segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Review: ⚡ Moons - 'Friday the 13th' EP (2017) ⚡

Da Pensilvânia (EUA) chega-nos o nebuloso EP de estreia da jovem banda Moons. Designado de ‘Friday the 13th’ e lançado – tal como o nome sugere – no passado dia 13 de Outubro (sexta-feira) em formato digital através do seu Bandcamp oficial (disponível para download gratuito), este cativante EP presenteia-nos com a inebriante, hipnótica e intrigante junção entre um lamacento, obscuro, tirânico e desenfreado Psych Doom e um inflamante, arrepiante, robusto e delirante Heavy Blues de feições demoníacas que nos intimida, sombreia e magnetiza. A sua sonoridade intensamente estimulante, soberana e perturbante – inundada de um cáustico efeito fuzz – causa em nós uma poderosa narcose que nos destrava a cabeça temulenta num lento e constante movimento pendular de ombro a ombro. Há algo de verdadeiramente provocante na saturada e demonizada atmosfera de ‘Friday the 13th’ que me fez reverenciá-lo na primeira audição que lhe dedicara. Na composição deste fantástico power-trio está uma guitarra Sabbath’ica de riffs enigmáticos, prepotentes e luciféricos e solos gritantes, viscerais e ecoantes, um baixo monolítico de linhas pulsantes, arrastadas e vibrantes, uma bateria retumbante de explosividade impactante e euforizante, e uma voz límpida, melodiosa e penetrante (a fazer recordar a crueza emotiva do eterno Jason Molina) que contrasta na perfeição com a pesada, tensa e sufocante robustez climatizada pelo instrumental. São 22 minutos governados por uma brumosa ambiência que nos encanta e entorpece do primeiro ao último tema. Enlameiem a vossa alma na psicotrópica viscosidade de Moons e testemunhem a grandeza de um dos mais aliciantes EP’s lançados este ano.

Links:

Jimi Hendix faria hoje 75 anos!

🌊 Hypnos 69 // Duna Jam

Horisont - "Visa Vägen" @ Blue Soul Festival (2010)

Graveyard // Viana do Castelo, Portugal

Sucking the 70's

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Robert Plant | Led Zeppelin

Review: ⚡ Mía Turbia - 'I' EP (2017) ⚡

Da vizinha Espanha chega-nos o EP de estreia da jovem formação Mía Turbia apelidado de ‘I’ e lançado no passado dia 14 de Novembro em formato digital (com download gratuito) através da sua página oficial de Bandcamp. Esta banda enraizada na cidade sulista de Jaén (Andaluzia) desenvolve e ostenta em ‘I’ um alegre, envolvente, comovente e agradável Psych Rock de clima primaveril em encantadora e harmoniosa consonância com um elegante, buliçoso e dançante Prog Rock de ares astrais que nos ambienta, deslumbra e contagia ao longo dos seus 17 minutos distribuídos pelos três temas que o povoam. A sua sonoridade acolhedora, relaxante, prazerosa e sedutora obriga-nos a vivenciá-lo num firme, intenso e radiante estado de ofuscação. Na composição desta estreia promissora está uma guitarra maravilhosa que se estarrece em mélicos, delicados e extasiantes acordes e enleva em vistosos, sumptuosos e alucinantes solos, vocais fogosos, ecoantes e melódicos que se encontram, desencontram e atropelam mutuamente, um baixo dinâmico de linhas pulsantes, coesas e bailantes, e uma bateria de ritmicidade fascinante que tiquetaqueia com apaixonante sensibilidade, leveza e requinte toda a sublimidade de ‘I’. Este é um EP de curta duração que nos obriga a degustá-lo vezes e vezes sem conta, de forma a saciar o ardente desejo que o mesmo em nós germina e nutre. Recostem-se confortavelmente, respirem profunda e lentamente, selem as pálpebras e deixem-se absorver pela inebriante resplandecência difundida por Mía Turbia num dos EP’s mais deliciosos do ano.

🔥 Heavy & Dirty Blues!

