Da cidade-capital de Buenos Aires (Argentina) chega-nos a encantadora fragância sonora de Ayermaniana com o lançamento do seu
terceiro álbum designado de ‘El Reflejo’. Depois de no verão de
2017 ter ouvido e consequentemente enaltecido o seu antecessor ‘Flores
Negras’ (review aqui),
foi com uma grande expectativa (inteiramente saciada, devo antecipar) que me
aventurei neste novo trabalho da formação latina. Unicamente lançado em formato
digital através da sua página de Bandcamp
oficial (e com a sempre elogiável possibilidade de download gratuito), este simpático e galante ‘El Reflejo’ abraça um radioso,
donairoso, extasiante e deslumbrante Psych
Rock de aragem veraneia que se entrelaça num dançante, hipnótico, enigmático
e atraente Prog Rock de inspiração
revivalista e ainda num envolvente, aveludado, relaxado e reluzente Krautrock embriagado de um sublime misticismo.
A sua sonoridade orientada a beleza, delicadeza, destreza e uma desarmante majestosidade
tem o dom de nos massajar, adornar e canonizar a alma, estacionando a nossa
espiritualidade num perfeito estádio mental de puro regozijo e fascinação.
Percam-se no exótico jardim de ‘El Reflejo’ e namorem detidamente toda
esta venerável primazia ao conjugado som de uma guitarra reinante e
serpenteante que se envaidece em melosos, afáveis, admiráveis e deliciosos acordes
de irresistível encanto e se enlouquece em delirantes, ácidos, alucinógenos e atordoantes
solos que nos esgrimam e desviam da lucidez, um baixo groovy de linhas pulsantes, fluídas, torneadas e murmurantes, uma
bateria acrobática e jazzística
movida a um magnetizante e estimulante virtuosismo, um saxofone de presença fugidia que se exterioriza e enfatiza com os seus uivantes, penetrantes e bizarros bailados, e ainda uma voz ecoante, aveludada,
cuidada e inebriante que melifica e enfeitiça a quimérica atmosfera desta renovada
obra-prima do colectivo argentino. Sintam-se planar e contemplar as verdejantes, ensolaradas
e suavizantes planícies sonoras de Ayermaniana que se distendem pelo imenso firmamento a perder de vista, e inalem toda a sua mágica e resplendorosa essência. Um álbum integralmente
pensado e executado à minha imagem que estará seguramente perfilado por entre
os melhores álbuns nascidos neste ainda prematuro ano de 2019. Bronzeiem-se na ataráxica
e ofuscante radiância que este ‘El Reflejo’ emana e deixem-se
absorver na sua edénica e religiosa misticidade de propriedades altamente terapêuticas.
Sem comentários:
Enviar um comentário