sábado, 11 de abril de 2020

Review: ⚡ Spatial Moods - 'Nace Un Ciclo' (2020) ⚡

Proveniente da cidade-capital de Lima chega-nos o novo trabalho de longa duração da formação peruana Spatial Moods. Intitulado de ‘Nace Un Ciclo’, gravado entre 2018/2019, e muito recentemente lançado sob a exclusiva forma digital, este seu mais recente álbum vem revestido de um intoxicante, veraneio, sonhador e delirante Psychedelic Rock em parceria com um viajante, alienígena, chamativo e intrigante Space Rock. Ventilada por uma sonoridade excursionista – climatizada a um tropical exotismo e conduzida a um experimentalismo sem fronteiras – esta deleitosa obra serpenteia-se, bronzeia-se e pavoneia-se pelas místicas, deslumbrantes e esfíngicas estradas de um quimérico, tórrido e caleidoscópico psicadelismo lacrimejado e vertido pelas fornalhas estelares. Pautado por um balanceamento que tanto nos passeia e eteriza pelas embriagantes, anestésicas e extasiantes paisagens pinceladas a lisergia e mergulhadas em utopia, como nos afogueia e euforiza com a vociferação de rumorosos, turbulentos e fibrosos tornados rendilhados a endorfinas, ‘Nace Un Ciclo’ é um sensacional álbum de duas aparências e naturezas desiguais. De pés atracados e abarcados pelas douradas, cálidas e aveludadas areias do oceano desértico e cabeça soterrada e empoeirada na tempestuosa nebulosidade cósmica, somos namorados por duas guitarras messiânicas que se entrelaçam na sagrada ascensão de arábicos, dançantes, enfeitiçantes e seráficos Riffs, e deslaçam na sónica libertação de cremosos, ecoantes, flamejantes e venenosos solos, um baixo hipnótico e murmurante de linhas bafejantes, sombreadas, fluídas e palpitantes, uma bateria operante de ritmicidade desembaraçada, e galopante, um adorável teclado de ambiência e fragância onírica, e uma voz suavizante, diamantina e relaxante que sobrevoa e ressoa pelas resplandecentes, paradisíacas e verdejantes planícies de extensão e beleza a perder de vista. O detalhado, colorido e imaginativo artwork que ornamenta esta obra ficara a cargo do ilustrador local Emilio Carranza. Alcanço o final de ‘Nace Un Ciclo’ com as pálpebras pesadas e adormecidas – encobrindo, assim, um olhar inebriado – narinas dilatadas por onde vagueia uma distendida e demorada respiração, e a alma inteiramente fascinada e enternecida pela mágica, edénica e catártica sublimidade que o mesmo encerra. Deixem-se polinizar, prender e maravilhar pela ataráxica melosidade de Spatial Moods, e desaguar num autêntico e terapêutico oásis de propensão sensorial. Não será fácil emergir e despertar deste profundo sonho lúcido que nos irrigara e aureolara a espiritualidade do primeiro ao derradeiro minuto.

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