Hoje desenterrei da memória uma
das minhas bandas favoritas, que me acompanhou nos dias mais invernosos da
adolescência. Falo de Caustic Resin. A sonoridade da banda liderada pelo
(enorme) Brett Nelson sempre me cativou pela sua melancolia suja e a ambiência embriagada. A voz de
Brett Nelson é fundida com a letargia libertada das cordas da sua guitarra, e remete-nos
para os mais lúgubres estados emocionais que a nossa alma conhecera. Esta banda
de cabelos grisalhos e mal cuidados lançou meia dúzia de álbuns e terminou actividade
(?) de forma súbita (a par de Slint). Nunca se passearam pela avenida da fama,
nem andaram lá perto. Caustic Resin foi uma banda para se descobrir na penumbra
do quarto, na solidão de um domingo. Esta banda natural de Boise, Idaho (EUA) trouxe, na sua essência, o degradante
ar de Seattle (refiro-me ao Grunge) na sua forma mais arrastada e anestesiada.
Nenhuma outra voz se adaptaria de forma tão segura a este instrumental tão estéril,
como a voz de Brett Nelson encaixou. Tem a voz mais narcotizada que ouvira até
então (a fazer lembrar Andrew Wood) e é um dos músicos que mais admiro. Cresci com Caustic Resin, e
continuarei a ouvi-los com este entusiasmo, como se os ouvisse pela primeira
vez. Nunca o inverno da alma fora tão compreendido.
E aqui fica um dos temas da minha
vida, para ser ouvido sem distracções:
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