Samsara Blues Experiment, 2008

Dead Meadow - "Dusty Nothing" @ Austin Psych Fest (2011)

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Kamali

Review: ⚡ Sombra - 'Visiones' (2017) ⚡

Depois de no verão de 2015 ter sido lançada a fascinante e promissora demo (muito venerada e elogiada aqui), eis que esta estimada formação espanhola batizada de Sombra e sediada na cidade asturiana de Oviedo acaba de apresentar o tão ansiado primeiro álbum apelidado de ‘Visiones’. Gravado no OVNI estúdio e lançado no formato físico de vinil pelo selo discográfico local Discos Furia, este extraordinário registo envolve um quente, hipnótico, místico e atraente Heavy Psych de textura étnica, enevoado e climatizado por um contemplativo, devoto e extasiante Krautrock de ambiência espacial, e conduzido por um deslumbrante, perfumado e serpenteante Prog Rock de raiz setentista que empresta toda uma agradável e impactante vitalidade a ‘Visiones’. A sua sonoridade verdadeiramente sublime, etérea e arrebatadora tem o dom de nos deter, enfeitiçar e enlevar a um estádio mental de plena e radiosa ataraxia. Esta endeusada peregrinação desértica que nos norteia de olhar empedernecido e ancorado no horizonte – acima de sedosas, tórridas e bronzeadas dunas e debaixo de um Sol vigilante, febril e resplandecente – é motivada, nutrida e orientada pela admirável, erótica e exuberante combinação entre uma guitarra exótica que se distingue e envaidece em dançantes, prazerosos, ostentosos e comoventes riffs que desmaiam em brilhantes, luxuosos, insuperáveis e desarmantes solos, uma bateria jazzística de toque refinado, fulgente, ligeiro e delicado que tiquetaqueia todo o disco com base na perícia e emoção, e ainda um baixo deliciosamente reverberante de linhas dinâmicas, viçosas, robustas e pulsantes que diligencia com estarrecedora primazia toda esta caravana nirvânica que nos canaliza a um oásis espiritual. Este é um álbum detentor de uma ambiência apaixonante que nos mantém a ele atrelados do primeiro ao derradeiro tema. Banhem-se e deixem-se absorver pelo mélico, radioso e edénico psicadelismo transpirado de ‘Visiones’ e testemunhem todo o esplendor de um dos mais refinados discos de 2017.

Weedpecker - 'III' ⥈ Teaser

05-Jan-2018 via Stickman Records

sábado, 18 de novembro de 2017

Sleepy Sun - "Sandstorm Woman" (2010)

Great Machine & Tiny Fingers // Looking for Witches

Review: ⚡ Galactic Gulag - 'To the Stars by Hard Ways' (2017) ⚡

Da margem oposta do oceano Atlântico chega-nos um dos discos mais entusiasmantes do ano. ‘To the Stars by Hard Ways’ é o álbum de estreia do quarteto brasileiro Galactic Gulag e vem atestado de um poderoso, sublime e encantador Heavy Psych que nos dispara na vertiginosa direcção das estrelas. Lançado ontem unicamente em formato digital – mas com o real interesse da banda em procurar uma editora com vista ao lançamento do mesmo também em formato de CD e vinil – este ‘To the Stars by Hard Ways’ conquistara-me à primeira audição, provocando em mim um firme e intenso estádio de euforia e fascinação que me governara do primeiro ao derradeiro tema. A sua sonoridade viajante, expressiva e hipnotizante – conduzida tanto pela gélida e inóspita obscuridade cósmica como pela quente e acolhedora resplandecência exalada pelos astros – convida o ouvinte a uma envolvente, prazerosa, redentora e estimulante digressão consciencial pelo espaço sideral, deixando para trás o seu corpo caído, inanimado e despido de lucidez. Toda esta admirável ignição que nos lança para a medula da profundidade e intimidade cósmica é promovida e nutrida por duas guitarras portentosas que se consolidam e avolumam em intrigantes, sombrios e imponentes riffs e se esgotam em solos verdadeiramente vistosos, halucinógenos, delirantes e caóticos que nos golpeiam e embebedam de adrenalina, um baixo sólido, possante, vibrante e corpulento que se arrasta e orienta de forma enérgica, ostentosa e dominadora, e ainda uma bateria explosiva, turbulenta e inflamante que se manifesta em incríveis, atraentes, frenéticas e virtuosas acrobacias capazes de nos incendiar de um absorvente entusiasmo e colocar à prova o nosso equilíbrio mental. De destacar e elogiar ainda o requintado e copioso artwork – a fazer lembrar a distinta arte de Mœbius – superiormente pensado e ilustrado pelo artista brasileiro Will Silva que confere rosto a esta épica e inesquecível odisseia teleguiada pelos Galactic Gulag. ‘To the Stars by Hard Ways’ é um álbum autenticamente marcante – pilotado a destreza, mestria e emoção – que nos satura de arrebatamento e comoção. Vivenciem-no detidamente com total entrega e devoção.