Caminhei cautelosamente ao longo do convés em direcção à proa do navio de pesca. A chuva batia com intensidade no meu rosto tenebroso, e o navio oscilava sobre as fortes ondas do oceano. A densa névoa arrastou-se lentamente em direcção ao navio, e envolveu-o completamente. A chuva cessou, e um silêncio lúgubre invadiu aquele pedaço do mundo, trazendo consigo uma quietude sepulcral que se abateu sobre as ondas que suportavam o navio às suas costas. De repente, senti as pesadas botas do capitão descerem as escadas metálicas da ponte de comando e avançando até mim. Parou junto a mim e, sem dizer qualquer palavra, olhou em redor do navio com o olhar cerrado resistindo à forte humidade que caía. Colocou a mão no meu ombro e recolheu à ponte de comando. O navio arrastou-se ao longo da plenitude da névoa, e libertou-se rumo á visibilidade marítima. Após rasgar aquele manto opaco, o capitão pôde observar uma grandiosa costa verde que delimitava de forma imponente o horizonte oceânico.
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