O fantástico quinteto
escandinavo Mythic Sunship está de regresso com a apresentação do seu novíssimo
trabalho de longa duração ‘Wildfire’, oficialmente lançado hoje
mesmo pela mão da influente discográfica nova-iorquina Tee Pee Records sob
a forma física de CD e vinil. Com mais de uma década de prolífica actividade – de
onde frutificaram oito memoráveis obras (boa parte delas carimbadas pelo adorável
selo dinamarquês El Paraíso Records) – este inventivo e talentoso colectivo
de raízes soterradas na cidade-capital de Copenhaga (Dinamarca) saíra
do estúdio sueco RMV Studio com um dos álbuns por mim mais ansiados de
2021. Com base na receita musical posta em prática desde a sua fundação – que combina
um imersivo, magnético e contemplativo Krautrock de aroma oriental, um colorido,
alucinógeno e delirado Psychedelic Rock de inspiração sessentista,
e ainda um intempestivo, catártico e expressivo Avant-Garde Jazz de
criatividade ilimitada – os Mythic Sunship estreiam mais um novo
capítulo da sua incrível e evolutiva odisseia auto-denominada “Anaconda Rock”.
Num perfeito equilíbrio entre bonanceiras passagens de envolvência edénica,
mística e deslumbrante, e tempestuosos, vibrantes e furiosos ciclones onde
todos os instrumentos se embrulham e amotinam numa louca orgia, a impactante sonoridade
de ‘Wildfire’ é condimentada e flamejada a um exótico, sónico e carnavalesco
experimentalismo sem fronteiras que o espartilhem ou delimitam. De transbordante
fascinação a ele atrelada e sobreaquecidos numa febril combustão, somos
varridos pela sua intensa toxicidade e viajados numa estonteante, acrobática e
electrizante montanha-russa de emoções empoladas e inflamadas. Percam-se e
encontrem-se num brumoso estádio de embriagada euforia à enlouquecedora boleia de
duas guitarras selváticas que esgrimam berrantes, ácidos, agitados e
ziguezagueantes solos, um baixo soberbamente Krauty que, com
as suas linhas onduladas, magnetizantes, dançantes e oleadas, se agarra com
unhas e dentes ao Riff-base, uma bateria incisiva de galope fervoroso, buliçoso
e provocante que tiquetaqueia todo este caos superiormente organizado, e ainda um
esdrúxulo saxofone que vomita serpenteantes, frenéticos, coléricos e trepidantes
choros capazes de nos testar os limites da sanidade mental. O admirável artwork
pincelado e oxigenado a beleza abstracta aponta os seus créditos autorais ao
ilustrador dinamarquês Tobias Holmbeck, e harmoniza-se na perfeição com
a labiríntica, estética e desarrumada musicalidade que o mesmo encerra. ‘Wildfire’
é um álbum lavrado a simbiótica e afrodisíaca improvisação de essência instrumental que nos ensurdece a
lucidez, satura de embriaguez, e embala numa vertiginosa, esvoaçante e
tumultuosa efervescência sem destino previamente traçado. Um registo de aventurosas
composições que nos despistam a capacidade de leitura musical e eternizam num anárquico
bacanal. Sintam-se transcender aos nirvânicos céus, catapultados pelos empolgantes,
polvorosos, sinuosos e triunfantes crescendos deste ‘Wildfire’, e experienciem como puderem todo o esplendor cósmico, místico e irreverente de um
dos mais sérios candidatos a disco do ano.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ Tee Pee Records
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