A chuva acalmou...
As ervas daninhas, que habitam o verde vale, estão de cabisbaixo.
A serenidade local é, então, interrompida. Longos e pesados passos massacram o solo. Arrastando um velho pinheiro consigo, o lenhador constrói caminho (aleatóriamente)... rumo á incerteza. Olhar cansado. Semi-cerrado. Incisivo. Determinado. Já há muito que os seus braços convivem com a força. Na sua retaguarda, aproxima-se um cão. Seu fiel companheiro. Daria a sua crua existência pela defesa do velho lenhador perante qualquer tipo de adversidade. Já há muito que o lenhador o alimenta com ossos encontrados ao longo de todo o vale. A chuva lança mais um forte ataque que, em nada afecta, a marcha inconsciente dos selvagens. Floresta. Densa. Escura. Húmida. As grandes torres que a protegem abordam os invasores. Estão, apenas, de passagem... Vazios de maléficas pretensões, apesar do aparato frio que denota o desfile fúnebre. Em seu redor, habita um sufocante silêncio. Suspeição. Defesa. De "mão no coldre" - espreita a Floresta. Arrastando o seu cadáver. O lenhador pára. Olha o céu. Estranhamente, um abutre circula a floresta, e contempla o lenhador. Cheiro a Morte. Pobre lenhador. Só o medo conseguiu mover aquelas pesadas pálpebras e se curvar perante o altar da vida. O cão, num meticuloso e rápido golpe mortal, julga o lenhador. Castigo acordado. Duros anos de paladar seco. Agora, poderás usufruir de toda essa exposição de Prazer... vasta panóplia de sabores. Ressuscita o teu instinto e sacia toda essa fome no sangue, antes que o húmido solo o afogue. Floresta! A mais lúcida testemunha.
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