Terça, final de tarde.
Com a chuva vem o cinzento. Em pé, atrás da janela indiscreta, observo a rua.
Sobre as minhas costas descansa um silêncio perturbador. Jazz da Etiópia. Aumento o volume.
Sinto-me ser fumado pelo vazio que me rodeia. As árvores dançam ao ritmo do vento. Melancolia bruta. Sombras. As chamas do fogo arrasam a madeira sem piedade. Sacrificio. Está frio. Solto as longas cortinas e abandono o quarto. De olhar convicto e passos direccionais, dirigo-me para a porta de entrada. Abandono a casa. Encolho os ombros e observo toda a rua. Está deserta. De cabisbaixo dirigo-me para o carro. Atiro-me contra o confortável banco e procuro acalmar a instabilidade que me visitara. Serenidade. Entrego a minha alma ao inconsciente, desprovido de qualquer ética. De cabeça desmaiada sobre o volante, fitando a ataraxia. Num gesto brusco, alguém abre a porta do carro e entra. É Ela...
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