Há muito que me habituara à
ideia de que muito dificilmente os All
Them Witches conseguiriam igualar o feito datado de 2013, aquando da
criação de “Lightning at the Door” (o
seu segundo álbum de estúdio e um dos grandes discos da minha vida). Este disco teve em mim um tremendo impacto do
qual nunca recuperei verdadeiramente (e temo nunca vir a recuperar) fazendo desta
banda uma das mais requisitadas ultimamente e das que mais anseio poder experienciar ao vivo. Numa análise mais
redutora: considero “Lightning at the
Door” um dos discos mais brilhantes e sedutores de sempre e, portanto, uma
obra de muito improvável repetição. Foi então sob a pesada influência desta
premissa que rodei o mais recente álbum deste quarteto natural de Nashville,
Tennessee (EUA): “Dying Surfer meets his Maker” (que será lançado oficialmente dia 30 deste mês pelo selo da New West Records).
E apesar de reconhecer que, a meu ver, não iguala a qualidade do seu
antecessor, “Dying Surfer meets his Maker”
intimidou o preconceito a ele dedicado previamente, desencorajando esta
subestimação e consequentemente estimulando ainda mais toda a minha admiração por
estes quatro músicos. Os três álbuns editados até à data (com maior apreço pelos dois últimos) são a prova irrefutável de que All Them Witches é uma banda tocada
pela inspiração. O seu estilo inconfundível – e de semelhanças improváveis – de
condução da sua música proporciona ao ouvinte uma inenarrável sensação de
desmedido prazer. Da sua enérgica mistura entre o Heavy Blues e o Psych Rock
sobressai a ternurenta sensibilidade exalada pelos solos e os radiantes e
vigorosos riffs que coabitam numa
transcendente, contagiante e imperturbável harmonia. “Dying
Surfer meets his Maker” é um disco de sonoridade bastante atraente que nos
apraz com espontaneidade. Deliciem-se com os admiráveis, luxuriantes e
estarrecedores dedilhados de uma guitarra tanto melancólica quanto bem-disposta,
criadora de atmosferas verdadeiramente fascinantes e siderais. Dancem ao som de
um baixo desassossegado e dinâmico que com as suas pulsantes e acentuadas linhas
se distende prazerosamente pelas serpenteantes estradas rítmicas. Agitem-se com
as incursões acrobáticas e desvairadas de uma bateria que imprime ao riff uma extasiante dose de adrenalina. Sintam
o bafo do deslumbramento ao som de um teclado onírico que acaricia a ambiência
de “Dying Surfer meets his Maker” com
destacada emoção, e apreciem a mélica e agradável voz que tempera na perfeição
todo este rebentamento de êxtase. São 46 minutos de constante deslumbramento
que nos transcende a um perpétuo estado de magnetismo. O ano musical de 2015
testemunha assim o acréscimo de mais um registo ao já populoso lote dos melhores
discos criados nos seus domínios temporais. Para 2016 espero finalmente vê-los
ao vivo naquele que terá tudo para ser um dos grandes concertos de uma vida.
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