosa guitarra que alterna entre suavizantes, lenitivos, contemplativos e apaziguantes acordes e escaldantes, nervudos, espadaúdos e chamejantes riffs de onde são escoados solos alucinógenos, sinuosos, ostentosos e trepidantes, um baixo diligente de sombreadas, murmurantes, pulsantes e lubrificadas linhas, uma bateria operante de ritmicidade expressiva, cuidada e cintilante, e uma voz messiânica que nos faroliza nesta interminável noite cósmica. Num plano secundário, hasteiam-se ainda os oníricos mugidos de um quimérico mellotron, a perfumada frescura de um melódico órgão Hammond, e os requintados, detalhados e cerebrais bailados de uma cítara de idioma oriental. ‘Vostok 1’ é um registo altamente psicotrópico que nos despista a lucidez e dilata a consciência. Atrelem toda a vossa fascinação a esta nave que se infiltra no denso tecido espacial, e explorem o lado eclipsado do vosso cosmos interior. Depois de um roteiro tão mágico e transformador, não vai ser nada fácil – ou sequer desejado – reentrar e pousar em Terra.

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 Sulatron Records

quarta-feira, 16 de junho de 2021

🎹 Herbie Hancock - "Sly" (1973)

Review: ⚡ Expo Seventy - 'Evolution' (2021) ⚡

★★★★

O prolífico projecto Expo Seventy – localizado em Kansas City (Missouri), superiormente liderado pelo músico norte-americano Justin Wright e que conta com uma abundante discografia – está de regresso com o lançamento do seu novo álbum designado ‘Evolution’ e que fora devidamente promovido pela brasileira Essence Music em formato digital e na forma física de CD e vinil (ambos ultra-limitados a parcas, mas largamente apelativas, edições que farão seguramente salivar qualquer coleccionador que se preze). Orvalhado por uma densa nebulosidade psicotrópica e magicado por um imaginativo experimentalismo sónico, ‘Evolution’ representa todo um exótico sortido sonoro que combina um hipnótico, misterioso e caleidoscópico Krautrock de propensão estelar, um absorvente, mântrico e convincente Drone de deslumbramento sensorial, e ainda um fumarento, obscuro e lamacento Psych Doom de intensa toxicidade. De radares apontados à contemplativa digressão pelos desertos galácticos dos australianos Ahkmed e à incisiva combustão deflagrada pelos efervescentes britânicos Blown Out, este druídico power-trio com bateristas rotativos dissolve e revolve o ouvinte numa inescapável narcose sem fim à vista. Uma demorada, embriagada e evolutiva viagem de efeito desorientador e clima devocional, que tanto nos afaga e embala numa lisérgica e meditativa hipnose pelo admirável e interminável negrume cósmico, como naufraga e electrifica numa apocalíptica tempestade que atormenta um relampejante quasar. Entorpecidos, magnetizados e embevecidos pelas espaçosas, venenosas e intuitivas jam’s de essência enfeitiçante e orientação instrumental, somos convidados a testemunhar e comungar todo um extraordinário ritual num altar estelar que nos gravita em torno de um imperturbável estádio de transe espiritual. Empoeirem-se neste trevoso, poderoso e fantasmagórico misticismo de feições alienígenas à imersiva boleia de uma guitarra profética que se manifesta em imperiosos, fibrados e umbrosos Riffs de onde são vertidos solos uivantes, ácidos e ecoantes que se perdem na infinidade cósmica, um murmurante baixo de reverberação motorizada a linhas sombreadas, tonificadas e flutuantes, uma bateria tribalista de ritmicidade pulsante, expressiva e rutilante, e ainda um enigmático sintetizador de natureza analógica que ausculta e exorciza a angustiada alma dos solitários corpos celestes sepultados no negro solo do universo. De alastrar ainda elogiosas palavras aos fantásticos artworks, sublimemente ilustrados a duas mãos pelo talentoso holandês Maarten Donders (presente no rosto do vinil) e pelo próprio timoneiro da banda Justin Wright (presente na edição em CD), que embelezam toda esta abstracta odisseia pelos labirínticos desfiladeiros da intimidade celestial. ‘Evolution’ é uma experiência imensamente redentora, obsessiva, explorativa e enlouquecedora que nos dilata a consciência e emudece os sentidos. Percam-se e encontrem-se por entre a morfínica euforia de Expo Seventy, e vivenciem com inquebrável fascinação um dos opiáceos sonoros mais poderosos do presente ano.

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 Essence Music