quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Review: 🔥 The Bateleurs - 'A Light in the Darkness' (2025, Discos Macarras) 🔥

★★★★

Depois de em 2022 ter ficado pasmado com o seu triunfante álbum de estreia ‘The Sun in the Tenth House’ (aqui trazido e elogiado), a auspiciosa, encantadora e deveras talentosa banda portuguesa The Bateleurs – domiciliada na cidade de Lisboa – duplica agora o mesmo efeito que há três anos provocara em mim com o descortinar do seu muito aguardado segundo álbum de estúdio intitulado ‘A Light in the Darkness’ e editado pelo selo discográfico espanhol Discos Macarras Records através dos formatos LP, CD e digital. Trajado, maquilhado e perfumado por um luxurioso, majestoso, glamoroso e afrodisíaco Blues Rock de amarelecido, carismático e envelhecido brilho setentista, que caminha airosa, ufana e graciosamente de mãos dadas a um motorizado, tonificado, lubrificado e provocante Hard Rock de válvulas roncantes e tracção clássica, este adorável, irrepreensível e atrevido segundo álbum de Bateleurs é bem demonstrativo do invejável estado de maturação que estes quatro músicos disciplinados alcançaram e conservam nos dias de hoje. De bússola apontada a intemporais referências como Led Zeppelin, Deep Purple, Janis Joplin, Rainbow e Fleetwood Mac, assim como partilhando a nomenclatura genética de bandas da contemporaneidade como Rival Sons, Blues Pills, Siena Root, The Mothercrow, Heavy Feather, The Picturebooks, Wucan e Fuzz Manta, este rutilante ‘A Light in the Darkness’ é um álbum de natureza felina e impacto espectacular que nos persegue, cerca e crava os seus longos e afiados caninos na nossa jugular. Entusiasmante, fogoso, lustroso e apaixonante, climatizado por uma reinante atmosfera analógica que dá cor ao revivalismo e norteado por uma irreverente atitude Rock and Roll, esta peça musical de alta costura, tricotada a elevada formosura, fará, decerto, todos os seus ouvintes morder o anzol e não mais querer largá-lo. De dentes cravados nos lábios, olhos revirados na direcção do prazer carnal, pálpebras rebaixadas, maçãs do rosto coradas, e almas bailadas e afogueadas nas queimantes lavaredas da irresistível tentação, somos farolizados, deslumbrados e extasiados pela apimentada, serpenteante, enleante e assanhada sonoridade de ‘A Light in the Darkness’. Rendidos e embalados nesta galopada de sela saltitante que nos jornadeia entre pomposos, animados e ruidosos saloon’s onde pernas desnudas se cruzam e descruzam perante olhares famintos e bocas salivantes, e caóticos tiroteios de pistolas fumegantes, o silvar de balas esvoaçantes e um forte odor a pólvora, embrulhados em poeirentas névoas, são travados no arenoso coração do deserto debaixo de um Sol impiedoso, vivemos com total entrega cada um dos temas que por nós desfilam ao longo de 47 minutos. Nesta portentosa avalanche de glicose que nos engole sentimos o doce paladar de uma guitarra reptiliana que se meneia em dançantes, torneados, envernizados e excitantes riffs, e incendeia em solos ziguezagueantes, gritantes, vistosos e derrapantes, um baixo vaidoso de bafo quente que se baloiça num groove elástico, enfático e sexy, uma bateria tribalista de ritmos acrobáticos, ardentes, estimulantes e fantasistas, e uma liderante voz – detentora de uma pele melosa, hidratada e melodiosa, bem como de uma poderosa projecção megafónica – capaz de nos enfeitiçar e deixar de queixo tombado. A maravilhosa ilustração que confere rosto a este primoroso trabalho aponta os seus créditos de autor ao habilidoso ilustrador português Vasco Duarte. De destacar ainda a enriquecedora colaboração de alguns músicos convidados que se evidenciam com recurso a uma trovadora flauta de sopros musicados em sotaque irlandês, um carismático órgão Hammond de polposos mugidos, uma rústica slide-guitar de desarmantes uivos e a um garboso violino de cantos sedosos. ‘A Light in the Darkness’ cresce em nós a cada renovada audição. Um álbum emocionante, distinto e imensamente admirável, titular de um charme inigualável, que vem empolar e catapultar os The Bateleurs para uma posição de grande destaque no palco da música Rock nacional. Cinco estrelas bem cintilantes para esta irretocável obra-prima.

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