Depois do estrondoso concerto que The Machine deram no conceituado festival Up in Smoke vol. III (juntamente com Lonely kamel, Samsara Blues Experiment e My Sleeping Karma) em que estive presente (Munique, Alemanha), não poderia perder a entusiástica oportunidade de ver novamente este trio holandês. E assim foi.
A surpreendente inclusão de The
Wooden Wolf num cartaz todo ele regado de mescalina, causou em mim uma fusão de
pressentimentos contrastados. Se por um lado, voltei as costas ao concerto
deste guitarrista francês na cidade de Vila Real (dois dias antes) porque num
curto espaço de tempo iria vê-lo duas vezes (a questão financeira também pesou,
e muito), quando Alex Keiling começou a dedilhar as primeiras páginas do seu
diário emocional, senti que talvez não fosse aquela a melhor ambiência para receber um
projecto acústico que obriga ao silêncio introspectivo e à profunda calma. The
Wooden Wolf tocou corajosamente perante uma plateia a transbordar de desejo em
ouvir verdadeiras cavalgadas à moda de The Machine e Sungrazer, e isso retirou
(infelizmente) muita da alma que Alex keiling empunhara na ponta dos seus dedos
e cordas vocais. Seja como for, entoei os seus temas para mim mesmo e não
deixei que todo aquele ruído sonoro me prendesse. Curto mas meloso o concerto
deste senhor que não é nada mais que um sincero trovador do que mais atormenta a alma
humana.
Agora sim, os gritos entusiastas da plateia faziam sentido: The Machine
em palco e a minha segunda vez em frente a eles. The Machine foi uma verdadeira
injecção de adrenalina que nos fez descolar rumo a Neptuno. Sou um admirador
confesso do guitarrista David Eering (não consigo deixar de o comparar ao Josh
Homme nos áureos tempos de Kyuss) pelos rebentos de beleza que a sua guitarra
faz florescer na atmosfera sonora. Os seus riffs provocam intensas convulsões delirantes
que nos arrastam para os mais distantes lugares da consciência. The Machine é
um longo espectro que viaja entre o rock psicadélico mais lisérgico e o stoner
rock mais “doomesco” com riffs
capazes de demolir paredes e almas.
Quanto a Sungrazer, a própria banda já se
começa a habituar às minhas feições (vistos pela 3ª vez ao vivo – Cascais,
Sonic Blast e Armazém do Chá). Já me é mecânico acompanhar para mim mesmo as graves
linhas do baixo. Foi mais um belo concerto destes senhores que são selo
Elektrohasch. O último capítulo desta noite memorável começou justamente com um
dos meus temas favoritos (“Sea”) com
a sua passagem hipnótica e viajante “não” aconselhável a quem permanece de
olhos fechados pelo seu músculo tremendamente onírico. Novamente o polegar
levantado a este trio – também – holandês. Antes de voltar as costas ao Armazém
do Chá, tempo ainda para levar o “Solar
Corona” (o meu álbum favorito de The Machine) comigo de regresso às
montanhas familiares.
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