domingo, 30 de junho de 2013

Cinema de Junho

Scarface (1932) de Howard Hawks e Richard Rosson
White Heat (1949) de Raoul Walsh
*Spartacus: Gods of the Arena (2011) de Steven S. DeKnight
Colorado Territory (1949) de Raoul Walsh
Instrument (2003) de Jem Cohen
Dark City (1998) de Alex Proyas
Samsara (2011) de Ron Fricke
The Italian Job (1969) de Peter Collinson
The Very Eye of Night (1958) de Maya Deren
Meshes of the Afternoon (1943) de Maya Deren
At Land (1944) de Maya Deren
Stoker (2013) de Chan-Wook Park
Deliver Us from Evil (2006) de Amy Berg
Une Histoire de Vent (1988) de Joris Ivens
Reefer Madness (1936) de Louis J. Gasnier
The Plague of the Zombies (1966) de John Gilling
Black Sabbath (1963) de Mario Brava
The Magnificent Ambersons (1942) de Orson Welles


*Série Televisiva 

SonicBlast Moledo 2013


Brant Bjork, Vista Chino


@ Kesler Tran


Elizabeth Tayler


Humphrey Bogart @ 'The Treasure of the Sierra Madre'


Gene Tierney


quinta-feira, 27 de junho de 2013

O novo álbum de Kinski em degustação..


Evangelho da Música


Oh lord, yeah!


Top 10 Crossovers [2013 Playoffs]


PSICOMAGIA, os novos inquilinos da El Paraíso Records


Felipe Arcazas & Vintage Cucumber (2013)


Está oficializado o casamento musical entre o brasileiro Felipe Arcazas e o alemão Johannes Schulz (único responsável pelo projecto “Vintage Cucumber”). E é neste Split que o deserto e o espaço se encontram e trocam galhardetes. A musicalidade de Arcazas continua a ser uma verdadeira homenagem ao Desert Rock mais paisagístico e embriagado. São perfumes lisérgicos que se impregnam na nossa alma e nos fazem sentir levitar pela verticalidade enigmática da leviandade. Preparem-se para o lado mais relaxado e sideral da música. Este brasileiro dá assim continuidade à sua jornada debaixo de sol onde planta a primavera pelo deserto fora e cria novos oásis de prazer. Uma renovada vénia ao Felipe. Já o contributo do germânico Johannes Schulz é igualmente notável. Deixando agora o firmamento de Felipe Arcazas que se desvanece num oceano de refracção solar, é tempo e hora de olharmos o céu com ambição de o navegar. E Vintage Cucumber é a janela aberta que nos impulsiona para o infindável cosmos numa fascinante excursão psíquica ao longo do seu corpo cor de noite. Johannes Schulz oferece-nos uma envolvente viagem à velocidade de cruzeiro onde a beleza impera e o êxtase é o único ar respirável. Deixem-se inebriar pelos anestésicos e reconfortantes ventos que orbitam a sonoridade deste alemão e perder neste perfeito estado de semi-sonolência unicamente arbitrado pela harmonia que a sua música transpira. É o florescer da madrugada nos mais recônditos e sombrios lugares do cosmos. Uma perfeita resplandecência que ilumina todas as estradas entre planetas e galáxias e se estende tão para lá da nossa percepção.   

Este é o cálice da minha mescalina, a mescalina da nova e eterna aliança, que será derramada por vós e por todos para a remissão dos pecados. AMÉN.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Causa Sui - Soledad


Krautrock e o seu hipnotismo


Kolmanskop, a cidade fantasma (deserto da Namíbia)


Cristo do Abismo, Itália


Encomendado!


Harry Callahan, 1984


A igreja sempre tão "bem" representada!


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Blaak Heat Shujaa & Spindrift @ Taberna Belfast

No passado domingo (dia 16 de Junho) fiz a minha terceira incursão (em dois anos) à encantada Taberna Belfast em Santa María del Páramo, León (Espanha). Já a Nádia era estreante nestas andanças. O sol sobrevoava as nossas costas com enorme esplendor, o céu ostentava boa saúde, e no horizonte habitava uma sabida noite notável ao som de Blaak Heat Shujaa e Spindrift. De olhar refastelado no negro alcatrão que nos conduzia ao velho oeste, e de corações a transbordar de ansiedade e expectativa, lá chegámos ao primeiro ponto de paragem obrigatória da nossa rota: a familiar Puebla de Sanabria. Tempo para mais uma cerveja pedida em “portunhol” e uma caminhada revitalizadora junto às margens do rio Tera. O tempo resguardou-se à sombra do esquecimento e foi já com alguma urgência que regressamos à estrada. De mãos cerradas no volante e a Nádia de atenção atracada nos mapas, lá devaneamos pelas estradas incertas que nos levariam (ou não) à desejada La Bañeza, cidade vizinha de Santa María del Páramo. Confissão: sim, nem à terceira vez me poderei vangloriar de ter chegado ao destino sem ter feito uns quantos quilómetros estranhos à rota previamente delineada. Depois de umas quantas inversões de marcha, podíamos, agora, suspirar de alívio porque estávamos novamente no caminho certo. 


