Já é uma paixão quase tão antiga
e remota quanto a era dos dinossauros. Conheci Dinosaur Jr. ainda no âmago da minha adolescência,
e logo passei a ouvir os discos da banda a caminho das aulas e de regresso a
casa. A sonoridade grisalha (que se dissolve nos cabelos de Joseph Mascis) e
suja, que caracteriza esta banda americana, sempre me estimulou. As acrobacias
musculadas do baixo de Lou Barlow, a cavernosa e destemperada voz de J. Mascis
e, principalmente, os gritos orgásmicos que a sua guitarra liberta na atmosfera
sem qualquer receio ou timidez, sempre me fizeram arrepiar. Confesso que só os
solos de Joseph Mascis me fazem chorar. São uma perfeita descarga emocional que
só uma guitarra nas mãos deste eremita consegue soltar. Dinosaur Jr. é uma das
raras bandas que me acompanham desde há tanto tempo, e a sua veia criativa
continua a empalidecer a minha pele de tanta surpresa. É uma banda de pesados
contrastes: ou se adora ou se odeia. Esqueçam a técnica, aqui quem manda é o
sentimento. E nisso, eles são campeões. Não imagino Dinosaur Jr. sem a crua voz
e guitarra delirante de Mascis, sem o arrojado Rickenbacker de Barlow, e uma bateria que se limita a
pautar todo este devaneio irreverente. Ai, como sabe bem viver numa casa
(perfeitamente) desarrumada.
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