quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Cinema de Setembro

The Raid (2011) de Gareth Evans   ★★★★★
37º2 Le Matin (1986) de Jean-Jacques Beineix   ★★★★
Merchants of Doubt (2014) de Robert Kenner   ★★★★
Rough Night in Jericho (1967) de Arnold Laven   ★★★☆☆
Anvil: The Story of Anvil (2008) de Sacha Gervasi   ★★★★
Blowing Wild (1953) de Hugo Fregonese   ★★★☆☆
Idi i Smotri (1985) de Elem Klimov   ★★★★★
In the Mouth of Madness (1994) de John Carpenter   ★★★☆☆
The Homesman (2014) de Tommy Lee Jones   ★★★☆☆
Poison Ivy (1992) de Katt Shea   ★★☆☆☆
Blood on the Moon (1948) de Robert Wise   ★★★☆☆
Buried (2010) de Rodrigo Cortés   ★★★★
F for Fake (1973) de Orson Welles   ★★★★
Mr. Robot S01 (2015) de Sam Esmail   ★★★★★
End of the Road: How Money Became Worthless (2012) de Tim Delmastro   ★★★★

Badlands - South Dakota - 1970

Spelljammer | "Ancient of Days" (2015)

É justo começar por dizer que Spelljammer é uma das minhas bandas favoritas. No abraço outonal de 2010 era lançado o seu registo de estreia chamado “Inches from the Sun” ao qual dediquei muito do meu tempo a vivenciá-lo com tremenda satisfação. Na madrugada de 2012 nascia aquele que viria a tornar-se um dos grandes discos da minha vida: “Vol II”, representando assim a desejada sequela deste projecto sueco que tão prazerosamente adornava as minhas papilas gustativas. Este segundo disco de Spelljammer foi rodado vezes e vezes sem conta (e recentemente adquirida a sua reedição via RidingEasy Records) sempre sentido como se do primeiro encontro se tratasse. Com a reedição de “Vol II” nascia também a notícia de que viria aí um terceiro registo chamado “Ancient of Days” (também sob os domínios da RidingEasy Records) e apresentando pela primeira vez Spelljammer em formato de power-trio. Dado o meu historial com a banda, o anúncio da chegada de um novo disco (3 anos depois de “Vol II”) fazia dele um dos lançamentos mais aguardados do ano, merecedor das mais sublimes expectativas. E assim correspondeu: “Ancient of Days” é – sem dúvida – um dos grandes discos de 2015. Sustentado por um possante, brumoso e carregado Psych Doom, este disco representa uma das mais marcantes odisseias espirituais que vivenciara. “Ancient of Days” é fascinantemente conduzido por uma guitarra obscura e dominante que se estende com os seus riffs vagarosos e monolíticos, sobrecarregados de THC (tetraidrocanabinol), sombreado por um baixo imensamente altivo, denso, erosivo e tenebroso capaz de originar em nós um constante tremor de incomensurável magnitude, ritmado por uma bateria verdadeiramente galopante que detona uma estonteante euforia na gigante ondulação provocada pelos riffs, e flutuado por uma voz espectral e cavernosa que sobressai no âmago desta intensa e visceral radiação doom’esca. Chego ao final de “Ancient of Days” completamente anestesiado pela sua cativante, pálida e petrificante atmosfera. É um disco para ser testemunhado na penumbra, de rosto caído sobre o peito e olhos fechados para a realidade. Obedeçam à potência psicotrópica exalada por “Ancient of Days” e dispam a vígil consciência. Que disco!

domingo, 27 de setembro de 2015

Dead Sea Apes | "Spectral Domain" (2015)

Conheci Dead Sea Apes em 2010 aquando do lançamento de “Soy Dios”, o seu disco de estreia. A sua sonoridade alucinogénica obtida da sagrada conjugação entre o Psych Rock, o Space Rock e o Drone (com discretas aproximações ao Krautrock) sempre teve em mim um efeito magnetizante, o que me fez seguir a banda ao longo destes 5 anos de existência (até então). Há pouquíssimo tempo esbarrei com o seu mais recente disco apelidado de “Spectral Domain” que me proporcionou uma penetrante hipnose capaz de me amortalhar ao longo dos seus 42 minutos de duração. Os seus riffs depressores convidam-nos a vivenciar um perfeito estado de sono induzido, onde a nossa consciência veleja ao sabor das tranquilizantes ondas que se passeiam pelo anestésico oceano de “Spectral Domain”. A sua ambiência imensamente onírica e profética eleva-nos ao auge da satisfação. Sintam-se afagados pelas narcotizantes incursões de uma guitarra divina, harmoniosa e imaginativa que se esperneia prazerosamente; Testemunhem o perceptível sombreamento de um baixo modorrento e serpenteante que nos encanta com a sua hipnótica dança; Agitem-se ao som de uma bateria tribalista que nos estimula e ajuda a combater toda a pujante radiação lisérgica emanada por “Spectral Domain”. Este é mesmo um dos discos mais morfínicos que rodaram por aqui nos últimos anos. Uma pesada sedação que nos encerra as pálpebras, baixa o semblante de encontro ao peito e faz eclodir a nossa consciência tão para lá do nosso corpo inanimado. Comunguem esta doce paralisia e presenteiem-se com uma das odisseias espirituais mais deslumbrantes da vossa existência.