É justo começar por dizer
que Spelljammer é uma das minhas
bandas favoritas. No abraço outonal de 2010 era lançado o seu registo de
estreia chamado “Inches from the Sun” ao qual dediquei muito do meu tempo a
vivenciá-lo com tremenda satisfação. Na madrugada de 2012 nascia aquele que
viria a tornar-se um dos grandes discos da minha vida: “Vol II”, representando assim
a desejada sequela deste projecto sueco que tão prazerosamente adornava as
minhas papilas gustativas. Este segundo disco de Spelljammer foi rodado vezes e
vezes sem conta (e recentemente adquirida a sua reedição via RidingEasy Records) sempre sentido como
se do primeiro encontro se tratasse. Com a reedição de “Vol II” nascia também a
notícia de que viria aí um terceiro registo chamado “Ancient of Days” (também sob os domínios da RidingEasy Records) e apresentando pela primeira vez Spelljammer em
formato de power-trio. Dado o meu historial
com a banda, o anúncio da chegada de um novo disco (3 anos depois de “Vol II”)
fazia dele um dos lançamentos mais aguardados do ano, merecedor das mais sublimes
expectativas. E assim correspondeu: “Ancient of Days” é – sem dúvida – um dos
grandes discos de 2015. Sustentado por um possante, brumoso e carregado Psych Doom, este disco representa uma
das mais marcantes odisseias espirituais que vivenciara. “Ancient of Days” é fascinantemente
conduzido por uma guitarra obscura e dominante que se estende com os seus riffs vagarosos e monolíticos,
sobrecarregados de THC (tetraidrocanabinol),
sombreado por um baixo imensamente altivo, denso, erosivo e tenebroso capaz de originar
em nós um constante tremor de incomensurável magnitude, ritmado por uma bateria
verdadeiramente galopante que detona uma estonteante euforia na gigante
ondulação provocada pelos riffs, e
flutuado por uma voz espectral e cavernosa que sobressai no âmago desta intensa
e visceral radiação doom’esca. Chego ao final de “Ancient of Days”
completamente anestesiado pela sua cativante, pálida e petrificante atmosfera.
É um disco para ser testemunhado na penumbra, de rosto caído sobre o peito e
olhos fechados para a realidade. Obedeçam à potência psicotrópica exalada por “Ancient
of Days” e dispam a vígil consciência. Que disco!
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