Alemanha, 1977. “Ocean”
é o meu álbum favorito da extensa discografia de Eloy. Ouvi-o pela primeira vez
algures em 2008 e recordo-me de ter ficado completamente hipnotizado pela sua narrativa
musical de dimensão épica. Descendente do Rock Progressivo (com alguma
aproximação ao Space Rock), “Ocean” é detentor de um misticismo que nos fascina
do primeiro ao último tema. Escritas pelo baterista e inteiramente baseadas na
mitologia grega, as letras conduzem-nos pela encantada Atlântida sob o domínio
do soberano Poseidon – o Deus do Mar. O instrumental é bastante rico, com
passagens verdadeiramente magníficas e estarrecedoras. Destaco as atraentes incursões
de um baixo incansavelmente groove’sco que se ostenta de forma prazerosamente extravagante
(“Ocean” tem das linhas de baixo mais estimulantes que me lembro de ouvir), a
nebulosa e sideral atmosfera criada pelo sintetizador que – com as suas
fantásticas e acrobáticas passeatas – nos pulveriza a consciência com matéria
estelar, a dominante voz que capitaneia e humaniza esta epopeia harmoniosa e
lhe confere sentido descritivo, e a bateria funk’eana de soberba orientação
rítmica. A guitarra desempenha um trabalho criativo mais discreto nesta resplandecente
e narcotizante odisseia da qual nem o esquecimento se esquecerá de a lembrar. As
instrucções são simples: recostem-se, cerrem as pálpebras e ouçam “Ocean” sem
distracções.
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