De salientar a minha paixão pela estrada que liga Puebla de Sanabria a La Bañeza. Rectas que se desvanecem no efeito refractor do sol, paralelismos extasiantes, ora compostos de imponentes e fartos carvalhos, ora de infinitas planícies onde as cores se abraçam entre si e o sol do fim da tarde se esperneia ao comprido. É o visceral entorpecimento dos sentidos ao longo de quase 70 quilómetros. De vidros abertos e cabelos entrelaçados com o vento lá chegamos a La Bañeza, a cidade da divagação. E, como não poderia deixar de ser, mais tempo e paciência perdidos em busca da tão almejada placa que nos afunilaria até Santa María del Páramo. Essa falta de paciência foi levada de tal forma à exaustão, que foi mesmo necessário o uso de um GPS para nos libertar das consistentes amarras de La Bañeza. Já o sol se debruçava acima das montanhas quando chegámos a Santa Maria del Páramo. 


Foi tempo de calar os nossos estômagos ruidosos com o que de melhor habitava a mala do carro e caminhar até à Taberna Belfast onde pude dar um renovado “hola!” à Eva. Lá ancoramos os nossos cotovelos no balcão e brindamos aquele momento com cerveja Mahou. Estava um contagiante ambiente festivo tanto no interior quanto na esplanada do bar. A noite suspirava brisas quentes e incitava a beber mais cerveja fria. Mal havíamos pedido a segunda cerveja da noite já Blaak Heat Shujaa subiam ao placo e davam inicio aquele que seria um dos melhores concertos da minha vida. Mal podia esperar por ouvir o tremendo “Edge of an Era” tocado ao vivo. Blaak Heat Shujaa superaram as minhas expectativas mais exigentes e arrancaram com um dos concertos mais pujantes que vira até então. São verdadeiros búfalos que dominam os riffs mais selvagens do Rock Psicadélico. A sua sonoridade exige papilas gustativas apuradas e uma capacidade de percepção bastante requintada para a frenética perseguição a estes sons que viajam a velocidades alucinantes e fazem cócegas à compreensão humana. Não precisei de esperar muito até que fosse tocado aquele que é - para mim – o tema do ano “the obscurantist fiend (the beast pt. I)” e me ter proporcionado um dos momentos introspectivos mais prazerosos de que tenho memória. O brilhante “Edge of an era” foi tocado praticamente na sua totalidade e alguns temas do seu disco ancestral também foram revisitados. Thomas Bellier e a sua guitarra são elementos de um só corpo apenas. Um verdadeiro eremita que nos dedilha narrativas embebidas em peiote e sujeita a vivê-las com exaltação. Michael Amster é um autêntico monstro (no sentido positivo da palavra) na bateria. Parece fazer o impossível e a uma velocidade frenética. Nunca a agressividade e a técnica casaram tão bem quanto o fazem nas baquetas de Michael Amster. Foi uma performance verdadeiramente estonteante do inicio ao fim do concerto. Ao volante do baixo estava o Antoine Morel-Vulliez, um dos baixistas que mais me entusiasmou pela sua enorme sensibilidade em dedilhar fragmentos sonoros dos mais hipnóticos e delirantes de sempre. E é esta cuidada exploração do instrumento de quatro cordas que nos deixa de pálpebras cerradas e a viver uma constante experiência espiritual. Trouxe de Espanha este colossal concerto do trio parisiense bem atrelado à memória (e a Nádia também). 


Seguiam-se os cowboys de guitarras no coldre. Depois de os ter visto abrir para Dead Meadow no Porto, este seria o meu segundo duelo com a banda norte-americana. E o meu segundo duelo perdido, diga-se. A música de Spindrift fala a língua do deserto e de quem o cruzou com maestria e bravura. Acredito que as suas melodias são capazes de fazer cair lágrimas nostálgicas a um John Wayne e a um Clint Eastwood. Fossem estes Spindrift naturais do tempo onde o cinema Western cavalgava abundantemente pela sétima área, e o próprio Enio Morricone teria o seu trabalho posto em causa. Estes cowboys agora de guitarras em punho transformaram a Taberna Belfast num autêntico Saloon. A harmonia estava estatelada no sorriso de quem os ouvia. Os pés batiam no soalho em comunhão com as batidas da bateria, o entusiasmo era crescente e toda a plateia foi brindada com as mais belas e apaziguantes narrativas contadas por quem se equilibra acima da albarda. Viajamos todos lado a lado com Spindrift, por entre imponentes Saguaros, tempestades de areia e sob um sol abrasador onde só a sombra da dança circular dos abutres contrastava no solo. Foi um concerto lindíssimo recheado de momentos divertidos proporcionados por estes senhores de texanas e chapéus de aba larga. Foi também um adeus custoso mas necessário. Demos um abraço à Eva, regressámos ao carro e fizemo-nos novamente à estrada soltando um véu de saudade que aumentava de tamanho conforme nos afastávamos da Taberna Belfast.


Certamente que falaremos dessa noite aos nossos filhos. 

Pelo menos, a lembrança fala-me todos os dias dela.  

San Antonio Spurs Vs Miami Heat: a final imprópria para cardíacos


R.I.P. James Gandolfini